Produção de calçados recua 8,1% no trimestre. Pesquisa também mostra impacto sobre carnes e celulares
O crescimento acelerado das importações afetou principalmente o desempenho da indústria de bens semi e não duráveis em 2010. A categoria cresceu 5,2% - metade da média da indústria (10,5%) e um quarto do desempenho de bens de capitais (20,8%). Calçados, tecidos e roupas estão entre os mais afetados pela concorrência dos produtos asiáticos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os bens duráveis, os fabricantes de eletrodomésticos também foram atingidos.
No último trimestre, quando a desvalorização cambial se acentuou, a categoria de bens semi e não duráveis cresceu apenas 1,6% - a menor taxa do ano. Fabricantes de calçados perderam 8,1% da produção em relação ao mesmo período de 2009. E a indústria têxtil sofreu corte de 8,7%. No mesmo período, toda a indústria cresceu 3,3%, em média.
"É bom lembrar que os bens semi e não duráveis formam a categoria que menos sofreu com a crise, com a base de comparação pouco enfraquecida em relação às demais", afirmou André Luiz Macedo, gerente da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE. Enquanto a industria perdeu 7,4% de toda a produção naquele ano, a categoria teve recuo de apenas 1,5. "Mas podemos dizer, sim, que a concorrência com os importados também afetou esta categoria. E não foram somente os bens duráveis que foram afetados", acrescentou o pesquisador.
A produção de eletrodomésticos recuou 4,3% no último trimestre do ano. Os celulares, com recuo de 13,6%, também sofreram impacto da desvalorização cambial. Neste caso, o dólar barato reduziu em cerca de 20% o volume de exportações do produto, lembrou Macedo. As vendas externas de carne também foram impactadas pela valorização do Real, com queda de 1,9% no abate de bovinos e de 0,7% no de aves.
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