Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Claudio Belli/Valor / Claudio Belli/ValorMichel Sarkis, presidente da holding de marcas de moda Inbrands: "A virada nos resultados não foi algo pontual. A companhia entrou em um novo patamar"

Em um jejum de aquisições que já dura dois anos, a holding de moda Inbrands, controlada pela Vinci Partners, planeja fazer uma capitalização em 2014 para sustentar um novo ciclo de crescimento e compras de novos negócios. Algo entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões em novos recursos está no radar, disse Michel Sarkis, presidente da empresa, ao Valor.

Não está definida ainda a forma que a Inbrands levantará o montante, afirmou o executivo. Poderá ser uma injeção de capital bancada pelos sócios atuais, a entrada de um parceiro estratégico ou uma oferta pública inicial de ações na bolsa (IPO, na sigla em inglês). O plano de ir à bolsa não foi levado adiante em 2011. "A abertura de capital não é uma necessidade imediata, é apenas uma das opções que temos", disse.

Segundo Sarkis, os novos recursos devem dar um fôlego extra à expansão da Inbrands, que conta ainda com seu próprio caixa.

Ao longo deste ano, a companhia veio reduzindo suas perdas e, no terceiro trimestre, finalmente voltou a ter resultados positivos. Entre julho e setembro, a Inbrands reverteu um prejuízo de R$ 14 milhões (de um ano antes) e lucrou R$ 20,6 milhões. A receita líquida da holding subiu 43%, para R$ 260,32 milhões, com avanço de 14% nas vendas das lojas abertas há mais de um ano.

O resultado da empresa é expressivo, principalmente em um ano em que o varejo de vestuário registrou efeitos adversos da desaceleração da economia. Segundo Sarkis, o bom desempenho em receita e rentabilidade operacional é reflexo das melhoras na cadeia de abastecimento e produto. "A virada nos resultados não foi algo pontual. A companhia entrou em um novo patamar", afirmou Sarkis.

Antes dos juros e dos impostos, a Inbrands registrou lucro de R$ 46,2 milhões. Um ano antes, havia tido prejuízo de R$ 1,9 milhão.

A empresa começou a ser formada em 2008, a partir da aquisição da Ellus. Marcas como Richards, Salinas, VR e Alexandre Hercovitch foram compradas desde então, mas o processo de integração das operações - hoje já são 14 marcas - só deve ser concluído no fim deste ano, afirmou Sarkis.

Ex-presidente da Contax, Sarkis assumiu o comando da Inbrands há um ano, no lugar de Bruno Medeiros. De lá para cá, a companhia também mudou a gestão das finanças: Rafael Grisolia, ex-diretor financeiro da Cremer, entrou no lugar de Vitorio Perin Saldanha.

Segundo Sarkis, a equipe de gestão anterior tinha muitas habilidades em fusões e aquisições, mas este não foi o direcionamento recente da Inbrands - que se preocupou em arrumar a casa. "Também foram trazidos reforços para a área comercial e de 'supply chain' [cadeia de suprimentos]", afirmou o executivo, sem citar nomes.

Segundo Sarkis, boa parte da integração das marcas já foi terminada. Um ano atrás, a Inbrands tinha 27 CNPJs e, agora, tem apenas um.

Finalizada a capitalização de 2014, a Inbrands planeja comprar marcas de moda de segmentos onde não atua ainda - algo para a classe C, por exemplo. "Também podemos criar novas marcas ou fazer parcerias estratégicas, como a joint venture com a Tommy Hilfiger", disse.

Durante uma mesa-redonda em evento da consultoria Interbrand ontem, em São Paulo, o executivo disse que a estratégia da Inbrands é potencializar cada uma das suas marcas - que têm públicos diferentes - montando uma sólida estrutura de abastecimento, comercial e de gestão financeira. Tudo isso sem deixar que as grifes percam suas identidades. "Nunca foi nossa ideia passar um rolo compressor nas marcas", afirmou.

Apesar disso, nem todas as grifes compradas assimilaram bem o modelo da Inbrands. Em 2011, a estilista Isabela Capeto rompeu com a companhia e, no fim do ano passado, foi a vez da marca Bintang, de surfwear. Já separada da Inbrands, a Bintang foi comprada pela rede carioca South & Co, com 85 lojas, neste ano.

Entre as marcas da Inbrands, a Alexandre Herchcovitch é a que tem mais ligação com seu criador, afirmou Sarkis. "Ele [Alexandre] funciona muito bem dentro da companhia. Mas se um dia ele não quiser mais, ainda teremos a marca por muito tempo, pois estamos formando gente internamente que conhece o estilo e a identidade [da marca]", disse.

Para Sarkis, algumas grifes sobrevivem bem após o afastamento do criador. Ricardo Ferreira, fundador da Richards, não está mais no dia-a-dia da operação, apenas no conselho da Inbrands, exemplificou o executivo.

Por Marina Falcão |

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