Apenas uma molécula e o poder de oferecer uma fragrância única, uma espécie de amálgama com o DNA do quem usa. Essa é a definição do perfume que não estrela campanhas publicitárias, mas está nos closets de Kate Moss, Elton John e Mario Testino. Quem usa não costuma divulgar, é quase uma sociedade secreta. Trata-se da linha Escentric Molecules, da This Company, desenvolvida pelo perfumista alemão Geza Schoen há seis anos. Basta uma gotinha para obter um aroma único, que se transforma de acordo com a pele. É a tradução contemporânea da máxima "os melhores perfumes estão nos menores frascos".
Luciana Estrellado, diretora de marketing da marca Escentric Molecules no Brasil, diz que o diferencial da linha é a simplicidade de apenas uma nota, quando a maioria dos perfumes tem, pelo menos, cinco em sua composição. "O Molecule 01, unissex, já é considerado um dos cinco perfumes mais sexies do mundo", comenta. Ela lembra que o estilista britânico John Galliano, já confidenciou ao embaixador da linha, o crítico de moda masculina Tim Blanks, que se tornou-se muito assediado desde que passou a usar o perfume.
A combinação da essência pura com a simplicidade da composição que tornam únicos os perfumes da Escentric Molecules também se aplica ao valioso segmento da joalheria. Uma das pioneiras no uso da turmalina paraíba - pedra de cor azul esverdeada com um brilho intenso, descoberta no Brasil, na década de 80 -, a designer Laja Zylberman, proprietária da Sara, explica que as gemas mais perfeitas, em relação ao brilho e à intensidade da cor, não são necessariamente as maiores.
"Achei há cerca de cinco anos uma turmalina paraíba em formato triangular, perfeita, mas pequena. Considerei a pedra tão especial que dei de presente à minha filha, Alessandra Bernstein. É uma espécie de amuleto", conta Laja. A designer ressalta que é muito comum, no Brasil, haver uma valorização de pedras de maior tamanho. Porém, ela lembra que pedras como a que escolheu para a filha, também designer da Sara, podem ter um tamanho reduzido, mas alcançam um grande valor no mercado.
"O quilate da turmalina paraíba varia entre US$ 10 mil e US$ 30 mil. Esse valor oscila de acordo com origem da pedra, o brilho e a qualidade da cor", comenta Laja, que tem se dedicado a estudar a gema.
Pedras como diamantes mexem com as emoções. Na primeira quinzena de novembro, em um leilão em Genebra, o maior diamante do mundo, de 59,6 quilates, batizado de "Pink Dream", foi arrematado pelo talhador de diamantes Isaac Wolf por US$ 83,18 milhões. Muito valioso pelo formato, pela cor e pela pureza, o "Pink Dream" é uma raridade. Porém, mesmo com menos de 0,5% dos quilates do "Pink Dream", a maioria dos solitários, símbolos mundiais dos pedidos de casamento, costuma provocar grande impacto quando a pessoa presenteada abre a diminuta caixinha e encontra o anel com uma pedra menor, mas que também pode ser muito valorizada.
Maxime Tarneaud, country manager da Cartier no Brasil, é um entusiasta da simplicidade. Ele comenta que nem sempre os diamantes mais valiosos são os maiores. "É preciso criar uma cultura sobre a valorização da joia. Uma peça de menor tamanho, como 1,5 quilate, pode apresentar uma pedra mais pura, com excelência na cor, no quilate, no corte e na claridade. Outra questão importante é a procedência. A Cartier, por exemplo, tem muito cuidado em evitar negócios com países em que as condições de trabalho nas minas não sejam adequadas", detalha.
Como na alta costura, a Cartier tem uma linha de joias exclusivas, confeccionadas por uma equipe de 30 pessoas, que produzem em média cem peças únicas por coleção. "A confecção de uma dessas joias pode demorar cerca de 400 horas. Elas não passam por todas as 300 lojas da Cartier no mundo. Assim como essas peças, os diamantes não estão disponíveis em todas as lojas. No Brasil, os solitários começaram a ser vendidos a partir da inauguração da loja instalada no Shopping Cidade Jardim, em julho de 2012".
Mais efêmero, outro objeto de desejo do universo feminino, o chocolate também é mais valioso quando produzido em pequenas quantidades e com maior teor de massa de cacau em sua composição. Com mais de 90% de massa de cacau, o Q Zero, chocolate de excelência da marca brasileira Aquim, conquistou o paladar da Rainha Elizabeth. E ainda está à venda na sofisticada Fortnun & Mason, em Londres, onde realeza inglesa costuma fazer suas compras.
"Quanto maior o percentual da massa de cacau na composição, mais puro e saudável é o chocolate. Com muito leite em sua composição não é chocolate, mas apenas um doce", diz Rodrigo Aquim, gestor de negócios do grupo Aquim, que também atua no segmento de catering.
Rodrigo conta que sua família presenteou a Rainha Elizabeth com uma caixa do Q Zero e ficou surpreso ao receber uma carta assinada pela própria elogiando o sabor do chocolate. "Precisamos mostrar para o mundo que o cacau é originário do Brasil. No Brasil, as fazendas do Sul da Bahia são capazes de produzir os melhores frutos, matéria-prima para exclusivas safras de chocolate", conta.
O Q Zero é o único chocolate da Aquim produzido por safra, que é sempre ímpar. O gestor explica que a fazenda onde é cultivado o cacau usado pela Aquim produz, no caso do Q Zero, em média, 240 quilos por safra. Para os demais chocolates da marca, que variam entre 55% e 85% de massa de cacau, a capacidade de produção da fazenda é de oito toneladas por ano. Esses são produzidos a partir da mistura de diversos blends.
A consultora de imagem Ana Cury costuma ser requisitada por instituições do mercado financeiro em busca de ideias únicas para presentear grupos muito exclusivos de clientes. "Viajo atenta a experiências e peças que possam se transformar em um presente que, pelo caráter inusitado, mesmo as pessoas com grande poder aquisitivo não conseguiriam adquirir", diz.
Recentemente, a consultora idealizou um jogo de varetas, como os que fizeram parte da infância de muitas gerações, em aço escovado, com texturas diferenciadas. "Para completar a experiência diferenciada, desenvolvemos uma caixa muito parecida com as que embalam joias. Todos que receberam o mimo se surpreenderam."
Por Suzana Liskauskas
http://www.valor.com.br/empresas/3352764/basta-uma-gotinha
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI