Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria perde de importado sem ganhar na exportação

O cruzamento dos dados da indústria e da balança comercial brasileira sugere que a produção doméstica está sendo - de novo - mais afetada negativamente pela desaceleração do nível de atividade do que a importação de bens industriais. E além de perder para os importados, a indústria brasileira também não consegue recuperar mercados no exterior. Assim, em boa parte dos setores, o país perde nas duas pontas do comércio internacional. Mas há exceções.

De acordo com os dados do IBGE, a produção industrial do setor de transformação caiu 4% no ano (até agosto em relação a igual período de 2013). Na mesma comparação, a exportação de manufaturados recuou 7,8% em volume, e a de semimanufaturados caiu 0,8%, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) calculados a partir de estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

A agonia da produção doméstica fica evidente nos dados de bens intermediários e também nos números setoriais dentro da indústria. O volume importado de intermediários subiu 1,9% no ano, enquanto a produção nacional recuou 2,6% na mesma comparação.

Setorialmente, a Pesquisa Industrial Mensal-Produção Física do IBGE distribui a indústria de transformação em 25 segmentos, dos quais 23 são comparáveis com a separação que a Funcex faz para a importação de bens. Olhando para os 23 setores, em 11 deles a importação levou vantagem sobre a produção nacional nos primeiros oito meses do ano. Entre esses 11, em 7 a importação subiu enquanto a produção local caiu. São exemplos dessa perda de mercado doméstico a indústria têxtil, de vestuário, móveis, produtos químicos e outros equipamentos de transporte.

Em outros 11 setores, a produção doméstica levou vantagem sobre a importação, mas foi um "ganho" bastante relativo, pois em oito a produção local caiu (ou seja, a vantagem foi cair menos que a importação).

A perda na exportação também afeta a produção doméstica. Em automóveis, a produção doméstica caiu 18,8% de janeiro a agosto em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o volume exportado desse segmento recuou 24% e a importação foi 11% menor. Em produtos têxteis, a produção local encolheu 6,6% e a quantidade exportada caiu 13%. Em móveis, a exportação recuou 4,8% e a produção doméstica encolheu 8,9%.

Entre as exceções, sete setores industriais ampliaram o volume exportado em 2014: bebidas, couros e calçados, celulose, impressão e reprodução de gravações, produtos de madeira, produtos de minerais não metálicos e metalurgia. Desses, contudo, a produção só aumentou em um deles (bebidas). Nos demais, o setor externo impediu uma queda ainda maior na produção industrial doméstica.

A nova rodada de desvalorização do real - motivada em parte pela campanha eleitoral, em parte pelo cenário mundial - pode ajudar a indústria a recuperar parte da competitividade perdida no exterior. Mas como gato escaldado tem medo de água fria, a indústria precisa de muito mais estabilidade no câmbio antes de festejar a nova taxa, ainda que ela tenha "melhorado" quase 10% no último mês.

Sem a perspectiva de contar com o exterior, o setor continuará em compasso de espera no mercado doméstico. Apesar de positiva, a alta de 0,7% na produção geral em agosto, após crescimento igual em julho, não recupera as quatro quedas consecutivas de março a junho. Esse é o quadro da indústria, e agosto não muda a cara do setor.


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