Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria quer taxa zero para importar algodão

A quebra da última safra de algodão uniu a indústria têxtil e os produtores rurais, que estão pedindo em conjunto ao governo a isenção da tarifa de importação de um lote de 75 mil toneladas da pluma enquanto durar a entressafra, já que a oferta disponível está apertada. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) estima que a medida faria o setor economizar de US$ 8 milhões a US$ 9 milhões.

Atualmente, a indústria têxtil paga uma Tarifa Externa Comum (Tec) de 6% para importar o produto. O pedido foi recebido pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) em 23 de dezembro e deverá entrar na pauta da próxima reunião, que ocorrerá ainda neste mês. O Ministério da Agricultura informou que o assunto está em negociação. O Ministério da Fazenda não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento desta edição.

Para a isenção da tarifa, o governo pode incluir a pluma na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (Letec), retirando-a do âmbito de tarifações do Mercosul, e então isentar a importação do produto por um período determinado. A indústria pleiteia que a isenção dure de fevereiro a julho. A colheita da “safrinha” de algodão está programada para começar em junho, mas até que a pluma comece a chegar ao mercado já beneficiada e classificada leva mais ou menos um mês.

A intenção inicial da Abit era pedir uma cota para importação de 100 mil toneladas, mas após negociação com os produtores de algodão, o volume definido foi 75 mil toneladas. “Da última vez, eles pediram uma cota de 150 mil toneladas e importaram só 50 mil toneladas. E, com a notícia da importação, houve redução de preço, o que prejudicou os produtores que ainda tinham estoque”, disse Arlindo Moura, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Atualmente, o Brasil importa algodão principalmente dos Estados Unidos.

A medida é considerada urgente pelas fabricantes de tecidos e vestuários, que devem voltar às compras na próxima semana em um cenário de poucos estoques de algodão no país. Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), realizado em novembro e divulgado em dezembro, o Brasil encerraria 2016 com 232.800 toneladas de algodão armazenadas.

De acordo com o ritmo previsto de produção da indústria, os estoques atuais dão conta de abastecer o consumo até meados de maio. Segundo o mercado, o grosso desse volume está nas mãos das tradings, com as quais as tecelagens mantêm contratos. “Para as indústrias não há capital de giro suficiente para grandes estoques. Elas fizeram contrato com tradings”, afirmou Fernando Pimentel, presidente da Abit. Representante dos produtores rurais, Moura avalia que ainda há estoques de algodão para atender a demanda de janeiro, “mas de fevereiro em diante haverá alguma dificuldade”.

Em 2016, diante da deterioração do poder de compra dos brasileiros, a produção de têxteis e vestuários recuou cerca de 5%, para 1.7 milhão de toneladas, o que limitou as importações da pluma a apenas 30 mil toneladas, segundo a Abit. Para este ano, a associação espera uma recuperação marginal da atividade, entre 1% e 2%, o que deve garantir ao menos estabilidade do consumo doméstico de algodão, senão um leve crescimento, disse Pimentel.

Segundo ele, caso o governo não aprove a cota de importação com isenção de imposto, a indústria trocará o que for possível de seu uso de algodão por fibras sintéticas, como o poliéster. “Mas a substituição tem limites. Tem produtos que não migram. Mas o que normalmente ocorre é que, se não há algodão, as fábricas vão reduzir produção, o que reduz emprego, imposto, etc.”.

A restrição da oferta interna de algodão decorre da forte quebra de produção da safra 2015/16. Os problemas da temporada começaram no momento de plantio, que teve de ser adiado porque ocorreram chuvas que impossibilitaram os trabalhos em campo. Depois, com as plantas na época de desenvolvimento vegetativo, as lavouras ficaram sem a necessária umidade, e só voltaram a receber chuvas na época da colheita – justamente quando o tempo deveria estar firme para permitir o avanço das colheitadeiras em campo.

Segundo a Conab, a colheita no país ficou em 1.288 milhão de toneladas, 17,5% a menos do que na temporada anterior, devido principalmente à redução da produtividade na Bahia. A concorrência pelo algodão nacional já fez com que os preços da pluma disparassem no mercado interno. Desde que a colheita da safra 2015/16 se encerrou, no fim de setembro, o indicador Cepea/Esalq para o algodão, com pagamento em oito dias, já acumulou valorização de aproximadamente 9%. Ontem, o indicador ficou em R$ 2,7699 a libra-peso, 23% acima do registrado no mesmo período de 2016.

FONTE: VALOR

 
 

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