Para garantir competitividade a médio e longo prazo, a indústria têxtil e de confecção do Paraná deve apostar em qualificação de mão-de-obra, inovação, modernização
do parque fabril, fortalecimento da Marca Paraná e no reforço da união entre toda a cadeia produtiva.
Essas são algumas das conclusões do relatório final da reunião de planejamento estratégico
do setor, realizada em agosto, em Curitiba, e que contou com a participação de mais de 70 empresários
e representantes de instituições paranaenses ligadas ao segmento. O documento foi validado em setembro, na última
reunião do Conselho Setorial da Indústria do Vestuário da Federação das Indústrias
do Estado do Paraná (Fiep), órgão que promoveu o encontro e vai acompanhar a execução das
ações prioritárias para que o setor garanta crescimento.
O planejamento estratégico foi discutido em dois dias de reuniões, em que participaram representantes dos
11 sindicatos industriais que compõem o Conselho Setorial da
Fiep, além de integrantes das governanças
dos sete arranjos produtivos locais de vestuário implantados
no Estado. Participaram também técnicos
do Senai e do Sebrae Paraná, fornecedores de
matérias-primas, professores de escolas de estilismo e moda, estilistas
e entidades representativas.
Atualmente, o setor têxtil e do vestuário é o segundo que mais emprega na indústria paranaense,
sendo responsável por cerca de 15% das vagas. No total, são
5,5 mil empresas em atividade, que respondem por
2,6% do PIB industrial do Estado e geram cerca de 95 mil
postos de trabalho. As reuniões para traçar ações
conjuntas de longo prazo para alavancar o setor começaram a
ser realizadas em 1998, quando empresários das regiões
Norte e Noroeste, que concentram 61% do total de indústrias
do vestuário do Estado, uniram-se em busca de estratégias
conjuntas. Nas reuniões seguintes, o planejamento passou a
abranger todo o Paraná.
Para garantir competitividade no futuro, os empresários consideram fundamental traçar estratégias
de médio e longo prazo que estruturem a indústria paranaense
para que possa continuar crescendo e gerando desenvolvimento.
Por isso, levando em conta ameaças e oportunidades que se
apresentam ao setor, durante as reuniões de agosto
foram traçados 15 objetivos estratégicos que precisam servir
de guia para suas ações nos próximos
anos.
Um dos principais diz respeito ao desenvolvimento de um programa de valorização e qualificação dos trabalhadores do setor. "A qualificação de mão-de-obra para o chão de fábrica é
uma questão emergencial", afirma o coordenador do Conselho Setorial da Fiep, Marcos Koslovski, que também é
presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Vestuário do Paraná (Sivepar), com sede em Londrina.
Estimativas apontam que, atualmente, só no Paraná faltam mais de 20 mil profissionais para operarem máquinas
de costura na indústria do vestuário. A criação de um programa de capacitação continuada
para lideranças empresariais também foi apontada no planejamento estratégico como mais uma prioridade.
Inovação - Outro ponto em que o setor deve investir, segundo o relatório, é na integração de uma rede de competências em pesquisa, desenvolvimento e inovação. A intenção
é identificar pessoas e instituições brasileiras que desenvolvem pesquisas para a indústria de
confecção, além de investir em laboratórios no Estado e na criação de relações
com centros internacionais de P&D&I.
Implantar a cultura da inovação nas empresas é um passo para que o setor torne sua produção
sustentável, adequando-se à tendência de mudança da cultura
dos consumidores, que devem se tornar
cada vez mais preocupados com os aspectos sócio-ambientais
no momento de realizar uma compra. Para isso, o planejamento
estratégico define como um de seus objetivos desenvolver
mecanismos de avaliação dos impactos socioeconômicos
e ambientais do setor, criando, por exemplo, um banco de
dados sobre o ciclo de vida dos produtos. Outra meta é sensibilizar
o setor sobre a importância da certificação da produção, com
a implantação
de selos de qualidade e de gestão ambiental.
Em paralelo a isso, o relatório coloca como mais uma necessidade o estímulo a investimentos em modernização e equipamento das indústrias. Criar uma rede de inteligência competitiva e de mercado e capacitar as empresas para que sigam normas e regulamentações técnicas são outros objetivos.
Para os representantes da indústria do vestuário, os avanços na produção e nos processos das empresas devem vir aliados a uma campanha de fortalecimento da Marca Paraná, com estratégias de marketing
e comunicação que ressaltem a qualidade dos artigos do Estado. Deve-se, também, fortalecer as ações
cooperativas e o associativismo, atraindo mais empresários para as entidades de representação do setor
e unindo toda a cadeia produtiva em torno de objetivos comuns.
Para Marcos Koslovski, a forte mobilização em torno do planejamento estratégico será fundamental para os rumos da indústria do vestuário paranaense nos próximos anos. "Esse debate nos dá uma
visão dos anseios do segmento e mostra a união do setor com a apresentação em conjunto das suas
principais propostas e necessidades", conclui o coordenador.
Cenários apontam ameaças e oportunidades
Além de apontar os caminhos que devem ser trilhados pela indústria têxtil e do vestuário do Paraná, o planejamento estratégico coordenado pelo Conselho Setorial da Indústria do Vestuário
da Fiep traça ainda alguns cenários, que levam em conta diferentes variáveis para mostrar oportunidades
e ameaças que o segmento terá no futuro.
Entre os riscos, destaca-se a forte concorrência com produtos chineses a que a indústria brasileira está
exposta. Entre 2002 e 2007, a China teve um crescimento de
144% em suas vendas de artigos têxteis e de confecção
para outros países, alcançando a soma de US$ 173,1 bilhões
ao ano. O resultado fez com que o país
asiático dominasse quase 30% das vendas mundiais, afetando o
Brasil e outros grandes mercados, como o dos Estados Unidos.
Além disso, a China teve um salto de qualidade em sua
produção. Além de dominar setores de menor
valor agregado e de consumo de massa, passou também a
investir em produtos mais sofisticados, consumidos pela classe
média norte-americana e européia.
Para enfrentar essa concorrência, que além de afetar as exportações brasileiras também influencia no mercado interno, a receita apontada pelo planejamento estratégico é justamente o investimento em criatividade, inovação e desenvolvimento de processos produtivos mais eficientes.
Mais otimistas, outros cenários apontam oportunidades e nichos de mercado que podem ser aproveitados pela indústria do vestuário paranaense. Um deles mostra que as tendências de mobilidade social e de melhor distribuição
de renda registradas nos últimos anos, com milhões de pessoas sendo incorporadas à classe média,
devem representar em um crescimento de 30% no mercado do vestuário do Brasil até 2014.
O planejamento estratégico aponta também o comércio eletrônico - modalidade de negócios que deve ter um incremento de 30% ao ano na próxima década - como uma boa alternativa para a indústria
do vestuário. A inserção do setor nas vendas pela internet deve ser facilitada pelo trabalho de padronização
de tamanhos e medidas das peças de vestuário brasileiras, que está sendo feito atualmente pelo Inmetro.
Com uma etiquetagem coerente, as empresas do setor terão mais facilidade e segurança para comercializar seus
produtos pela rede.
Fonte; Observatório da Industria FIEP - Pr.
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