Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Indústria nacional busca apoio do governo na luta contra importados

Fonte:|jbonline.terra.com.br|

RIO - A economia brasileira pode ter engrenado a primeira marcha da recuperação pós-crise internacional, mas isso não quer dizer que os obstáculos no caminho possam ser desprezados. A melhora do panorama econômico e a valorização do real frente ao dólar ameaçam a indústria brasileira com uma nova onda de importações. Preocupados com o movimento, sobretudo de produtos asiáticos, representantes das indústrias têxtil, calçadista, de eletroeletônicos e de máquinas pediram ao governo medidas contra o que chamam de invasão.

Além da recente taxação de sapatos e pneus chineses, outros ramos se preparam para reduzir os impactos vindos do Oriente. Para estimular a competitividade dos respectivos setores, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) negociam com o governo medidas de incentivo de investimentos, programas de ampliação da exportação e redução dos custos de produção.

E também defendem a necessidade de elevação da cotação do dólar frente ao real, uma vez que a combinação do câmbio livre com taxas de juros altas estimula a entrada de capital especulativo e derruba as vendas externas do país. O efeito da valorização cambial do real no mercado interno é mais evidente em grupos do varejo que apresentam parcelas de importados, componentes trazidos de fora ou que têm os preços mais fortemente influenciados pelo mercado internacional, explicam especialistas.

A atividade de móveis e eletrodomésticos registrou o primeiro aumento positivo no volume de vendas internas em seis meses, 1,9% em julho, na comparação com junho. Mas a melhora veio com empurrão das importações de eletroeletrônicos, de 11,4% no mesmo período, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Em linha com a solicitação dos outros setores, o presidente da Abinee, Humberto Barbato, ressalta que, para ser competitivo, o Brasil precisa rever a política cambial para minimizar a importação indiscriminada de produtos acabados.

– Os países asiáticos são os que mais exportam para o Brasil e é difícil competir com eles, pois as condições econômicas, de empregos e necessidades, facilitam que os preços finais de seus artigos sejam bem abaixo dos apresentados pelos brasileiros – alerta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho.

Segundo Diniz Filho, que também preside a companhia de fiação e tecidos Cedro e Cachoeira, a indústria têxtil e de confecção brasileira emprega hoje 1,65 milhão de pessoas diretamente e 8 milhões direta e indiretamente. Para o executivo, é preciso que o país invista na sustentabilidade.

– Não podemos aceitar que a política desleal e predatória de preços aplicada por países da Ásia continuem atrapalhando nossos negócios internos – acrescenta.

Governo taxa compras externas

Uma conquista importante para dos setores mais abalados pela concorrência desleal dos importados, o de calçados, foi alcançada no início deste mês, quando o Brasil passou a taxar as importações de calçados da China em US$ 12,47 por par, a partir de solicitação da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A medida abre um precedente para outros setores prejudicados, enquanto o próprio segmento de calçados ainda espera maior rigidez.

– Nós iremos continuar atuando para a aplicação de um valor maior, de US$ 18,44 o par – ressaltou o presidente da Abicalçados, Milton Cardoso na ocasião do anúncio da medida do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. – Foram 42 mil desempregados no último trimestre de 2008. Queremos recuperá-los e ainda aumentar a oferta de trabalho.

Por outro lado

Segundo cálculos da consultoria Tendências, baseados no índice de preços de importados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), no acumulado do ano, os preços de bens duráveis importados tiveram queda de 4,5% em dólar, que representa uma retração de 22,9% quando convertida em reais.

Uma dos argumentos dos que defendem a livre concorrência está na comparação de preços dos produtos fabricados no Brasil e os made in China. O comportamento dos preços da indústria nacional de têxteis e calçados continuam estão acima inflação, reforçados pelas novidades da coleção primavera-verão. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 4,5%, enquanto a variação do grupo vestuário foi de 7,6%.Neste ponto, os produtos brasileiros saem em desvantagem.

Os empregos que deixam de existir no Brasil não são considerados pelos consumidores, nem há algum tipo de campanha para tanto, como acontece em outros países vizinhos, como a Argentina.

Consumidor não se “importa”

Os brasileiros não se preocupam com a procedência dos produtos que compram, a julgar pelos milhares de clientes que lotam diariamente as ruelas da Sociedade dos Amigos das Adjacências da Rua da Alfândega (Saara). Basta uma passada no maior centro comercial popular do Rio de Janeiro para notar a grande procura por preços baixos e a total falta de interesse pela origem dos produtos.

Andressa Liebemann, de 21 anos, confessa que até deveria pensar sobre o assunto, mas quando encontra algo que quer, por um valor abaixo do habitual, não se importa que seja estrangeiro.

– Pode ter vindo da África, da China que eu não estou nem aí. O que eu gosto, pego e levo – afirmou a estudante.

Outros até se preocupam, mas continuam em busca do preço menor. É o caso de Laelson das Virgens, motorista particular, que acredita que se houvesse maior preocupação com o assunto, o país poderia estar em melhor situação.

– Seria bom se todos se conscientizassem e comprassem mais produtos brasileiros, pois fortalece a indústria interna e gera empregos. Mas com certeza o que mais atrai na hora de fazer compras são os preços – diz das Virgens.

Adelziro Ferreira de Oliveira, que no momento está afastado do trabalho, se diz mais atento à qualidade do que vai comprar.

– Posso até pagar mais caro, mas gosto de sentir segurança de que estou comprando um artigo que vai funcionar. Quanto à procedência, acho que é o governo que deve se preocupar, arrumando uma forma de fazer com que o país ofereça bons produtos com preços viáveis – pondera Adelziro.

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