Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Inflação, preços agrícolas e estimativa de safra devem aliviar pressão no IPC!

ECONOMIA & FINANÇAS


A revisão para cima das expectativas da safra brasileira de grãos na safra 2010/11, favorecida pela melhora das condições climáticas e consequentemente da produtividade, acabou por limitar a probabilidade de uma nova rodada de alta dos preços agrícolas nos próximos meses. A produção nacional de grãos no 6º levantamento da safra 2010/11 foi estimada em 154,2 milhões de toneladas, mostrando avanço de 3,4% comparado à safra anterior, o que representou novo recorde de safra, conforme divulgado ontem no pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).


Em relação ao levantamento do mês anterior, a estimativa da produção foi revista para cima em 1,14 milhão de toneladas, por conta dos ganhos de produtividade nas culturas de arroz, milho (primeira e segunda safras) e soja.

Apesar dos bons resultados na maior parte do País, a região Sul continua prejudicada pelos impactos negativos do fenômeno climático La Niña, e deverá apresentar recuo de 8% da produtividade de milho (1ª e 2ª safras) em relação à safra anterior e retração de 5,7% da produtividade de soja. Paralelamente, tendo em vista a proximidade do final da safra 2010/11, com a colheita da América do Sul se encerrando, as últimas estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) – divulgadas ontem – não trouxeram muitas novidades e reforçaram o cenário internacional ainda apertado para os principais grãos, considerando os baixos estoques decorrentes das perdas das safras registradas desde meados do ano passado.


De maneira especial, destacam-se os estoques finais das principais commodities agrícolas, que foram revisados levemente para cima em relação à última estimativa, conhecida em fevereiro, por razões distintas: (i) a safra de trigo se mostrou superior enquanto houve um ajuste para baixo da demanda; (ii) no caso do milho, tanto a produção como a demanda foram revisados para baixo; (iii) a estimativa da produção de soja subiu e a demanda mostrou leve recuo.


Em suma, enquanto a demanda de trigo, milho e soja crescerão respectivamente 1,6%, 2,4% e 7,6%, a oferta mostrará variações menos pronunciadas, com queda de 5,1% e 0,7% nas safras de trigo e soja, nesta ordem e pequeno crescimento de 0,2% na produção de milho. Por outro lado, os estoques finais de algodão apresentaram discreta queda, mesmo considerando as projeções de expansão da oferta em 13,4% e de recuo de 1,6% da demanda, reforçando o cenário pressionado para os preços de algodão decorrente dos estoques extremamente baixos do produto. Para os próximos meses, as informações decisivas virão das perspectivas para a safra do hemisfério norte, especialmente dos EUA, que poderão apontar uma recuperação da oferta que, na nossa visão, entretanto, não será suficiente para levar a uma queda dos preços desses produtos agrícolas.


Assim, por ora, este cenário apresentado tanto pelo USDA como pela Conab limitam revisões altistas para os preços, dado o cenário menos negativo que vem se traçando para a oferta, sujeito, contudo, a muitas incertezas. Por outro lado, mesmo que pressões adicionais de preços de alimentos possam ser limitadas pelas melhores perspectivas para as próximas safras, as recentes pressões ainda deverão ser incorporadas no curto prazo aos índices de preço, como mostra o Índice de Commodities Brasil (IC-Br), divulgado ontem pelo Banco Central. O índice apresentou alta de 4,73% entre janeiro e fevereiro, tendo sido impulsionado pelo componente de commodities agropecuárias (7,03%), enquanto o índice de commodities metálicas avançou 4,51% e o componente de energéticas recuou 1,34% na margem em fevereiro. No acumulado em 12 meses, o índice total ainda avança em ritmo elevado, de 38,8%.


Assim, deveremos observar algum alívio expressivo na inflação ao consumidor por conta de alimentação, especialmente no Brasil, a partir do segundo semestre deste ano.


A primeira prévia do IGP-M de março mostrou alta de 0,48% - ficando aquém das expectativas (0,63%) – mostrando importante desaceleração em relação à leitura de fevereiro (0,66%). Destaque para a descompressão dos preços ao produtor agrícola e industrial. O IPA agrícola (0,86%) surpreendeu positivamente, mostrando desaceleração importante de milho, algodão e queda intensa de soja. Por outro lado, os preços de carnes bovinas, leite e ovos voltaram a acelerar. O IPA industrial (0,45%), por sua vez, refletiu a dissipação dos efeitos do reajuste de minério de ferro, além da desaceleração de produtos têxteis e de vestuário. No sentido contrário, metalurgia básica e veículos registraram acelerações importantes em relação ao observado na primeira prévia de fevereiro. No varejo, o IPC apresentou alta de 0,35%, abaixo do reportado no mês anterior, refletindo a saída dos reajustes de início de ano do índice. Por fim, o INCC registrou alta de 0,23%, com a componente mão-de-obra apresentando variação nula no mês. Os próximos resultados dos IGPs ainda deverão mostrar resultados mais elevados do que os observados no indicador divulgado hoje, isso porque esperamos resultados mais elevados para os preços no atacado, principalmente do lado agrícola.


O IPC-FIPE referente à primeira semana de março apresentou alta de 0,44% - praticamente em linha com nossas projeções (0,46%) e abaixo do esperado pelo mercado (0,53%) – desacelerando em relação ao reportado no encerramento de fevereiro (0,60%). Nessa divulgação destaque para a nova descompressão de alimentos, que ampliou a queda para -0,39%, movimento que esperamos que perca força ao longo do mês. Além disso, o grupo transportes também contribuiu para um resultado mais ameno, ao variar 0,89%, refletindo dissipação de reajustes de transportes coletivos, movimento que ainda deve continuar nas próximas semanas. Dos sete grupos que compõem o índice apenas vestuário acelerou, saindo do campo negativo para alta de 0,16%.
Com a retomada dos preços de alimentos, que deve acontecer nas próximas semanas, a desaceleração do índice deve apresentar algum limite de baixa.


As bolsas internacionais devem operar no campo negativo e o dólar ganhar valor frente às demais moedas, seguindo a tendência dos últimos dias, movimento que é intensificado pela ocorrência do terremoto no Japão nesta madrugada. Estes movimentos devem se estender para o mercado doméstico, fazendo com que a bolsa brasileira registre mais um dia de queda e o real se deprecie frente ao dólar.

 

FONTE:
*Thiago Flores é Administrador – EAESP-FGV, Mestre em Economia de Negócios – EESP – FGV, Mestre em Finanças – IBMEC/INSPER –SP, Consultor de empresas e CFO à FF Consult ®

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