Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Inovação, ESG e propósito: Dilma Campos propõe novo modelo de negócios no IT Forum Trancoso 2025

Para a CEO da Nossa Praia, o futuro exige regeneração, impacto e liderança com consciência ambiental.

Dilma Campos, CEO da Nossa Praia e CSO da B&Partners.co no IT Forum Trancoso 2025. Imagem: PlayP Brasil

Dilma Campos, CEO da Nossa Praia e CSO da B&Partners.co, propõe uma inflexão no pensamento estratégico de negócios ao inaugurar o segundo dia de conteúdo do IT Forum Trancoso 2025. Em vez de priorizar apenas o ROI (Return on Investment), ela sugere que empresas passem a medir o RoF (Return on Future), conceito que une resultado econômico a impacto ambiental e social de longo prazo.

“O retorno sobre o investimento continua importante, mas precisa andar junto com o retorno sobre o futuro. O que estamos deixando para o mundo ao criar um produto, lançar uma campanha ou investir em tecnologia?”, questiona.

Propósito como métrica estratégica

Campos afirma que não se trata de trocar métricas financeiras por valores abstratos, mas de expandir a noção de performance. Em sua visão, o propósito de valor deve substituir a lógica da proposta de valor tradicional. A inovação, portanto, só se sustenta se estiver ancorada em três frentes: regeneração ambiental, justiça social e relevância cultural.

“O futuro dos negócios está menos em vender mais e mais em entregar algo que devolve valor à sociedade, e que se sustenta mesmo em cenários de alta complexidade climática, social e regulatória”, diz.

Ela propõe um novo modelo de negócios: o Business Model Regeneration, uma releitura do Canvas tradicional, que considera não apenas clientes e mercado, mas todos os stakeholders afetados direta ou indiretamente pelas decisões de uma organização, inclusive aqueles que criticam a marca nas redes sociais sem nunca terem consumido seus produtos.

Inovação precisa regenerar

A executiva defende que não há mais inovação possível sem regeneração. Para ela, é insuficiente falar em inteligência artificial, transformação digital ou automação sem contabilizar os efeitos colaterais — como o aumento da emissão de carbono, o uso intensivo de recursos hídricos ou o impacto invisível da cadeia de fornecimento (escopo 3).

“A transição verde não é apenas uma pauta do ambientalismo: é um imperativo de mercado. Quem não integrar critérios ESG aos seus processos criativos e tecnológicos ficará fora do jogo global”, afirma.

As lições que Dilma extrai dos cases apresentados, de gigantes como Microsoft, Renault e Pedigree, não são sobre tecnologia, mas sobre intenção. O ponto comum entre eles, segundo ela, é a capacidade de transformar um problema estrutural em uma nova métrica de valor. Seja democratizando alfabetos, reorganizando cadeias logísticas ou integrando adoção de animais à publicidade programática, os exemplos apontam que a regeneração pode ser um modelo de negócio, não apenas um discurso institucional.

Valor extraordinário e legado

Dilma sustenta que as empresas precisam buscar o que chama de valor extraordinário: uma entrega que vai além da eficiência operacional e da rentabilidade imediata, e que se conecta a mudanças reais no entorno.

Esse valor extraordinário, explica, deve ser construído com base em dados, cultura e coragem para reposicionar estratégias diante da urgência climática e da exigência social crescente. “O mercado financeiro já deu o recado. Os consumidores já mudaram. Só falta parte do setor produtivo entender que legado também é desempenho”, afirma.

Ela destaca que as marcas do futuro não serão apenas aquelas que lideram em market share, mas as que entregam sentido, promovem equidade e constroem pertencimento com seus públicos.

Liderança como agente de transição

A fala de Dilma também convida lideranças a se reconhecerem como agentes de transição. Isso implica entender que habilidades técnicas já não são suficientes: é preciso desenvolver competências verdes, como conhecimento em políticas climáticas, gestão da transição energética e engajamento com comunidades.

A executiva relaciona essa nova agenda à aceleração de riscos identificados pelo Fórum Econômico Mundial, que elenca quatro ameaças ambientais entre os cinco maiores riscos globais da próxima década. “Diversas problemáticas vão ceder espaço a algo mais concreto: a crise ambiental. Não é mais possível dissociar estratégia de sustentabilidade”, diz.

Pamela Sousa

Pamela Sousa é repórter no IT Forum, graduada em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Com mais de três anos de experiência na produção de conteúdo, especializa-se na cobertura de tecnologia, inteligência artificial e inovação, desenvolvendo reportagens aprofundadas e artigos analíticos sobre o impacto dessas tecnologias nos negócios e na sociedade.

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