Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Insumos somam 73,5% da importação têxtil segundo pesquisa da Associação Brasileira do Varejo Têxtil

São paulo - As importações do setor têxtil ainda são alavancadas pela indústria e menos pelo setor varejista e não há uma "invasão chinesa" no mercado brasileiro. As informações estão a pesquisa divulgada pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex).

De acordo com o presidente da entidade, Sylvio Mandel, os itens como fibras e filamentos que abastecem as confecções representam 73,5% do total importado em 2010, enquanto as roupas prontas para venda representam 26,5% das compras exteriores.

"Há uma ideia errada de que o Brasil compra roupas chinesas ou de outras partes do mundo. As indústrias compram as matérias-primas para a fabricação, não os confeccionados. E compramos, pois não há produção nacional dos produtos, não há matéria-prima, temos capacidade de produzir, basta investimentos no setor e incentivos do governo", alerta.

Ainda de acordo com a pesquisa, a imposição de barreiras tarifárias ou elevação do imposto de importação para os produtos comercializados iria prejudicar o setor e não auxiliar no desenvolvimento e proteção do mercado interno. "As tentativas de proteger a indústria nacional com medidas tributárias não irão ajudar o setor, pelo contrário, essas medidas podem desequilibrar gravemente a cadeia têxtil do País, pois a indústria está recorrendo às importações para sobreviver", frisa.

Outro destaque dado por Mandel é de que empresas compram confeccionados e os nacionalizam mudando etiquetas e alguns pequenos detalhes. "Não temos os dados referentes aos produtos que são comprados e nacionalizados, podemos dizer, contudo, que no varejo atualmente temos 85% de produtos nacionais e 15% de produtos importados sendo vendidos no comércio doméstico. Desses produtos nacionais, sabemos que grande parte foi nacionalizado e na realidade é produzido fora do País", declarou durante coletiva de imprensa.

A pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) aponta que as importações do setor têxtil cresceram 4,5 pontos percentuais o ano passado frente a 2009. "Frente a 2008, quando o mercado internacional não estava em crise, podemos ver um crescimento menor de apenas 3,6 pp. Já os artigos de vestuário cresceram 1,5 pp. em 2010 frente a 2009 e 2,2 pp. frente a 2008", aponta o relatório.

"Hoje sabemos da nacionalização de produtos e da alta quantia importada e podemos atestar que de cada cinco roupas vendidas uma é importada. Nosso índice de importação aponta que 7% do consumo interno de artigos de vestuário e acessórios (peças prontas) são importados. Enquanto 19,6% dos produtos têxteis (matérias-primas) são comprados no exterior", disse o diretor de Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti.

Segundo Mandel, até 1992 não era possível importar e exportar produtos e muitas indústrias se acomodaram. Após esse período, com a abertura do mercado internacional, muitas empresas chegaram a falir, mas outras recorreram a comprar as mercadorias fora ao invés de investir em maquinários e inovação tecnológica. "A indústria quer inovar, ampliar sua capacidade de produção, desenvolver novos produtos, mas precisa de incentivos do governo, precisa de redução tributária para ampliar suas cadeias produtivas e conter a importação crescente. Hoje é mais barato importar do que produzir integralmente no País, fora que não há produção nacional de muitos produtos equivalentes aos que chegam de fora", ponderou.

"O empreendedor é capaz de crescer e ser competitivo. Porém precisa produzir as matérias-primas e para isso precisa de condições cambiais, tributárias e de logística", ressaltou Giannetti.

"A expansão do mercado doméstico com a ampliação de shoppings e abertura de novos empreendimentos fará com que as importações de confeccionados aumentem e que novas empresas multinacionais se instalem no País", alertou o presidente da associação. Para elevar a competitividade interna, a Abvtex se uniu a Associação brasileira da indústria têxtil e de confecções (Abit) para qualificar as empresas do setor por meio da emissão de um selo que aponta que não existe mão de obra irregular, a qualidade desejada no produto, os funcionários são capacitados e atualizados constantemente e os insumos tem procedência de qualidade.

"Com esse novo método podemos atender o varejo de forma mais ampla, abrir novos contatos empresariais tanto com redes no País quanto com redes multinacionais e atestamos a qualidade e as boas práticas de conduta empresarial, o que transformará o setor em um pólo cíclico de mercado, pois as pequenas se tornarão médias e as médias grandes e assim vai. Nossa projeção é encerrar 2011 com 50% das empresas do Estado de São Paulo enquadradas nos quesitos e com o selo do programa. Para 2012 queremos ampliar o programa para todo o Brasil", ressaltou Mandel.

Durante o evento, o executivo destacou ainda que uma das formas de burlar os altos tributos é a divisão de setores das indústrias em pequenas e médias empresas. "Hoje muitas indústrias dividiram-se em empresas menores para entrar na classificação do Simples Nacional, por exemplo, assim tem tributos menores e podem elevar sua competitividade. Você entra numa fábrica e cada prédio tem seu CNPJ, seu nome e sua verba", contou.

Com produtos atrelados a inflação, a entidade espera uma alta de 8% a 10% no preço final do produto e de 6% a 8% no preço de custo para o consumidor. "As roupas vão custar um pouco mais em relação a mesma coleção do ano passado. Isso ocorre pela inflação que cresceu na casa dos 5%, a mão de obra mais cara e os insumos mais valorizados."

O destaque brasileiro para o setor é o algodão. "Hoje temos um dos melhores produtos mundiais, dessa forma em 2010 exportamos mais de 200 mil toneladas, o que afetou o mercado interno que ficou carente da matéria prima. Já solicitamos benefícios para a compra no exterior do produto, temos o fundo para desenvolvimento e pesquisa por conta dos subsídios dados aos produtores norte-americanos, mas o governo não nos deu resposta ainda sobre os descontos e benefícios fiscais. Hoje temos que valorizar o nosso jeans que é um dos melhores do mundo", explica Mandel.
FONTE: DCI

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Comentário de luis carlos em 24 fevereiro 2011 às 7:45
cada produto importado que o Brasileiro compra e um em prego a menos no futuro ... um emprego imediato na china
Comentário de Beltrame, Antonio B. em 23 fevereiro 2011 às 18:20
 Boa tarde Srs.!!!  No momento atual todos os seguimentos da Cadeia Têxtil tem problemas e dificuldades, e todos tem razão em parte, no entanto o que fazer para vencer barreiras e dificuldades. Creio que ao invés de ficarmos debatendo, apresentando numeros de importação e exportação, pressionando os fornecedores e varejistas, deveríamos exigir do Governo Federal a instalação de uma Câmara do setor Têxtil composta por todos os seguimentos da cadeia, do produtor rural do algodão e fibras até o  varejista, e formarmos um pool para criar inovações e desenvolver o negócio como um todo.  Se ficarmos discutindo de quem a culpa pelo momento atual, desprenderemos muito tempo, energia e recursos, e fatalmente não chegaremos a lugar nenhum. AVANTE TÊXTEIS !!!!!! 
Comentário de Sam de Mattos em 23 fevereiro 2011 às 17:30

Folou Bonito, Mr. Mandel. Agora e os 25 a 35 % de CONTRABANDO AGREGADO A ISSO? Nao falemos nisso? Eh paera ser varrido debaixo do tapete? E as FABRICAS BRASILEIRAS que importam fios e pano e sao computados como de "Fabricacao Nacional"? E as importacoes col LI (Licenca de Importacao)legal, que sao usadas e reusadas... Rsrsrs.

"Carlos Alberto", moste isso a Dona Dilma tambem. Queremos ver o BAMBU GEMENDO no lonbo dessa corja da FOZ DO IGUACU! SdM

Comentário de Textile Industry em 23 fevereiro 2011 às 17:08

Indústria têxtil: restrição às importações prejudica consumidor, diz Abvtex

SÃO PAULO - A criação de barreiras às importações de produtos têxteis confeccionados, como roupas, por exemplo, na tentativa de proteger a indústria nacional, pode prejudicar o consumidor final, de acordo com a Abvtex (Associação Brasileira do Varejo Têxtil).

"Estas medidas podem desequilibrar gravemente a cadeia têxtil brasileira, já que a própria indústria está recorrendo às importações", acredita o presidente da Abvtex, Sylvio Mandel.

Segundo a Abvtex, o varejo têxtil representado pela associação concentra as importações em itens cuja produção nacional não suporta a demanda em termos de escala de produção, qualidade de produto, inovação de matéria-prima e produtos de inverno. "Há uma classe emergente [de consumidores] que exige produtos de qualidade a preços competitivos", afirma Mandel.

"Medidas restritivas às importações - tarifárias ou não - terão um impacto negativo para a cadeia têxtil como um todo, pois a própria indústria está buscando, por meio da importação, aumentar sua competitividade e atender à crescente demanda do mercado consumidor", argumenta ele, que ainda acrescenta: "Há sérios riscos de desabastecimento, principalmente nos produtos de inverno, caso sejam adotadas barreiras às importações. Além disso, essas barreiras criam condições para o aumento da ilegalidade na importação".

Pesquisa

Na última terça-feira (22), a Abvtex divulgou uma pesquisa sobre importações brasileiras de produtos têxteis e confeccionados no ano passado. De acordo com a associação, os dados verificados contestam a ideia de que existe "uma invasão chinesa" de artigos de vestuário no Brasil.

Segundo o levantamento, as fibras e filamentos, somadas aos fios fiados que abastecem a indústria têxtil, somam US$ 1,76 bilhão e representam 34,8% das importaç

Comentário de Fabrício Leite em 23 fevereiro 2011 às 7:42

Sr Mendel,  Convido o amigo a visitar as lojas da vossa Associação. Entendo a  preocupação com o setor que defende! Agora mencionar que apenas 15% dos produtos são importados é uma "miopia" sem cabimento... Mas faz a visita já!!! Não deixa ocorrer a mudança completa para a coleção OUTONO-INVERNO senão é covardia com os produtos nacionais.

Gostei também do termo nacionalizados! que no texto destaca que muitas industrias trazem parte de sua produção lá de fora. E sorte que fazem isso, senão estariam "engrossando o caldo" das indústrias centenárias que estão fechando as portas nos últimos tempos.

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