Inversão de valores e ministro reclamão
Deus é brasileiro, mas já deve estar cansado de ingratidão de seus "patrícios". Capricha em produzir uma supersafra de grãos, manda as chuvas para que as plantas cresçam e produzir direitinho, e vem um ministro reclamão, que, em vez de culpar a incompetência dos gestores públicos e privados pelos problemas surgidos no transporte dos grãos até o porto, tenta jogar a culpa justamente nas benesses recebidas pelo país.
A história ocorreu em março, em meio ao caos logístico que assolou o porto de Santos e a Baixada Santista, mas ainda merece esta crítica por ser emblemática do pensamento dos burocratas.
Em vez de verem oportunidades – e trabalharem para que elas sejam bem aproveitadas, ou melhor, prepararem o país para bem aproveitar cada oportunidade que surja, como fazem outras nações importantes – essas mentes menores entendem que o crescimento econômico é uma grande maldição, simplesmente porque as obriga a um prodigioso esforço – pensar – e a um enorme acréscimo de trabalho – assinar alguns papeis, ordenando que sejam tomadas as providências necessárias...
Tais pessoas devem estar agradecendo aos chineses pelo favor que fizeram, de suspender parcialmente as compras de grãos do Brasil. Que ótimo, assim é menos carga a passar pelos portos, e não fica tão evidente a incompetência de quem deixou de fazer as obras e organizar os corredores de transporte! Que maravilha, são menos 10 milhões de toneladas de soja, e quem sabe com alguma negociação mais o Brasil consiga deixar de exportar alguns milhões de toneladas mais!
Essa mediocridade já é antiga. Lembram-se dos apagões no sistema elétrico nacional? Eles não são causados pelos raios, como gargalha a presidente Dilma, porém os burocratas insistem em culpar a Divina Providência ou a Natureza, para esconder que não fizeram os investimentos que deveriam ter feito... E, os leitores vão lembrar que, também no auge dos apagões, burocratas suspiravam aliviados porque a chegada de uma crise econômica internacional permitiria ao Brasil deixar de crescer em taxas maiores, e assim também deixaria de pressionar o setor elétrico em busca de mais energia para suas indústrias...
Vale recordar a esses reclamões: dinheiro não é o problema, os recursos do PAC estão sobrando, por falta de projetos para usá-los, e as obras estão atrasando pela própria incompetência dos gestores públicos e privados, que nos fazem pagar fortunas pelos seus erros de gerenciamento de projetos...
Conta-se que, no início do Mundo, Deus colocou petróleo na Arábia, diamantes na África, cobre no Chile, minerais raros na China, e no Brasil colocou tudo isso e muito mais, como imensas florestas, abundância de água (em contraposição ao deserto do Saara), terras firmes e seguras (sem os terremotos e maremotos do Japão) e tantas outras maravilhas da Natureza. Questionado sobre o privilégio dado a este país, Deus teria respondido: "É verdade, mas você não viu ainda o povinho que eu vou pôr lá...". Pois é, no país da piada pronta, a velha anedota se confirma nas recentes declarações de nossas "autoridades"...
* Carlos Pimentel Mendes é jornalista e edita o site Novo Milênio (www.novomilenio.inf.br)
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