Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Investir em eficiência dá retorno em um ano

Fonte:|diariodonordeste.globo.com|

Do início do ano passado até julho deste, a Têxtil Bezerra de Menezes (TBM) resolveu investir em eficiência energética. A implementação das novas medidas nas quatro unidades do grupo, presente em Fortaleza e em Maracanaú, representou um desembolso de R$ 333 mil. O investimento foi alto, mas os resultados ainda maiores: neste intervalo, a empresa conseguiu superar os R$ 800 mil em economia de energia. E este não é um caso isolado. De acordo com o chefe do departamento de Eficiência Energética da Eletrobrás, Fernando Perrone, as empresas conseguem recuperar o investimento nestas ações em, normalmente, um ano.

"Nós reduzimos em 4,5% o consumo médio de energia do grupo. O investimento parece caro, mas sempre tem retorno. Essa nossa economia representa o consumo de 3.500 casas de 150 kW por mês. Estas medidas, portanto, são permanentes", destaca o coordenador de Manutenção Elétrica da TBM, Kléber Anastácio. Assim como a TBM, outras sete empresas, entre elas a Esmaltec, a Transnordestina Logística e a Vicunha 1, implementaram tecnologias para o uso inteligente e racional dos recursos energéticos, todas garantindo bons resultados. A economia anual conjunta foi de 1,8 milhão de quilowatt/hora. As indústrias participaram do convênio entre a Fiec (Federação das Indústrias do Ceará) e a Eletrobras, por meio do Procel Indústria, cujos resultados foram apresentados ontem na sede da federação cearense.

Já foram investidos no Ceará pela Eletrobras cerca de R$ 600 milhões por meio do convênio, que existe desde 2003. Esses recursos representam 75% do total do projeto, que capacitou 261 agentes de 56 indústrias para elaboração de autodiagnósticos, fazendo com que estes se tornem capazes de identificar pontos de desperdício de energia elétrica, indicar soluções, custos de implantação das medidas e ganhos financeiros obtidos.

De acordo com dados da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), hoje, 46% do consumo de energia elétrica no Brasil vem do setor industrial, sendo que 28,5% são somente através dos sistemas motrizes industriais. "É muito importante investir em eficiência energética, pois isso resulta em uma redução não só na conta de energia, como nas intervenções ao meio ambiente. Quando se trabalha assim, reduz-se o investimento do governo em geração hidrelétrica", destaca o diretor de Tecnologia da Eletrobras, Ubirajara Meira.

O programa de incentivo à eficiência energética nas indústrias, por meio da Eletrobras, é realizado por meio de 14 convênios no Brasil com federações de indústrias, sendo que o Ceará foi o pioneiro.

Aqui, foram trabalhados os setores industriais que mais consomem energia elétrica, como o têxtil, o metal-mecânico e o de alimentos e bebidas. Em relação ao têxtil, por exemplo, Meira aponta que é possível alcançar uma redução de 5% a 10% no consumo de eletricidade nas indústrias, o que ele acredita ser um percentual bastante razoável.

"Eficiência energética está atrelada à tecnologia. Os investimentos com estas medidas podem ser de R$ 200 mil, R$ 300 mil, podendo chegar a R$ 1 milhão, dependendo do porte do empreendimento. Tem investimento com retorno em curtíssimo prazo, e outros a longo prazo, mas o retorno vem".

O presidente da Fiec, Roberto Macedo, aponta como essencial a preocupação com o uso inteligente dos recursos energéticos. "Considerando que, no mundo de hoje, 85% da energia consumida têm origem fóssil e não renovável, melhorar a eficiência energética significa, antes de mais nada, preservar os recursos para as gerações futuras", avalia.

Segundo ele, essa preocupação deve ser presente, por conta dos custos da energia existentes e para garantir a competitividade diante da concorrência internacional. "A eficiência diminui os custos de produção, possibilitando a fabricação de bens mais baratos e competitivos; e reduz a necessidade de se investir em infraestrutura e energia, carreando investimentos para outras áreas e melhorando o desempenho global da empresa".

"Nós, enquanto empresários, temos por missão fazer nossas empresas crescerem, o que implica, certamente, maior consumo de energia. Mas precisamos tornar esse consumo eficiente, reduzindo desperdícios e perdas para o meio ambiente, e tornando os nossos negócios cada vez mais sustentáveis", complementa Macedo.

Estudo setorial

Como futura ação do Procel Indústria, o diretor da Eletrobrás informou que, além da continuidade dos trabalhos com indústrias e universidades, está sendo concluído, por meio de uma parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), um estudo setorial de eficiência energética nacional e internacional. O objetivo é fornecer informações para o desenvolvimento de políticas públicas futuras para a melhor utilização da eletricidade no setor industrial. "Pretende-se ainda atuar mais intensivamente junto aos Senai´s, associações industriais de classe e diretamente junto aos 40 maiores consumidores de energia elétrica do País através de acordos voluntários".

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