Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Itens tecnológicos "roubam" espaço da moda

Fonte:|valoronline.com.br|

A moda não está na moda. A afirmação pode parecer contraditória, mas reflete a visão do empresário Nelson Alvarenga sobre o que se passa hoje
na cabeça do consumidor. Para o criador da Ellus e sócio da Inbrands,
holding fundada em 2007 que atua no segmento de consumo de alto padrão,
produtos de vestuário com design elaborado estão perdendo espaço para
itens tecnológicos e investimentos em experiências, como viagens para o
exterior, como símbolos de status.

"Outros produtos surgiram e são identificados como sinal de status, um lugar que antes era ocupado pela moda", disse Alvarenga, no congresso da Federação Internacional da Indústria Têxtil (ITMF, na sigla em
inglês), que reúne cerca de 300 empresários de 40 países em São Paulo
até hoje. Segundo ele, a tecnologia e, principalmente, a internet, tem
efeitos sobre os hábitos de consumo de moda.

"A internet leva as pessoas para dentro de casa, e nós vendemos produtos para que as pessoas saiam de casa", explica. Como um produto que vende valores intangíveis como confiança e beleza, a moda é feita
para ser exibida socialmente. Mas apesar da onda de interesse por
produtos tecnológicos - como smartphones e notebooks -, Alvarenga acha
que esse é um ciclo que vai passar. "Apesar desse ciclo de paixão
desenfreada por tecnologia, sabemos que a moda deve entrar na moda de
novo."

Hoje, oito marcas compõem o portfólio da Inbrands. Além da recém negociada associação com a Richards - que trouxe consigo a grife de roupas de praia Salinas e de surfwear Bintang - , fazem parte holding
Ellus, 2nd Floor, Isabela Capeto e Alexandre Herchkovitch. O grupo
também tem participação no São Paulo Fashion Week e no Fashion Rio, além
da Rio-à-Porter, uma feira de negócios voltada para o mercado da moda.

São 205 lojas exclusivas das grifes e presença em 1,5 mil multimarcas. Segundo Alvarenga, para 2011, o crescimento deve ficar em 10%. Em 2010, a empresa ganhou mais corpo impulsionada pela transação
com a Richards, que acrescentou cerca de 103 lojas à rede da Inbrands e
fez sua receita quase dobrar. Este ano, o faturamento deve chegar a R$
550 milhões.

O empresário diz que a Inbrands mantém atenção a oportunidades de negócios e não descarta outras aquisições. "Em um primeiro momento queremos privilegiar as operações no mercado interno, até como uma forma
de defesa e consolidação. No nosso planejamento estratégico de médio
prazo está prevista uma internacionalização", diz.

As semanas de moda nacionais costumam ser grandes vitrines para selecionar novos designers que possam engrossar o time de marcas da Inbrands, conta Alvarenga. Segundo ele, a história econômica brasileira,
inicialmente fechada à entrada de marcas estrangeiras, favoreceu a
criação de grifes nacionais. Agora, com o país exposto à vitrine
internacional surge a oportunidade de exportar esse conceito de moda
nacional.

O custo de produção, no entanto, ainda é um entrave. "O custo dos nossos produtos de moda de alto valor agregado é similar ao da Itália", diz. Daí a necessidade de reunir várias grifes sob um mesmo
guarda-chuva, para reduzir gastos e concorrer lá fora. "Queremos ser o
maior grupo investidor de moda de alto padrão do país e referência no
mundo."


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