Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Fonte:|/oglobo.globo.com|

As atividades industriais são todas potencialmente poluentes. Ao longo dos anos e, após alguns eventos significativos com danos ao meio ambiente, a indústria e os governos passaram a ser pressionados a adotar uma postura ambientalmente responsável.

Com isso, o desenvolvimento tecnológico se deu aceleradamente, tendo sempre presente conceitos, projetos e ações para prevenir e mitigar os efeitos potenciais da atividade industrial sobre o meio ambiente.

É evidente que o custo de produção ao adotar as novas tecnologias poderia afetar a cadeia de preços dos bens produzidos. As empresas passaram a incluir nos custos dos seus produtos parte dos investimentos com as novas tecnologias e também os custos das compensações ambientais e sociais que eventualmente teriam que incorrer.

A indústria nuclear, pelo seu histórico associado ao efeito psicológico do seu uso bélico, desenvolveu-se adotando padrões de projeto, fabricação e de segurança que se iniciaram com um amplo programa de garantia da qualidade de todas as etapas de engenharia - do processo de fabricação de equipamentos e dos serviços, que hoje e cada vez mais para o futuro pode ser considerada uma das atividades menos potencialmente poluentes e mais seguras, do ponto de vista operacional e de proteção ao meio ambiente.

A indústria do petróleo, por sua vez, passou também a adotar programas de garantia de qualidade dos seus equipamentos e serviços. Há mais de três décadas tem sido prática sine qua non a aplicação da garantia de qualidade às atividades de pesquisa e exploração offshore, às refinarias de petróleo e aos terminais de derivados de petróleo, incluindo os projetos de engenharia, no Brasil. Mas o avanço na questão de segurança, de proteção e mitigação dos efeitos poluentes precisam ser avaliados de forma a garantir a prevenção de eventos ou acidentes potencialmente previstos. Ou seja, atuar de forma preditiva e ativa e não passiva na questão de segurança.

Os planos de contingências utilizados pelas empresas petrolíferas são suficientes?

A indústria nuclear, principalmente na geração elétrica, adota padrões de segurança no projeto, construção e na operação cujo principal objetivo é impedir ou minimizar os riscos à saúde do homem e os efeitos danosos ao meio ambiente.

O treinamento do pessoal técnico desempenha papel fundamental na indústria nuclear. Os padrões de segurança no setor se constituem, basicamente, no estabelecimento de redundâncias nos sistemas de operação e proteção, que, dependendo da importância desse sistema, podem chegar ao número de oito, atuando independentemente entre si. Assim, se um sistema desempenha um papel preponderante de segurança num dado processo nuclear, são então projetados oito sistemas que efetuam a mesma supervisão, análise e controle desse processo. Consequentemente, para que um evento de acidente ou de impacto ao meio ambiente ocorresse, seria necessário que todos os oito sistemas falhassem.

Agora que o Brasil adota os primeiros passos no caminho para a exploração do petróleo na camada pré-sal, torna-se o momento de se avaliar, definir e aplicar normas mais rígidas aplicadas à segurança na indústria do petróleo, semelhantes às adotadas na indústria nuclear.

Como tem acontecido no passado recente, a experiência da rígida aplicação dos conceitos de garantia da qualidade nuclear aos projetos e instalações sofisticados da indústria de petróleo (plataformas offshore, refinarias e terminais de petróleo) pode ser transferida com grande competência para a indústria do pré-sal.

O aumento nos custos dos projetos, fabricação e de produção será compensado pelo efeito mitigador ao meio ambiente e também na imagem institucional das empresas e dos governos, seriamente afetados por eventos como o acontecido no Golfo do México. Seria um grande avanço na responsabilidade social das empresas petrolíferas e perfeitamente em consonância com a Agenda 21, da ONU, de objetivos de desenvolvimento para o milênio.

PAULO FIGUEIREDO e MAURI SADDY são engenheiros químicos.

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