Lixo hospitalar é vendido até pela internet
Confecção de Pernambuco que importava a matéria-prima ilegalmente também comercializava produtos pelo site
Polícia Federal tenta descobrir quem eram os clientes da Império; mais um galpão da empresa foi interditado
FÁBIO GUIBU
DE RECIFE
UOL
O lixo hospitalar trazido ilegalmente dos Estados Unidos era vendido pela internet para confecções de todo o país. Lençóis usados e contaminados eram transformados em forros de bolso e roupas.
A venda era feita pelo site da Império do Forro de Bolso, de Santa Cruz do Capibaribe (PE), que teve duas lojas interditadas no fim de semana pela Vigilância Sanitária.
Em seu site, desativado após a interdição, a empresa anunciava a venda "em até 18 vezes no cartão".
Responsável pela importação da matéria-prima, a Império também anunciava no site da Associação Latinoamericana de Integração, entidade formada por 12 países.
A interdição da Império ocorreu um dia depois de a Folha comprar, na última sexta-feira, nove lençóis, alguns deles com manchas.
Três peças trazem o nome de hospitais norte-americanos e são iguais às 46 toneladas de lixo hospitalar apreendidas pela Receita Federal há uma semana, em Suape.
Cerca de 30 quilos desses produtos foram entregues ontem para perícia. Segundo a Vigilância Sanitária de Pernambuco, há material de cerca de 15 hospitais dos EUA.
O empresário Altair Moura, dono da Império do Forro de Bolso, não é encontrado desde a interdição das lojas. Segundo a Vigilância Sanitária do Estado, ele trabalha com importação de tecidos há cerca de 11 anos.
Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), diz que não se "surpreenderia se o produto aparecesse em São Paulo ou Rio".
"Há cerca de 200 possibilidades de entrada de produtos têxteis no país. As fronteiras são muito grandes, e as possibilidades de driblar a fiscalização são inúmeras."
OUTRO GALPÃO
Policiais civis e agentes da Vigilância Sanitária descobriram ontem, em Caruaru, mais um galpão da Império com grande quantidade de lixo hospitalar dos EUA.
Segundo o gerente-geral da Vigilância Sanitária do Estado, Jaime Brito, investigações indicam que a Império importou cerca de 30 contêineres dos EUA em dois anos.
Uma das lojas interditadas na semana passada fica em Toritama, que também faz parte do polo de confecções do agreste do Estado.
Colaborou MATHEUS MAGENTA, de São Paulo
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