Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Produção Industrial em Agosto de 2011: Ainda Em Desaceleração ( Cartas IEDI)

 

Produção Industrial em Agosto de 2011: Ainda Em Desaceleração

 

Sumário

Na passagem de julho a agosto, a produção física industrial brasileira recuou 0,2%, descontados os efeitos sazonais. Esse resultado, que praticamente devolveu a alta de 0,3% (dado revisto) verificada no mês anterior, refletiu a queda da produção em 11 dos 27 ramos pesquisados, com destaque para a forte retração do setor de alimentos (-4,6%).

No corte por categoria de uso, descontados os efeitos sazonais, apenas o setor produtor de bens de capital registrou variação positiva (0,9%) em agosto ante o mês anterior. A redução mais expressiva ocorreu no nível de produção de bens de consumo duráveis (-2,9%), que reverteu o aumento de 2,6% registrado em julho. Também acima da média global, o segmento de bens de consumo semiduráveis e não duráveis registrou decréscimo ( -0,9%). Em queda pelo terceiro mês consecutivo nessa base de comparação, o segmento produtor de bens intermediários recuou 0,2%.

Os resultados da indústria em agosto revelam uma perda de ritmo generalizada, deixado ainda mais visível o movimento de arrefecimento do setor ao longo deste ano. Em todos os grandes setores industriais, pode se observar desaceleração da produção. Mesmo o setor de bens de capital, cuja produção ainda exibe bons resultados, vem continuamente apresentando taxas menores de variação acumulada em doze meses. No início do ano, essa taxa era de 20,4%, passou para 13,6% em abril e ficou em 7,0% em agosto e poderá diminuir ainda mais com o aumento da incerteza sobre a evolução do cenário internacional e seus impactos na economia brasileira, bem como com a maior capacidade ociosa na indústria.

Uma forte preocupação se encontra no comportamento do setor de bens intermediários, cuja produção cresceu somente 0,6% nos oito primeiros meses deste ano (com relação a igual período de 2010) e mostra uma taxa de crescimento anualizada de somente 1,9%. Vale lembrar, esse setor é o de maior peso dentro da indústria brasileira e é um indicador das compras internas à própria indústria.

Mesmo podendo ser beneficiada pela recente desvalorização do Real nesses meses finais do ano, a indústria brasileira fechará o ano de 2011 com um crescimento muito baixo, provavelmente na casa de 2%, resultado muito aquém dos 10,5% registrados em 2010. Esse "mergulho" da atividade industrial neste ano deixou a produção de agosto 0,9% abaixo do patamar de setembro de 2008, quando do primeiro momento da grande crise internacional. Ou seja, após quase três anos, a indústria em geral não avançou, ela continua operando naqueles níveis de produção. Como consequência desse fraco desempenho, o emprego industrial, que se mostrava estagnado desde agosto do ano passado, começa a dar sinais de recuo. A grave crise na Europa dificulta ainda mais a tentativa de se traçar uma projeção para a indústria brasileira; de todo modo, o cenário não é nada positivo.
Na comparação com agosto de 2010, o setor industrial apresentou variação positiva de 1,8%, revertendo a queda de 0,7% registrada em julho (dado revisto). Esse aumento de produção teve perfil disseminado, sendo observado em todas as categorias de uso e em 17 das 27 atividades pesquisadas. Nas séries acumuladas, a indústria registrou variações positivas, mas prosseguiu em trajetória de desaceleração. Nos oito primeiros meses de 2011, houve aumento de 1,4% frente igual período do ano anterior, enquanto em doze meses a expansão acumulada foi de 2,3% (2,9% em doze meses terminados em julho).

No corte por categoria de uso, na série mensal, o principal destaque foi novamente o segmento produtor de bens de capital, que avançou 8,6%, em ritmo de expansão muito superior ao da média global da indústria. Outro destaque positivo em agosto foi a alta de 2,1% da produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis frente a agosto de 2010. Com taxas de crescimento inferiores a da média global da indústria, os setores de bens de consumo duráveis e de bens intermediários registraram incremento, respectivamente, de 1,5% e 0,6% na mesma base de comparação.

No que se refere ao grau médio de utilização da capacidade instalada na indústria de transformação, o indicador dessazonalizado calculado pela FGV registrou queda pelo terceiro consecutivo, declinando para 83,6% em agosto. Frente ao mês anterior, houve diminuição de 0,5 pontos percentuais. Em contraste, no indicador com ajuste sazonal calculado pela CNI, houve ligeiro acréscimo de 0,2 ponto percentual no nível médio de utilização da capacidade instalada em agosto, que alcançou 82,2% (82,0% em julho).

Na comparação da indústria de transformação brasileira com os de economias periféricas com semelhante grau de desenvolvimento, observa-se que, em agosto, com o aumento 1,9% frente igual mês do ano anterior, o desempenho da produção manufatureira brasileira foi bem inferior ao verificado nas indústrias de transformação da Rússia (7,1%), Tailândia (7,0%) e da Argentina (5,2%) na mesma base de comparação.

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