A fala é de Roberto Bellissimo, diretor de Finanças do Magalu.
“Nosso objetivo de curto prazo é voltar a margem Ebitda para patamares históricos, pré-pandemia, que era entre 8% e 9%”, comentou o CFO em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira. Para ele, investir nas ações do Magazine Luiza (MGLU3) é “para o longo prazo”.
Magalu deve investir quase R$ 1 bilhão em tecnologia em 2024
No retorno às margens operacionais do pré-pandemia, quando a ação do Magazine Luiza (MGL3) chegou a valer R$ 125, a varejista aposta na receita em serviços e nos braços de tecnologia.
Entre 2022 e 2023, conta Bellissimo, a companhia investiu entre R$ 600 a R$ 700 milhões em custo de capital (Capex) no Luizalabs. O time de desenvolvedores do Magalu está por trás da plataforma de anúncios, pagamento e banco digitais. E, mais recentemente, das soluções de cloud, Magalu Cloud.
Agora, ele afirma que a companhia deve investir 20% a 30% a mais do montante dos últimos dois anos nessas plataformas, somente em 2024. O investimento máximo seria de R$ 910 milhões, total que não considera, portanto, despesas operacionais do Magazine Luiza (MGLU3).
“O investimento foi mudando no sentido de que fomos reduzindo a participação em lojas e CD (centro de distribuição). No lugar, aumentamos a participação de investimentos em tecnologia e logística”, afirma Bellissimo.
“E esse ano a gente vai aumentar os investimentos, destinando uma parte do aumento de capital que a gente fez em março para aumentar o tamanho do Luizalabs”, prossegue. No primeiro trimestre, a família Trajano, ao lado do banco BTG Pactual, liderou um aumento de capital de R$ 1,25 bilhão.
A guinada do varejo em direção a serviços não é por acaso.
No primeiro trimestre, a margem Ebitda do Magazine Luiza cresceu 2,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2023. Ao mesmo tempo, o MagaluAds, plataforma digital de anúncios, cresceu sua participação na receita líquida em 70%.
Outros tempos
Assim, com a expansão dos serviços digitais, Bellissimo acredita, inclusive, que a margem operacional pode saltar acima do objetivo de curto prazo.
“No pré-pandemia, por exemplo, nosso marketplace era muito pequeno, enquanto a receita de serviços era muito menor do que é hoje. Esses serviços podem gerar margem bruta e de Ebitda acima do patamar histórico.”
CFO vê espaço para Magazine Luiza (MGLU3) dar mais crédito
Segundo Bellissimo, a tendência é de aumento de fluxo nas lojas físicas para os próximos trimestres. O Magalu surpreendeu o mercado quando atingiu a marca de 9% em vendas nas mesmas lojas no primeiro trimestre.
Mesmo após a pandemia, o varejo sentiu falta de clientes nos pontos físicos, com desaceleração das vendas, aumento da inflação e dos juros, seguidos pela inadimplência. “É um canal voltado para um público que precisa mais de crédito, então são tíquetes maiores, venda a prazos superiores”, afirma o CFO do Magalu.
E o Magazine Luiza (MGLU3) ainda sente os efeitos.
Bellissimo afirma que a participação do cartão próprio do Magalu e do carnê, que costumavam representar metade das vendas totais, caiu para cerca de 35%.
“Então existe um espaço para gradativamente o crédito voltar a um nível normalizado”, complementa.
Contudo, o executivo faz a ressalva de que a varejista “ainda está com uma política de crédito, ou de aprovação de crédito, bastante conservadora”.
“Mas acho que todos esperam que, com inflação baixa e juros cada vez menores, o crédito deve crescer e deve impulsionar o consumo de bens mais discricionários. E mais ligados ao crédito.”
Ação do Magazine Luiza (MGLU3) é de longo prazo
Mesmo após a recepção positiva por parte de alguns analistas do mercado financeiro sobre os resultados do Magazine Luiza (MGLU3) no primeiro trimestre, o mercado ainda não premiou o papel com alta.
Pelo contrário: a ação do Magalu acumula queda de 44% no Ibovespa desde a divulgação dos números.
Desde então, a varejista decidiu agrupar suas ações na proporção de 1 para 10, na tentativa de permanecer no principal índice acionário da bolsa, além de aumentar a liquidez.
“A ação é um negócio de longo prazo”, diz Roberto Bellissimo. Para ele, a queda recente está relacionada a “fatores macroeconômicos”, sobre os quais o Magalu “não tem controle”.
“O preço da ação (MGLU3) tende a evoluir à medida que os resultados evoluem, nossas margens se expandem, e a geração de caixa se multiplica.”
Roberto Bellissimo, diretor de Finanças do Magazine Luiza (MGLU3)
Nesse sentido, Bellissimo diz que o grupamento das ações do Magazine Luiza (MGLU3) foi uma decisão mais “tática”. No futuro, o CFO espera que resultados mais positivos elevem a ação do Magalu, descartando um programa de recompra.
“Estamos muito otimistas e confiante de que estamos entrando num ciclo diferente. Os resultados já melhoraram bastante e a tendência é de melhora.
Por Pedro Knoth
Fonte: Inteligência Financeira
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