O mercado financeiro estima um encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,58% neste ano, segundo o relatório de mercado do Banco Central, fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Se confirmada, será a maior contração anual da economia brasileira desde 1990 - quando se retraiu 4,35%.
Os números do levantamento foram coletados na semana passada e divulgados nesta segunda-feira (3) pela autoridade monetária. Na semana anterior, os economistas dos bancos previam uma contração de 0,50% para a economia brasileira em 2015. A piora na projeção do mercado, na última semana, foi a nona seguida.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira. Para 2014, o mercado continuou estimando, na semana passada, um crescimento zero e, para 2016, o mercado manteve a expectativa de uma alta de 1,5%.
Recessão
As previsões do mercado financeiro mostram que um cenário de recessão no fim de 2014 e início de 2015 não pode ser descartado. A recessão técnica se caracteriza por dois trimestres consecutivos de contração do PIB.
A prévia do PIB divulgada recentemente pelo Banco Central indicou uma retração de 0,15% no PIB em 2014. Nos três últimos meses do ano passado, contra o trimestre anterior, o PIB teria registrado uma contração também de 0,15%, segundo a prévia divulgada pelo BC.
Os dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o PIB do quarto tirmestre do ano passado, e também de todo ano de 2014, serão divulgados somente em 27 de março. No fim de outubro, o IBGE informou que a economia brasileira saiu por pouco da recessão técnica no terceiro trimestre de 2014 – quando o PIB cresceu 0,1% na comparação com o trimestre anterior.
Medidas econômicas
Questionado, na semana passada, se as medidas de aumentos de tributos e cortes de gastos, entre eles a limitação de benefícios sociais e investimentos, não poderia contribuir para jogar a economia brasileira em uma recessão, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que a economia não vinha "desempenhando bem" com as medidas anteriores - de estímulo.
"Boa parte do que está sendo feito é voltar à uma normalidade. Voltar aos gastos de 2013, diminuir as desonerações que foram crescendo, crescendo não se sabe muito bem porque. Estmos voltando à condições normais para retomar o crescimento em bases sustentáveis", disse ele na ocasião.
Inflação
A expectativa dos analistas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, que estava em 7,33% na semana retrasada, subiu para 7,47% na última semana. Foi a nova alta seguida na estimativa para a inflação de 2015. Se confirmada, a taxa de 7,33% será a maior desde 2004, quando ficou em 7,6% – ou seja, em 11 anos. Para 2016, a previsão do mercado recuou de 5,6% para 5,5%.
Com isso, a estimativa do mercado para o IPCA de 2015 segue acima do teto do sistema de metas do governo. A meta central de inflação para este ano e para 2016 é de 4,5%, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos. O teto do sistema de metas, portanto, é de 6,5%. Em 2014, a inflação ficou em 6,41%, o maior valor desde 2011.
No começo deste mês, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a inflação oficial do país, medida pelo IPCA, ficou em 1,24% em janeiro, depois de avançar 0,78% em dezembro do ano passado. Essa foi a taxa mensal mais alta desde fevereiro de 2003, quando ficou em 1,57%. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 7,14% – a maior desde setembro de 2011, quando o índice atingiu 7,31%.
Segundo analistas, a alta do dólar e dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Nova alta de juros nesta semana
A expectativa do mercado financeiro também é de uma nova alta de juros nesta semana. A previsão dos economistas dos bancos é de que a taxa básica da economia, fixada pelo Banco Central, avance de 12,25% ao ano para 12,75% ao ano - um novo aumento de 0,5 ponto percentual.
Para o fim deste ano, a estimativa dos economistas subiu de 12,75% para 13% ao ano. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, o BC tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. Em 2015 e 2016, a meta central é de 4,5% e o teto é de 6,5%.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 2,90 para R$ 2,91 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio ficou esável em R$ 3 por dólar.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 avançou de US$ 4,4 bilhões para US$ 5 bilhões. Para 2016, a previsão de superávit comercial subiu de US$ 11 bilhões para US$ 11,24 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil ficou estável em US$ 60 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte recuou de US$ 60 bilhões para US$ 58,5 bilhões.
http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/03/mercado-ve-maior-contr...
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