Relatório da Robert Half, que entrevistou 1.500 executivos de cinco países, revela que para 95% deles a convivência entre trabalho presencial e à distância é permanente.
A pandemia da Covid-19 acelerou formas de trabalho que ainda estavam engatinhando. Com o isolamento social e a quarentena, as empresas tiveram que reinventar modelos antes essencialmente presenciais. Paralelamente, o ambiente doméstico passou a ser local de trabalho, descanso e convivência familiar de milhões de pessoas ao redor do mundo. Para analisar as tendências, as funções mais demandadas e a ascensão do conceito “trabalhe de qualquer lugar”, a Robert Half, consultoria de recrutamento especializado, em parceria com a Burning Glass, apresentou o relatório “Demanda por talentos no cenário atual”.
Segundo 95% dos executivos entrevistados, o modelo híbrido, ou seja, uma combinação entre o trabalho remoto e o presencial, já é visto como permanente. “2020 foi o ano de consolidação do trabalho remoto. A modalidade deixou de ser vista como benefício para se tornar um modelo de trabalho que definitivamente fará parte do futuro do mercado”, afirma Carolina Cabral, gerente sênior de recrutamento da Robert Half. Ela diz que em 2020 houve um crescimento significativo na quantidade de empresas oferecendo opções de trabalho remoto em comparação ao período anterior à Covid-19. “Das vagas trabalhadas na Robert Half entre abril e dezembro de 2020, 80% foram para posições 75% ou 100% remotas e podemos dizer que essa tendência deve se manter ao menos pelos próximos seis meses”, frisa, afirmando que em 2019, apenas 5% das vagas tinham essa característica.
Aprendizado constante
Segundo levantamento do Ministério da Economia — a partir dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) — a Atento, empresa de call center, e a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, estão entre os maiores empregadores formais do Brasil. Com isso, ambas tiveram que se adaptar de forma estruturada a essa nova forma de trabalho. Atualmente, a Atento conta com aproximadamente 75 mil colaboradores, e durante os primeiros meses da pandemia colocou 37 mil para trabalhar remotamente. “Isso representa 50% da nossa força de trabalho no Brasil e foi o que possibilitou que 100% das nossas unidades trabalhassem com capacidade reduzida e espaçamento adequado”, conta Ana Marcia Lopes, vice-presidente de recursos humanos, responsabilidade social e ouvidoria da Atento Brasil.
Já a BRF, que conta com mais de 95 mil colaboradores no mundo, colocou a maioria de seus profissionais administrativos em home office. “Entre a população de grupo de risco, colocamos em home office todos com atividades elegíveis para essa modalidade de trabalho e seguimos avaliando constantemente o cenário para tomar as decisões”, diz Thiago Pereira, gerente executivo de talent & learning da companhia.
Os executivos das duas empresas concordam que o trabalho híbrido deve se manter mesmo após a pandemia. “Sem dúvidas, um dos aprendizados que a pandemia nos trouxe foi a questão do trabalho remoto e acreditamos que esta tendência se estenderá no período pós-crise. Deste modo, conseguimos unir a integração do presencial às comodidades do home office”, opina Ana Marcia. “Neste período, experimentamos e tivemos avanços tecnológicos que aumentaram em muito a qualidade deste tipo de trabalho. A companhia entende que o modelo híbrido, nem totalmente remoto e nem totalmente presencial, será o futuro após a pandemia”, reforça Pereira.
Os respondentes do estudo da Robert Half afirmaram que os principais benefícios no uso de equipes híbridas são: criação de oportunidades de melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional e redução de custos gerados pelos escritórios. “Vivências flexíveis serão cada vez mais valorizadas, por gestores e colaboradores, daqui para frente”, reforça Carolina.
A pesquisa online foi realizada em novembro de 2020, com 1.500 executivos da Alemanha, Bélgica, Brasil, França e Reino Unido, distribuídos entre gerentes gerais, diretores financeiros e diretores de tecnologia com responsabilidades de contratação em empresas de pequeno, médio e grande portes do setor privado, público e empresas listadas publicamente. Dentro desse grupo, 300 eram executivos brasileiros que atuam nas áreas de contabilidade, finanças, engenharia, jurídica, mercado financeiro, seguros, tecnologia, RH, vendas e marketing.
Jornada flexível
Apesar de o futuro ser incerto, 67% dos trabalhadores entrevistados pela Robert Half em uma sequência de pesquisas globais, realizadas na Austrália, Alemanha, Bélgica, Brasil, França, Holanda e Reino Unido, de novembro de 2020 a janeiro de 2021, indicam otimismo para este ano. Os brasileiros estão ainda mais confiantes, visto que 73% se disseram otimistas.
Esse sentimento é acompanhado por expectativas de altas salariais e um forte desejo pela manutenção do trabalho remoto, com quase metade dos entrevistados (57%) esperando por um aumento nos recebimentos em 2021 e a maioria (68%) querendo permanecer trabalhando em casa de um a três dias por semana. “Uma das descobertas mais positivas advindas de meses de trabalho remoto é que gestores e colaboradores reconhecem que conseguiram manter o nível de entrega e produtividade mesmo trabalhando de suas casas”, comenta Carolina.
A realocação também é prioridade para profissionais de diferentes países, com 39% dos colaboradores entrevistados planejando se mudar para outra cidade ou país enquanto trabalham remotamente e 49% desejando experimentar uma jornada “comprimida”, de quatro dias, como forma de aliviar o burnout em 2021. Já para a maioria dos profissionais brasileiros (65%), a melhor saída para aliviar o peso da jornada de trabalho é o modelo flexível.
A Robert Half ainda identificou cinco tendências de contratação com a ascensão do “trabalhe de qualquer lugar”. São elas: quebra dos limites geográficos; salários e benefícios competitivos; mais investimentos em tecnologias que apoiam o trabalho remoto e a colaboração contínua; habilidades híbridas; e processos efetivos de onboarding e offboarding. “Uma forte tendência para 2021 é o que vem sendo chamado de habilidades híbridas, que são constituídas pela mescla entre as competências técnicas e comportamentais, e, muitas vezes, sustentadas pelo uso de novas tecnologias”, descreve Carolina.
A Atento está em linha com as tendências de contratação, visto que vem investindo em tecnologia para que a estratégia do home office seja eficiente tanto para seus clientes quanto colaboradores. A companhia fortaleceu a solução Atento@Home para os clientes, que representa um conjunto de soluções de infraestrutura, sistemas integrados e gerenciamento tecnológico, que permite aos profissionais trabalharem à distância, e desenvolveu o “Atento em Casa”, um portal corporativo que engloba todas as necessidades do colaborador.
Amanda Schnaider
https://futurodotrabalho.meioemensagem.com.br/bonus/modelo-hibrido-...
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