Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Momento político impõe a neoindustrialização, avalia Ricardo Alban

Presidente eleito da CNI quer aliar continuidade e evolução na defesa de interesses da indústria brasileira.

O empresário Ricardo Alban, recém-eleito presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), assumirá o cargo em 31 de outubro para um mandato de quatro anos que pretende manter a direção política da entidade, mas evoluir diante das novas janelas de oportunidade. Atual presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Alban deu esta entrevista à Revista da Indústria Brasileira logo depois de sua eleição, no último dia 3 de maio.

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – Quais serão suas prioridades na Presidência da CNI? 

RICARDO ALBAN – Vou levar adiante o trabalho que a CNI já vem desenvolvendo e as entregas que tem feito até aqui, tratando de convergir sempre para o verdadeiro interesse das indústrias no Brasil. Estamos em um momento político que impõe a reindustrialização, agora, felizmente, chamada de neoindustrialização, um termo muito mais adequado. 

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – Como vai ser sua relação com as federações da indústria? 

RICARDO ALBAN – Quero conhecer todos os programas de todas as federações para aprendermos com o melhor de cada uma. A CNI tem vocação para ser uma grande replicadora de ações de sucesso e vamos comandar o processo da neoindustrialização junto com diversos atores. 

RIB – Como o sr. acredita que a CNI pode promover a neoindustrialização? 

RICARDO ALBAN – A primeira ação específica é manter a evolução do que existe e trabalharmos com prioridades. Temos que identificar as prioridades dos setores industriais e depois convergi-las com as do governo, para que tenhamos efetividade. Temos que fazer um grande movimento de convergência para que possamos ter um processo de convencimento e de esclarecimento, que destaque as vantagens competitivas da indústria brasileira. 

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – Que política industrial o sr. defende? 

RICARDO ALBAN  Eu acho que a política industrial tem que ser focada em várias vertentes. Uma delas é o estímulo à indústria, incluindo o apoio àquelas indústrias que, por algum motivo, têm efetivas vantagens competitivas para disputar os mercados brasileiro e global. Vamos mapear ações que permitam usar escassos recursos físicos e financeiros para que possamos priorizar e dar as respostas mais imediatas possíveis. 

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – A agenda descarbonização da economia será também uma prioridade?

RICARDO ALBAN – Sim, pois sabemos que não existe nenhuma economia sustentável sem uma indústria forte e sustentável. Nossa indústria de manufatura precisa aproveitar essa onda mundial da sustentabilidade, das energias limpas, da descarbonização, e usar a grande vantagem competitiva que nós temos aqui em termos de energias renováveis, de descarbonização e de produção de hidrogênio verde.

Então, vamos começar descarbonizando as nossas indústrias para que possamos agregar valor, para que elas conquistem espaço no mercado internacional de produtos manufaturados antes que lá fora façam o mesmo. Podemos ser um grande hub de exportação de energia renovável, tendo o hidrogênio verde como uma das principais vertentes. 


REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – Qual deve ser a prioridade legislativa da CNI neste momento? 

RICARDO ALBAN – Nós temos agora um foco na aprovação do arcabouço fiscal. Temos que tentar ver onde esse arcabouço pode ser aprimorado, para, em seguida, trabalhar na reforma tributária. Não é um processo fácil; ele ainda deve sofrer modificações. Ainda temos um trabalho de convergência entre os setores das diversas atividades econômicas. 

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – E quais são as suas perspectivas para a aprovação da reforma tributária? 

RICARDO ALBAN – Eu acho que há um grande equívoco quando se fala que a reforma tributária vai onerar o setor A, B ou C e desonerar ou diminuir a oneração de D, E ou F. Na verdade, quem paga imposto é o consumidor. Os setores produtivos são agentes recolhedores dos impostos. É preciso primeiro entender essa lógica. Não é uma lógica de onerar o serviço um pouco mais ou a agricultura. Mas é natural que a indústria reivindique a diminuição da sua carga tributária porque, claramente, ela é pesada demais. Precisamos tirar as miopias de cada setor, sabendo que cada um tem que defender seus interesses. 

REVISTA INDÚSTRIA BRASILEIRA – Como ficará o diálogo com as federações, os sindicatos e as associações industriais?

RICARDO ALBAN – É um diálogo fundamental. Seremos parceiros. A convivência gera atritos, o que é normal, pois você convive com angústias, ansiedades e diferenças. A melhor forma de mitigar atritos é criar cumplicidade e parceria com as federações, as associações e os sindicatos. E isso inclui também todas as outras confederações que fazem parte do setor produtivo e econômico desse país. Nesse sentido, a CNI já tem uma grande experiência de sucesso, de uma relação com o Congresso Nacional que vai ser cada vez mais aprimorada.

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