Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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No âmbito da Conferência da COP27, que está a decorrer no Egito até 18 de novembro, os números revelam que, apesar de algumas melhorias, os esforços são ainda insuficientes e as emissões de CO2 continuam a crescer, tornando difícil atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 ºC.

[©Unsplash/FredericPaulussen]

«Estamos na luta das nossas vidas. E estamos a perder. As emissões de gases com efeito de estufa continuam a subir. As temperaturas globais continuam a aumentar. E o nosso planeta aproxima-se rapidamente de pontos de rutura que tornarão o caos climático irreversível», alertou António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, na sessão de abertura da COP27, que decorre até 18 de novembro em Sharm-el-Sheik, no Egito. Evocando uma imagem mais dramática, Guterres afirmou mesmo que «estamos numa autoestrada para o inferno climático com o pé no acelerador».

Os números dão-lhe razão, de acordo com os dados compilados pelo Just Style. As emissões mundiais de carbono cresceram mais de 60% entre 1990 e 2021, segundo o Global Carbon Project, e continuam a aumentar, apesar da necessidade, estipulada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas e estabelecida no chamado Acordo de Paris, em 2015, de uma redução de 45%, em comparação com 2010, até 2030, de forma a que seja possível limitar a mais 1,5 ºC o aumento da temperatura mundial.

Os números revelam ainda uma enorme desigualdade nas emissões, que, no geral, espelha o grau de desenvolvimento dos países. Os principais centros industriais na Ásia e no Ocidente são responsáveis pela maior parte das emissões. Já os estilos de vida pautados por um elevado consumo no Ocidente, assim como as economias movidas a combustíveis fósseis no Médio Oriente registam as maiores emissões per capita.


António Guterres [©COP27]

Por outro lado, África, que concentra 17% da população mundial, produz apenas cerca de 4% das emissões, das quais 80% são provenientes de somente seis países: África do Sul, Argélia, Egito, Líbia, Marrocos e Nigéria. Para o Just Style, «fornecer um maior apoio financeiro e técnico às nações africanas para que se consigam desenvolver sem produzir o mesmo volume de emissões que os países industrializados produziram será um grande desafio para os negociadores na COP27».

Uma luz ao fundo do túnel

O Just Style considera, contudo, que há motivos para otimismo, nomeadamente pelo facto de muitos países desenvolvidos estarem a registar quedas anuais consecutivas nas emissões de CO2, à medida que as suas economias se afastam das indústrias mais pesadas e as redes elétricas são descarbonizadas. No geral, desde 1990, 69 países e territórios terão reduzido as emissões, embora 150 tenham seguido o caminho contrário. «Grandes players industriais, incluindo os EUA, a Alemanha e Itália, estão entre os países que registaram uma diminuição nas emissões», salienta o Just Style.

Boa notícia é também o facto de os países que representam 91% do PIB mundial se terem comprometido a atingir emissões líquidas zero em meados deste século, incluindo todos os grandes poluidores do mundo. A maioria dessas promessas ocorreu apenas nos últimos dois anos, pelo que poderá ter impacto em breve, acredita Henning Gloystein, da consultora de risco Eurasia Group.

«As emissões líquidas zero passaram de uma moda de país rico para uma tendência global no segundo semestre de 2021», aponta. «Há muitas críticas legítimas de que as emissões líquidas zero não são suficientes para impulsionar mudanças, mas mesmo que não sejam, creio que em breve começaremos a ver as economias a mudarem muito mais rapidamente à medida que traçam os seus caminhos de descarbonização», acrescenta.

No entanto, sublinha o think tank Climate Action Tracker, apenas 6% de todos os novos compromissos assumidos na COP26, que decorreu no ano passado em Glasgow, no Reino Unido, estão devidamente apoiados por políticas e metas provisórias. Além disso, no final de outubro, o relatório anual Emissons Gap Report 2022, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), revelou que as atuais políticas significam que o aquecimento global deverá rondar 2,5 ºC, em vez de ficar limitado a 1,5 ºC.


[©Unsplash/Wesley Tingey]

«Este relatório diz-nos, em termos científicos claros, o que a natureza nos tem dito, durante todo o ano, através de enchentes mortais, tempestades e incêndios violentos: temos que parar de encher a nossa atmosfera com gases com efeito de estufa e fazê-lo rapidamente», reforça Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. «Tivemos a nossa hipótese de fazer mudanças incrementais, mas esse tempo passou. Somente uma transformação radical das nossas economias e sociedades nos pode salvar de um desastre climático em aceleração», garante.

Já o Instituto Europeu de Política Ambiental estabelece uma descida de 3,4% das emissões em termos anuais até 2030 para que haja a possibilidade do aquecimento global ficar abaixo de 2 ºC. Não obstante, a mais recente previsão da Agência Internacional de Energia antecipa que o mundo caminha para um aumento de 1% das emissões.

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