O comportamento da indústria é capaz de aquecer ou de esfriar toda a economia e, ato contínuo, a vida da população. Se a indústria perde energia, ela puxa o emprego de qualidade e a renda para baixo. Quando aquecida, também aquece o Produto Interno do Bruto (PIB). Um exemplo disso é que cada R$ 1 produzido na indústria gera R$ 2,43 na economia. Por isso, todo brasileiro deve se preocupar com o desempenho da indústria, seja para entender o momento atual seja para projetar seus planos no futuro.
Esse acompanhamento pode ser feito pelo Termômetro da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A ferramenta interativa é atualizada todas as semanas e permite identificar rapidamente se a indústria está crescendo ou não. A análise é baseada em um conjunto de indicadores e traduz de maneira mais apurada a situação da indústria. Vale notar que ainda que a indústria apresente um bom desempenho, é possível que alguns indicadores registrem resultado negativo. Ou vice-versa.
A análise é para o início de novembro de 2022, mas os dados são de setembro e outubro conforme o indicador.
Produção industrial recua 0,7% em setembro
A produção física da indústria (transformação e extrativa) recuou 0,7% em setembro de 2022 em relação a agosto. Com esse resultado, a produção industrial se encontra 1,4% abaixo do patamar em que se encontrava em dezembro de 2021. Além disso, houve queda de 1,1% no acumulado de janeiro a setembro de 2022, contra o mesmo período de 2021. Na comparação com o patamar pré-pandemia, a produção se encontra 2,4% abaixo de fevereiro de 2020.
Horas trabalhadas ficam 1,1% menor em setembro
As horas trabalhadas na produção recuaram 1,1% em setembro de 2022, na comparação com agosto. Apesar da queda, o índice mostra tendência de crescimento desde 2021. Na comparação com setembro de 2021, há crescimento de 3,3%. O aumento da produção requer mais horas de trabalho, o crescimento do indicador reflete a expansão da produção.
Emprego caiu 0,4% em setembro
O emprego industrial registrou recuo de 0,4% em setembro na comparação com agosto. Trata-se do segundo mês consecutivo de queda, o que sugere a perda do ritmo de crescimento do emprego após as sucessivas altas apresentadas desde o segundo semestre de 2020. Na comparação com setembro de 2021, a alta foi de 0,6%.
O emprego tende a crescer com a produção, sobretudo quando o ritmo de expansão da atividade se mostra mais duradouro. É um indicador menos volátil que os de produção e venda. Em geral, não responde a movimentos esporádicos da atividade e sua variação tende a ocorrer em resposta a movimentos consolidados.
Faturamento real da indústria diminuiu 0,2%
O faturamento real da indústria de transformação apresentou recuo de 0,2% em relação ao resultado de agosto, na série livre de efeitos sazonais. Apesar do recuo, o faturamento exibe trajetória de alta desde novembro de 2021, o que faz com que o faturamento se encontre 7,9% acima do patamar de setembro de 2021.
Exportações crescem 19% entre janeiro e outubro
O comércio exterior brasileiro registrou crescimento de 19% para as exportações e 29,3% para as importações. O aumento do ritmo de crescimento nos últimos meses fez com que as exportações brasileiras totalizassem US$ 281 bilhões no acumulado até outubro, mesmo valor de fechamento para o ano de 2021. Já as importações no acumulado de janeiro a outubro de 2022 ultrapassaram os valores totais de 2021 ao totalizarem US$ 229 bilhões, cerca de US$ 10 bilhões a mais que no ano anterior. Os resultados se devem pelos aumentos nos valores, que estão sendo impulsionados pelas quantidades e, principalmente, pelos preços exportados e importados.
Intenção de Investimento está acima da média histórica
O índice de intenção de investimento recuou 1,6 ponto para 57,4 pontos. Apesar da queda, ele segue acima da sua média histórica de 51,4 pontos, indicando elevada intenção de investir do setor industrial.
Confiança do empresário industrial recuou em outubro
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) recuou 2,6 pontos em outubro de 2022, para 60,2 pontos. Embora seja a maior queda de confiança do ano de 2022, ela ocorre após sucessivos avanços de otimismo do setor industrial ao longo do ano. A menor confiança é reflexo, sobretudo, de uma maior moderação das expectativas relativas aos próximos seis meses. Apesar da queda, a Indústria segue confiante, pois o índice de confiança permanece acima da linha divisória de 50 pontos, que separa um estado de confiança de um estado de falta de confiança do empresário industrial.
Utilização da Capacidade Instalada está abaixo do usual
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) efetiva em relação ao usual está em 45,9 pontos. O indicador varia de 0 a 100 pontos e valores acima de 50 pontos indicam que a UCI de produção ficou acima do usual para o mês e, portanto, a atividade está aquecida. Valores abaixo de 50 indicam utilização da capacidade abaixo do que seria usual para o mês (atividade desaquecida).
Em setembro a UCI efetiva caiu um ponto percentual e encerrou o mês em 72%. É a primeira queda desde fevereiro de 2022. Com ela, a utilização da capacidade se iguala àquela observada em setembro dos anos de 2021 e 2020.
Estoques ficam estáveis e se aproximam do planejado
O índice de evolução do nível de estoques foi para 50,1 pontos em agosto, muito próximo da linha divisória de 50 pontos, o que indica estabilidade dos estoques em relação a julho. O índice de estoque efetivo em relação ao planejado se aproximou da linha divisória dos 50 pontos, ao cair de 51,4 pontos para 50,9 pontos entre agosto e setembro. Com isso, as indústrias avaliam que os estoques se aproximam dos níveis planejados pelas empresas, mas ainda seguem um pouco acima do planejado.
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