Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Muito bem. Pensei um pouco, e resolvi fazer uma lista do que, se um varejista tivesse uma segunda chance, deveria - afinal - fazer.

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Meus amigos,

Nos meus anos de varejo, seja como executivo, seja como empresário varejista, seja como consultor e educador, sempre me deparo com uma distância clara e difícil de ser transposta entre o desejo ou visão do que um empresário ou executivo vislumbra, e a dura realidade, que traz, por razões inerentes ao cotidiano de cada um, uma enorme dificuldade a ser vencida.

Ah… desejos não faltam… Passamos os dias murmurando, resmungando, nos queixando da vida, querendo que tudo fosse diferente, e que tivéssemos, como num passe de mágica, um poder repentino que nos transformasse numa pessoa inexistente, quem sabe a que seremos na nossa próxima encarnação, que pudesse então realizar todos os sonhos e ações que não ousamos tentar, seja por medo, seja por preguiça, seja por acharmos que não temos os recursos suficientes.

Os recursos são, tipicamente, dinheiro (claro que a culpa mor é da falta de dinheiro!); tempo; gente; estudos; mercado favorável. E mais alguns etceteras.

Muito bem. Pensei um pouco, e resolvi fazer uma lista do que, se um varejista tivesse uma segunda chance, deveria – afinal – fazer.

Todos os tópicos dessa lista são produto de uma vida dedicada ao varejo, com minha percepção de que varejo é algo simultaneamente:

– apaixonante: todo mundo que conheço que está há muito tempo nele, adora o que faz.
– prático e não teórico: os conceitos que valem à pena vem de melhores práticas e não o contrário.
– extenuante: varejo é uma soma de infinitos detalhes que mudam todo dia; não dá para trabalhar pouco e ter sucesso.

Aqui vai, então, minha lista para minha próxima encarnação como varejista, alguns são exclamações e alguns são perguntas:

4 perguntas:

* Produto com DNA da marca?: sempre que eu estiver selecionando itens para o sortimento da minha marca, perguntarei para minha equipe mais de uma vez se aquele produto tem de fato o estilo, preço, qualidade da marca; se ele complementa o que oferecemos, ou se é meramente fruto de preguiça ou falta de tempo para fazermos um trabalho melhor.

* Categorias a serem adicionadas?: a cada categoria que desejarmos colocar no sortimento, questionarei se ela é de fato uma adição relevante para o cliente; se teremos autoridade no que estará sendo vendido, ou se será meramente desenhar ou comprar itens que não farão nenhuma falta no shopping ou na rua, comparados com outras marcas.

* O que minha marca está fazendo aqui?: o mercado sempre esteve coalhado de marcas irrelevantes, que vão se esgueirando pelo tempo, a maioria dura pouco, por não acrescentar nenhuma experiência ou no mínimo utilidade à vida do consumidor. Minha marca não será assim; ela terá desde sua incepção uma proposta clara, seja no produto (estilo, qualidade e preço), seja no marketing (marca, CRM, VM), seja na venda (ambiente de lojas, equipes de vendas, campanhas). Assim, desde sempre o consumidor a entenderá como uma marca destino e não de impulso, que veio para fazer diferença.

* Marketing responsável?: Não gerarei spams, não gerarei propaganda não direcionada especificamente para meu público alvo: sempre que possível, gastarei minha pequena verba de marketing em dois focos: CRM e ponto de venda (físico ou virtual). Sempre buscarei falar com quem já me conhece primeiro, pois é quem já gosta da minha marca que tende a fazer boca a boca para o resto do publico alvo. Não ficarei deslumbrado com apresentações belíssimas de campanhas institucionais que são mais um desperdício de meus parcos recursos e satisfação de vaidades. Sempre que possível, ou seja, sempre mesmo, colocarei o preço do que vendo na minha comunicação, abastecendo o consumidor com uma informação essencial para sua decisão de compra, lembrando que, de qualquer forma, os preços já estão todos colocados para quem quiser ver na internet.

4 certezas:

* Sempre o cliente!: tomarei toda e qualquer decisão baseado no interesse de curto e longo prazos do meu cliente alvo, e nunca numa cobiça minha de lucro imediato, que muitas vezes trai o que o cliente de fato quer. E, quando o cliente ficar contrariado, satisfarei seu problema da forma que ele desejar: sempre, sempre, o cliente tem sempre razão.

* Visita às lojas!: É na loja, física ou virtual, que a vida acontece. Passarei não só a visitar minhas lojas com uma frequência muito maior, como incentivarei toda a equipe central (compradores, marketing, finanças, logística, RH e, principalmente, sócios) a visitar com prioridade total as lojas da marca. E sempre trazendo como resultado das visitas uma ata que chamarei de “o que aprendi da visita do dia X à loja Y”, aonde será colocado tudo o que de relevante foi detectado, e quais ações serão tomadas.

* Contratação de pessoas!: terei como prioridade recrutar pessoas aguerridas em primeiro lugar, em seguida que sejam alegres, de bem com a vida, autoconfiantes, que adorem lidar com pessoas, e que desejem trabalhar para um mundo melhor. Com este perfil, nossa empresa terá muito maior chance de progredir.

* Finanças e expansão responsáveis!: muitos varejistas sucumbem a um otimismo desenfreado, e têm como padrão as seguintes práticas autodestrutivas: comprar mais do que deveriam, ficando com coberturas enormes; expandir rápido demais, exaurindo seus recursos sem vendas correspondentes; manter custos fixos incompatíveis com suas receitas; e, quando em dificuldades, pegar dinheiro emprestado no país mais caro do mundo, sabendo no fundo que jamais conseguirão honrar os empréstimos.

Bem, esses são os meus desejos caso, na minha próxima encarnação, o destino não se apiede de mim, e eu volte à Terra como varejista.

Mas, enquanto isso, talvez esta pequena lista ajude a mim mesmo e, quem sabe, aos varejistas que a lerem.

Boa prática para todos.

http://onegociodovarejo.com.br/na-proxima-encarnacao-como-varejista...

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