A Polícia Federal deslancha operação contra lavagem de dinheiro em dezessete cidades de seis Estados e no Distrito Federal. Os alvos da operação são “alguns dos principais personagens do mercado clandestino de câmbio”, segundo a PF. Ou seja, doleiros a serviço das mais diversas traficâncias: sonegação fiscal, evasão de divisas, contrabando de pedras preciosas, desvios de recursos públicos, corrupção de agentes públicos, tráfico internacional de drogas etc. O marco zero da operação é o Posto da Torre (foto), a cerca de três quilômetros do Congresso, apontado pelos investigadores como uma espécie de “caixa eletrônico da propina”. É a ele que a operação deve seu nome – embora, a rigor, não houvesse ali nenhum lava-jato, mas uma lavanderia e uma casa de câmbio, fechada pela PF. Trinta pessoas foram presas nesta primeira fase, incluindo velhos conhecidos da Justiça: o mensaleiro Enivaldo Quadrado; o doleiro Carlos Habib Chater, dono do posto; a doleira Nelma Kodama (no aeroporto, tentando fugir do país com 200.000 euros na calcinha, segundo a PF); e Alberto Youssef, um dos principais personagens da CPI do Banestado, de 2003, que à época foi poupado da prisão em razão de um acordo de delação. Certo de pegar uma dura sentença, Youssef não demora a tentar uma nova colaboração com a Justiça e decide contar o que sabe, começando pelos serviços prestados a um certo Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, a quem deu um jipe Land Rover de 200.000 reais.
Cotação de fechamento Ptax; Fonte: BC
Cotação do papel PETRN4 PN; Fonte: Exame
Avaliação 'ruim/péssimo' do governo; Fonte: Datafolha
Eu recebia as propinas das empreiteiras e fazia os repasses (...) Quem deixasse de pagar, não teria aquela ajuda nos contratos (da Petrobras)”
Alberto Youssef, em depoimento à Justiça em 29 de abril de 2015
Eu pagava o dr. Paulo Roberto Costa (diretor da Petrobras) ou pessoas que ele indicava”
Alberto Youssef, em depoimento à Justiça em 29 de abril de 2015
Foram cerca de 10 bilhões desviados”
Entrevista coletiva da PF sobre a Lava Jato, em 17 de março de 2014
Três dias depois de Alberto Youssef, vai preso o engenheiro Paulo Roberto Costa (foto), funcionário de carreira da Petrobras que em 2004 chegou ao comando da poderosa diretoria de Refino e Abastecimento da estatal por indicação do PP – e com aval do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o chamava carinhosamente de Paulinho. Quando foi levado preso – sob a acusação de tentar destruir ou ocultar provas da Lava Jato –, Costa já tinha deixado o emprego na Petrobras e aberto sua própria consultoria, assumindo as vezes de lobista. Em sua casa foram apreendidos em espécie mais de 700.000 reais, 180.000 dólares e 10.000 euros. Para a PF, Paulinho é uma espécie de caixa-preta da Petrobras. Para o governo e os partidos da base aliada, é um homem-bomba. Para a oposição, é mais um motivo para averiguar em CPI as suspeitas que já pesavam sobre a estatal mesmo antes da Lava Jato, como a estranhíssima aquisição da refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), e os fartos indícios de superfaturamento de contratos com a gigante holandesa SBM Offshore.
Cotação de fechamento Ptax; Fonte: BC
Cotação do papel PETRN4 PN; Fonte: Exame
Avaliação 'ruim/péssimo' do governo; Fonte: Datafolha
A diretoria de Abastecimento auferia em média 1% dos valores dos contratos”
Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça em 28 de abril de 2015
Do 1%, 60% ia para o PP, 20% para despesas em geral e 20% era parte para mim, parte para (o ex-deputado José) Janene (...). Teve reunião que ele (Janene) apertou as empresas”
Paulo Roberto Costa, em depoimento à Justiça em 28 de abril de 2015
A terceira fase da Lava Jato mira os contratos intermediados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Policiais recolhem documentos na sede da estatal (foto), no Centro do Rio, e em uma unidade da empresa em Macaé (RJ). A então presidente da estatal, Graça Foster, recebe pessoalmente os agentes, que já não têm dúvidas de que Paulinho recebia propina vendendo facilidades na empresa. A essa época, o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba, ainda fazia segredo de sua clientela, mas os investigadores já reuniam fartas provas de sua proximidade com Costa e com o mundo político. Agenda, planilhas, e-mails e outros documentos apreendidos pelos agentes já permitem delinear um consórcio criminoso montado para fraudar contratos na estatal, enriquecer intermediários e membros da quadrilha e financiar políticos e partidos. Começam a surgir citações a empreiteiras, como UTC, Queiroz Galvão e Engevix, e políticos, como o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em favor de quem é encontrado o recibo de um intrigante depósito bancário de 8.000 reais; o então vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, com quem o doleiro trocava mensagens sobre esquemas que valeriam a “tua (de Vargas) independência financeira e nossa também, é claro”; e uma série de atuais e ex-parlamentares do PP que Youssef recebia em seu escritório em São Paulo, entre eles Mário Negromonte, João Pizzolatti, Arthur Lira e também Pedro Corrêa, condenado no mensalão, a quem um dos emissários de Youssef, Rafael Ângulo, confessaria entregar até 200.000 reais por mês.
Cotação de fechamento Ptax; Fonte: BC
Cotação do papel PETRN4 PN; Fonte: Exame
Avaliação 'ruim/péssimo' do governo; Fonte: Datafolha
A regra básica era assim: 1% para o PT, 1% para a casa (executivos da Petrobras e intermediários). (A 'casa') podia ser uma parte para o Renato Duque, outra para mim. Se tivesse um operador, era 40% para o Duque, 30% para mim, 30% para o operador”
Pedro Barusco, em depoimento à Justiça em 14 de julho de 2015
'Entreguei (dinheiro a Pedro Correa) pessoalmente, com frequência (...) no escritório de Alberto (Youssef), na residência, no apartamento funcional de Pedro Corrêa (...) 150 a 200 mil (por mês, em média)”
Rafael Ângulo, depoimento à Justiça em 24 de agosto de 2015http://veja.abril.com.br/complemento/brasil/na-trilha-da-operacao-l...
11 de abril de 2014
NO CORAÇÃO DA PETROBRAS
A terceira fase da Lava Jato mira os contratos intermediados pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Policiais recolhem documentos na sede da estatal (foto), no Centro do Rio, e em uma unidade da empresa em Macaé (RJ). A então presidente da estatal, Graça Foster, recebe pessoalmente os agentes, que já não têm dúvidas de que Paulinho recebia propina vendendo facilidades na empresa. A essa época, o doleiro Alberto Youssef, preso em Curitiba, ainda fazia segredo de sua clientela, mas os investigadores já reuniam fartas provas de sua proximidade com Costa e com o mundo político. Agenda, planilhas, e-mails e outros documentos apreendidos pelos agentes já permitem delinear um consórcio criminoso montado para fraudar contratos na estatal, enriquecer intermediários e membros da quadrilha e financiar políticos e partidos. Começam a surgir citações a empreiteiras, como UTC, Queiroz Galvão e Engevix, e políticos, como o ex-presidente Fernando Collor de Mello, em favor de quem é encontrado o recibo de um intrigante depósito bancário de 8.000 reais; o então vice-presidente da Câmara, o petista André Vargas, com quem o doleiro trocava mensagens sobre esquemas que valeriam a “tua (de Vargas) independência financeira e nossa também, é claro”; e uma série de atuais e ex-parlamentares do PP que Youssef recebia em seu escritório em São Paulo, entre eles Mário Negromonte, João Pizzolatti, Arthur Lira e também Pedro Corrêa, condenado no mensalão, a quem um dos emissários de Youssef, Rafael Ângulo, confessaria entregar até 200.000 reais por mês.
A SEGUNDA PRISÃO DO HOMEM-BOMBA
Solto em maio por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, Paulo Roberto Costa (foto) volta para a prisão em junho na quarta fase da Lava Jato, por determinação do juiz federal Sergio Moro, titular de vara criminal especializada em lavagem de dinheiro e crime organizado. A decisão atende ao pedido da PF e do MP, que alertaram para o risco de fuga: o engenheiro vinha ocultando da Justiça que possuía pelo menos 23 milhões de dólares na Suíça, que movimentou por meio de empresas offshore e contas bancárias em seu nome e no de suas filhas e genros. No despacho da prisão, Moro põe Costa pela primeira vez no caminho da investigação da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Na véspera da prisão, blindado pela base governista, Costa havia opinado em depoimento à CPI mista da Petrobras que a aquisição da refinaria, “na época, foi um bom negócio”.
O LARANJAL DE YOUSSEF
Dois operadores do doleiro Alberto Youssef (foto) são presos em São Paulo. Segundo os investigadores, João Procópio Junqueira Pacheco de Almeida Prado é o responsável por gerenciar contas de Youssef no exterior – autoridades suíças já haviam bloqueado em maio milhões de dólares em contas de offshores mantidas por ele, pelas quais transitaram recursos em favor de Paulo Roberto Costa e outros beneficiários do esquema. Já Iara Galdino da Silva, doleira da confiança de Nelma Kodama, presa na primeira fase da Lava Jato, é apontada como responsável por abrir empresas de fachada usadas para disfarçar os repasses.
PETROLÃO!
No Rio, a Polícia Federal mira empresas de Paulo Roberto Costa e familiares. Nesta fase, quem entra no radar da PF é Marcelo Barbosa Daniel, sócio de Humberto Mesquita, um dos genros do ex-diretor da Petrobras - os próprios genros e as filhas de Costa já estavam no radar dos investigadores. Daniel comanda empresas que receberam mais de 6 milhões de reais em pagamentos suspeitos feitos por fornecedores da estatal. O Ministério Público suspeita que as firmas tenham sido usadas para dar uma aparência legítima a pagamentos de propina ao ex-diretor. Com o cerco fechado sobre toda a família, Costa firma ainda em agosto o primeiro acordo de delação premiada da Lava Jato – ele, a mulher, as duas filhas e os genros –, costurado pela criminalista Beatriz Catta Preta. Seus depoimentos porão na mira da PF outros executivos da Petrobras, empreiteiras, políticos e uma longa lista de operadores do esquema, muitos dos quais também optarão por contar o que sabem aos investigadores. Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, da Toyo Setal, é o primeiro executivo a aderir à colaboração premiada e admitir as fraudes e o pagamento de propinas. A essa época, o escândalo já tem o nome de petrolão: um esquema de fraudes montado na Petrobras para financiar partidos aliados e encher o bolso dos atravessadores.
14 de novembro de 2014
O CLUBE DO BILHÃO
Batizada de “Juízo Final”, esta nova fase da Lava Jato atinge em cheio as empreiteiras reunidas no chamado “clube do bilhão”. Ao todo, foram expedidos 85 mandados: seis de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, além do DF. Com base nos depoimentos de Costa, Youssef e outros operadores do esquema de lavagem, os investigadores chegam ao “coração financeiro” do sistema eleitoral do país. E vão para trás das grades: Ricardo Pessoa (foto), dono da UTC e apontado chefe do clube; Leo Pinheiro, presidente da OAS; Valdir Lima Carreiro, diretor-presidente da Iesa; Dalton dos Santos Avancini, diretor-presidente da Camargo Corrêa, o vice Eduardo Hermelino Leite e o presidente do conselho, João Auler; Gerson Almada, vice-presidente da Engevix; Erton Medeiros Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia; Sérgio Cunha Mendes, vice-presidente da Mendes Júnior; Ildefonso Colares Filho, da Queiroz Galvão, e Othon Zanoide, da subsidiária Vital Engenharia, entre outros. Também vai para a cadeia outro antigo mandachuva da Petrobras, Renato Duque, que comandou a Diretoria de Serviços da Petrobras por indicação do petista José Dirceu e foi demitido no mesmo ano que “Paulinho” Roberto Costa. A PF suspeita que Duque esteja para o PT assim como Costa para o PP. Ou seja, os contratos firmados em sua diretoria abasteceriam o partido no poder desde 2003 – ano em que Duque, aliás, foi nomeado diretor. Um antigo subordinado, o ex-gerente de engenharia Pedro Barusco, também entra no radar da PF, mas não chega a ser preso, por acordo de delação premiada. Quem tem a prisão decretada nesta fase é o lobista Fernando Soares, apontado como o operador do PMDB no esquema.
14 de janeiro de 2015
REGRA DE TRÊS
Mais um ex-diretor da Petrobras é preso: Nestor Cerveró (foto), da área internacional da estatal, um dos responsáveis pela desastrosa compra da refinaria de Pasadena. Ele é detido ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Zona Norte do Rio, vindo de Londres. No pedido de prisão preventiva, em que alega existirem existem "fortes indícios" de que o ex-diretor continue praticando crimes, o Ministério Público cita o resgate de 463.000 reais de um fundo em nome de Cerveró para outro em favor de sua filha, com prejuízo de mais de 100.000 reais na operação; a tentativa de sacar o dinheiro dois dias depois de ser denunciado; e a transferência de três imóveis a familiares "em valores nitidamente subfaturados". Na regra de três do petrolão, os investigadores se convencem de que Cerveró, à frente da diretoria internacional da Petrobras, estava para o PMDB assim como Renato Duque (Serviços) para o PT e Paulo Roberto Costa (Refino e Abastecimento) para o PP.
5 de fevereiro de 2015
A QUEDA DE ‘MOCH’
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto (foto), é o principal alvo da nona fase da Lava Jato, batizada My Way, em referência ao codinome que o ex-gerente de Serviços da estatal Pedro Barusco usava para se referir em suas planilhas de controle ao diretor Renato Duque, seu chefe. A PF chega cedo à porta do petista, com ordem para levá-lo à delegacia a fim de prestar esclarecimentos sobre seu envolvimento no petrolão. Vaccari recusa-se a abrir o portão, e os agentes pulam o muro para conduzi-lo à sede da PF em São Paulo, onde nega tudo. A ação é motivada por informações passadas em acordo de delação premiada por Barusco, segundo quem as fraudes na Petrobras carrearam para o PT entre 150 milhões a 200 milhões de dólares. Segundo Barusco, o principal operador do partido era mesmo Vaccari, chamado por ele de "Mochila", por andar sempre com uma mochila a tiracolo, e identificado como "Moch" nas planilhas do petrolão. Também são alvos desta fase outros dez operadores que providenciavam os pagamentos de propina efetuados pelas empreiteiras que integravam o clube do bilhão, entre eles Milton Pascowitch e Mario Goes.
OS PRIMEIROS POLÍTICOS PRESOS
A polícia prende os ex-deputados federais André Vargas (ex-PT-PR, foto) e Luiz Argôlo (SD-BA). Eles foram os primeiros parlamentares flagrados em conversas nebulosas com o doleiro Alberto Youssef, um dos delatores do petrolão, daí esta fase da operação ter sido batizada “A Origem”. Em vez da Petrobras, a força-tarefa da Lava Jato identifica indícios de fraudes no Ministério da Saúde e na Caixa Econômica Federal. Segundo os investigadores, a agência de publicidade Borghi Lowe repassava 10% dos contratos com o governo e o banco estatal para duas empresas de fachada ligadas a Vargas – que já vinha sendo investigado por tráfico de influência na Saúde em favor do laboratório Labogen. Contra Argôlo, a PF reúne evidências de que ele emitiu notas fraudulentas para receber dinheiro do propinoduto montado pelo doleiro, que bancava suas mais variadas despesas, incluindo helicóptero e IPTU. Também vão presos assessores políticos, Leon Vargas, irmão do petista, e o publicitário Ricardo Hoffmann, da Borghi Lowe. O juiz Sergio Moro também decreta a prisão preventiva do ex-deputado mensaleiro Pedro Corrêa (ex-PP-PE), que cumpria pena em regime semiaberto em Pernambuco e é transferido para Curitiba. Segundo a PF, laudo pericial comprova depósitos de Youssef em favor de Corrêa e assessores do PP, partido que presidiu. Enredados desde a primeira hora do escândalo, Vargas e Argôlo a essa altura já haviam deixado a Câmara e, por extensão, perdido o foro especial por prerrogativa de função. Outros 34 parlamentares da “lista de Janot”, como ficaram conhecidos os alvos da suspeita da Procuradoria-Geral da República, já respondem a inquéritos que um mês antes o Supremo Tribunal Federal mandou abrir.
15 de abril de 2015
'MOCH' ATRÁS DAS GRADES
O tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto (foto), é preso em São Paulo e levado para a carceragem da PF em Curitiba. Segundo cinco delatores do petrolão, “Moch” era o operador de propinas em favor do PT. Segundo empreiteiros, parte do butim era depositada na forma de doações eleitorais, parte alimentava o caixa dois das campanhas petistas, tanto de Lula como de Dilma. Os investigadores sustentam haver indícios, por exemplo, de que o tesoureiro usou uma gráfica ligada ao partido – e punida em 2010 por propaganda ilegal – para receber milhões desviados da Petrobras e da Sete Brasil. A prisão de Vaccari, homem de confiança de Lula, amplia a crise no governo e o embaraço do PT, que teve dois tesoureiros presos em menos de dois anos.
1 de maio de 2015
O LOBISTA E O CONSULTOR
Na 13ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal prende o lobista Milton Pascowitch (foto), ligado ao ex-ministro José Dirceu, sob a suspeita de intermediar o pagamento de propinas a partir de contratos da Engevix com a Petrobras. Pascowitch já vinha sendo investigado pelo Ministério Público por usar a empresa de fachada Jamp Engenheiros Associados para lavar dinheiro do petrolão. Dois meses antes, a força-tarefa da Lava Jato havia pedido sua prisão, mas à época o juiz Sérgio Moro achou os indícios insuficientes. No meio tempo, os investigadores encontraram evidências de que o lobista continuava lavando o dinheiro da corrupção, valendo-se de contas no exterior. São identificados pagamentos da Jamp à JD Assessoria e Consultoria, empresa de Dirceu, e em favor de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, e do delator Pedro Barusco, subordinado a Duque. Para a PF, Dirceu mantinha consultorias de fachada para tomar dinheiro de empreiteiros. Segundo as investigações, Pascowitch mirava principalmente a Diretoria de Serviços, de Duque, mas também se aproximou da área de Exploração e Produção, que entra de vez no radar da PF. Essa diretoria é responsável pelas sondas e as cobiçadas consultorias do pré-sal - é “aquela diretoria que fura poço”, como definiu em 2005 o então presidente da Câmara Severino Cavalcanti, do PP.
PARA TODOS: A VEZ DA ODEBRECHT
As construtoras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, as maiores do país, são os alvos da 14ª fase da Operação Lava Jato, chamada “Erga Omnes”, expressão latina que significa "para todos" e que nos tratados jurídicos é usada para preconizar um dos pilares do sistema democrático: ninguém está acima da lei. São presos Marcelo Odebrecht (foto), presidente e herdeiro da empresa que leva seu sobrenome, e Otávio Azevedo, o principal executivo da Andrade Gutierrez, além de dez operadores e executivos das empresas. O Ministério Público estima que as duas gigantes capitaneavam o cartel de empresas que abocanhava os principais contratos da Petrobras e pagava propina a funcionários da estatal e políticos – no mínimo 764,75 milhões de reais, segundo estimativa dos investigadores, valendo-se de contas no exterior e empresas offshore. A nova fase da operação expõe também a atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor das empreiteiras no exterior. Mensagens descobertas pela Polícia Federal mostram que os empreiteiros exerciam influência sobre a agenda de Lula e usavam o prestígio dele para facilitar negócios em diversos países. Em contrapartida, o ex-presidente e alguns de seus familiares foram muito bem recompensados. A aliados, o petista confidencia, no mesmo dia da prisão dos empreiteiros, segundo a Folha de S.Paulo, que ele é o próximo alvo.
2 de julho de 2015
A 'CAMARILHA DOS QUATRO'
A Polícia Federal prende o último membro da “camarilha dos quatro”, o quarteto de ex-diretores da Petrobras envolvidos no escândalo do petrolão. É Jorge Zelada (foto), que sucedeu Nestor Cerveró na área internacional da estatal. A nova fase da Lava Jato chama-se Conexão Mônaco, porque foi nesse principado que os investigadores localizaram milhões de euros em contas secretas. O Ministério Público detectou movimentações financeiras mesmo depois do início da operação, o que levou à força-tarefa a acreditar que Zelada estivesse tentando esconder os valores da Justiça. Além de 11 milhões de euros em Mônaco, Zelada tentou enviar pelo menos 1 milhão de dólares para a China. Segundo o MP, essa fase encerra o cerco às três diretorias da estatal capturadas pelo esquema de fraudes: Abastecimento (Paulo Roberto Costa), Serviços (Renato Duque) e Internacional (Zelada e, antes dele, Nestor Cerveró).
14 de julho de 2015
AQUI ESTAMOS
A Operação Politeia, referência à 'República', de Platão, é considerada um desdobramento da Lava Jato, não uma fase dela. São os primeiros mandados referentes a inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal, não na 13ª Vara da Justiça Federal, em Curitiba. Isso porque os alvos da PF são autoridades com foro especial por prerrogativa de função: os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE); o atual deputado Eduardo da Fonte (PP-PE); e os ex João Pizzolatti (PP-SC) e Mário Negromonte (PP-BA). São 53 mandados de busca e apreensão: HDs, documentos, joias, relógios, duas obras de arte, quatro milhões de reais em espécie, alguns milhares de dólares e euros e oito veículos, entre os quais reluzem três carrões de Collor levados da célebre Casa da Dinda (foto), em Brasília: um Lamborghini Aventador top de linha (3,5 milhões de reais), uma Ferrari vermelha (1,5 milhão de reais) e um Porsche (700.000 reais). Todos os políticos são investigados sob suspeita de se beneficiar das fraudes na Petrobras. Em nota, o procurador-geral da República diz que as medidas visam a resguardar “provas relevantes que poderiam ser destruídas” e “bens adquiridos com possível prática criminosa” e conclui com um recado em latim aos corruptos: “Adsumus (aqui estamos)”. Também foi alvo da Politeia o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro do Tribunal de Contas da União Aroldo Cedraz. Tiago foi citado em depoimentos do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos delatores da Operação Lava Jato. Segundo ele, o filho do presidente do TCU recebia 50.000 reais mensais para repassar à empreiteira informações de seu interesse na corte de contas.
28 de julho de 2015
ELETROLÃO!
A Lava Jato mira fraudes em contratos de outra estatal: a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras. Batizada Radioatividade, essa operação tem também como objetivo investigar formação de cartel, pagamento de propina a empregados da estatal e o prévio ajustamento de licitações nas obras da Angra 3 (foto). São presos o vice-almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear, acusado de receber 4,5 milhões de reais em propina, e Flavio David Barra, presidente da Andrade Gutierrez Energia, entre outros executivos. A ação da PF é motivada por informações prestadas pelo executivo Dalton Avancini, da Camargo Corrêa, em acordo de delação premiada. Segundo ele, o cartel de empreiteiras formado na Petrobras continuava a se reunir para discutir o pagamento de propinas mesmo depois do estouro do petrolão.
3 de agosto de 2015
PIXULECO: DIRCEU PRESO
Nove meses após deixar o presídio da Papuda para cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro-chefe da Casa Civil e mensaleiro condenado José Dirceu (foto) volta para a cadeia na 17ª fase da Operação Lava Jato, batizada “pixuleco” – termo usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir à propina. De acordo com a força-tarefa da operação, Dirceu é um dos responsáveis por instituir e liderar o esquema de fraudes na Petrobras. Também vai preso o irmão de Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, e o faz-tudo Roberto Marques, o Bob. Após mais de 500 dias da Operação Lava Jato, os indícios de participação de Dirceu são vastos. Ele é apontado destinatário de polpudas propinas pagas por empreiteiros ao longo dos anos. Os favores entre os gigantes da construção e o ex-ministro eram camuflados, segundo o Ministério Público, por meio da empresa JD Consultoria e Assessoria, criada para simular a prestação de serviços de prospecção de negócios – os depósitos caíram na conta do petista mesmo após a condenação por corrupção no julgamento do mensalão. Cinco gigantes da construção civil que integram o já notório clube do bilhão desembolsaram, no período de 2006 a 2013, pelo menos 8 milhões de reais para a JD Consultoria. Um dos delatores que complicaram Dirceu foi o ex-executivo da Toyo Setal da Toyo Setal Júlio Camargo, que admitiu ter repassado R$ 4 milhões ao ex-ministro por intermédio do irmão do petista e do lobista Milton Pascowitch. Camargo também delatou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Segundo o operador, o peemedebista cobrou 5 milhões de dólares do esquema de fraudes na Petrobras, informação que Camargo havia omitido em depoimentos anteriores e que Cunha nega – mas que outros alvos da Lava Jato corroboram.
13 de agosto de 2015
PIXULECO 2: SUSPEITA NO PLANEJAMENTO
Com base em informações obtidas na fase Pixuleco, a força-tarefa da Lava Jato lança a Pixuleco 2 e prende Alexandre Corrêa de Oliveira Romano (foto), ex-vereador de Americana (SP) pelo PT, entre os anos de 2001 e 2004, conhecido como Chambinho. Nessa etapa, outro feudo petista entra na mira da PF: o Ministério do Planejamento. De acordo com os agentes, Chambinho “coletou” 40 milhões de reais da empresa Consist, que prestava serviço de computação ao Ministério do Planejamento. Os desvios começaram em 2010, segundo os investigadores, quando o ministério era comandado por Paulo Bernardo. Seguindo o dinheiro, a polícia descobriu que a propina arrecadada tinha entre os beneficiários pessoas muito próximas ao ministro e à sua esposa, a senadora Gleisi Hoffmann, ex-chefe da Casa Civil do governo Dilma.
21 de setembro de 2015
NINGUÉM DORME
No rastro das pistas levantadas nas 15ª, 16ª e 17ª fases, a PF prende um dos donos da construtora Engevix José Antunes Sobrinho, o Turco. Na semana anterior, o juiz Sergio Moro já havia aceitado denúncia contra ele por indícios de que atuou no esquema de pagamento de propina ao grupo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O nome de Sobrinho também apareceu na fase da Lava Jato que chegou ao setor elétrico e descobriu o pagamento de propinas ao vice-almirante da reserva Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da estatal Eletronuclear. Também vai preso o engenheiro João Augusto Henriques, suspeito de atuar em nome do PMDB nos desvios da Petrobras e movimentar mais 30 milhões de dólares em pixulecos – a expressão de Vaccari para propina, que a essa altura do escândalo já batiza um boneco de Lula caracterizado como presidiário (foto). Entre os beneficiários do esquema, Henriques cita o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Essa fase da Lava Jato é batizada Nessun Dorma, latinismo para 'ninguém dorme'.
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