A época de Natal desperta em todos nós um clima festivo, acendendo em nosso interior sentimentos de generosidade e desejos de paz duradoura. É verdade que, tão antigo quanto este sonho de paz, são as escaramuças que ainda reinam entre homens e entre povos.
Verdade também que uma certa mercantilização do evento, que lembra o nascimento de Cristo, às vezes nos deixa um pouco chocados. Lembremos, entretanto, de um dos símbolos mais bonitos e ricos desta festa cristã: o pinheirinho.
Com sua forma piramidal sempre buscando o alto, o céu, a virtude; o seu verde simbolizando a persistência e a esperança, tanto no inverno das incertezas quanto no calor dos sucessos, às vezes tão passageiros.
Quiséramos também nós, pessoas de todos os credos, idades, raças e gêneros, aprender a julgar com mais equilíbrio o próximo, tantas vezes aceito ou rejeitado simplesmente pelas aparências!
Quantos sãos os que já nos impressionaram reclamando inconsequentemente de suas vidas, quando tantos enfermos nos surpreendem resistindo à custa de sua fé! E o rico com a pobreza em sua alma, e o pobre, dono de imensa riqueza interior! E o que se diz forte recuando ao menor perigo, quando o aparentemente frágil resiste corajosamente, sem esmorecer, aos piores desafios!
E o que se nos afigurava belo, mostra às vezes não possuir beleza, quando o que aparentava ser feio demonstra, de repente, ter um caráter excepcional! Quantos jovens de personalidade marcante e quantos velhos sem esperança! Mas, também, quantos idosos jovens e dinâmicos, contrastando com pobres jovens idosos, derrotados pela vida antes de sequer iniciá-la!
Quantas pessoas a propagar bons princípios, sem agir, e quantas que, sem enaltecerem suas virtudes, exercitam-nas a toda hora! Não precisamos olhar ao longe, muitas delas estão bem perto de nós!
Quantos próximos que nos foram distantes em horas difíceis, quando os distantes, de quem nada esperávamos, nos foram próximos! Quantos inimigos leais que nos ensinaram, quando amigos nos decepcionaram!
Existe um certo “comércio” do Natal? Sim, ele existe, mas será mesmo tão nocivo quanto alardeamos? Que preço tem o sorriso de uma criança ao receber um presente? Quantas pessoas põe uma comida melhor à mesa em vista das rendas extras que o Natal lhes propicia? Não é maravilhoso existir uma época em que nossos corações se enchem de bondade, época em que podemos abraçar mais longamente nossos mais próximos, e, seja com risos, seja com lágrimas, adubar as relações com aqueles que nos são mais caros?
Analisada na essência, nossa vida toda, de alguma forma não é um comércio? Nem sempre movido a dinheiro talvez; tantas vezes movido a vaidades, orgulhos, prejulgamentos, mas, outras tantas, também de boas ações, exemplos, apoios, gratidão e afeto?
Que saibamos aceitar, a partir deste Natal, que nem sempre o que achamos justo é a Justiça; que nem sempre o que entendemos verdadeiro é a verdade, nem sempre a forma como amamos é o verdadeiro Amor, e que qualquer ato nosso por melhoras é um passo para a redenção!
Que saibamos ver em cada pessoa o lado bom, corrigirmos em nós os nossos erros e fraquezas antes de simplesmente apontarmos as limitações e as fraquezas alheias! Que o maior presente que recebamos neste Natal seja o de uma mudança nascida dentro de nós mesmos!
Que saibamos vestir, em pensamento, o exemplo e o verde do pinheiro, trabalhando para aperfeiçoar nossa fé, nossa persistência e nossa esperança num mundo melhor. Se isto acontecer, desnecessário discutirmos se o Natal é apenas comércio ou se deveria ser tão somente reflexão. Cada ramo verde e íntegro do pinheiro faz o conjunto da árvore melhor. Cada indivíduo íntegro forma uma sociedade melhor.
Um feliz natal a todos!
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