Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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No 1º teste de fogo após concessão, atrasos em aeroportos aumentam até 233%

No 1º teste de fogo após concessão, atrasos em aeroportos aumentam até 233%

Guilherme Balza
Do UOL, em São Paulo

21/12/201306h00

Na sexta-feira pré-Natal (20), data em que os aeroportos registram o maior movimento do ano, os terminais de Guarulhos e Brasília, administrados por grupos privados, tiveram volume de atrasos bem superior se comparado ao tempo em que eram controlados pela Infraero (estatal subordinada ao governo federal).

Foi a primeira saída para o Natal desde que os dois aeroportos passaram a ser administrados exclusivamente por grupos privados, no início deste ano. A expectativa da Infraero e da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) é que o recorde de passageiros nos terminais do país tenha sido quebrado nessa sexta. Os números, no entanto, ainda estão sendo contabilizados.

Guarulhos

O aeroporto de Guarulhos foi concedido por R$ 16,2 bilhões ao consórcio Invepar, composto pelas empresas Investimentos e Participações em Infra-Estrutura SA e ACSA (Airports Company South Africa), da África do Sul, a partir de agosto de 2012. O grupo privado detém 51% das ações do terminal, enquanto que os 49% restantes pertencem à Infraero.

De agosto a novembro do ano passado, a administração era controlada pela estatal e tinha o acompanhamento do consórcio. Em 15 de novembro, a relação se inverteu: o consórcio passou a operar o aeroporto e a Infraero a acompanhar a gestão. A partir de 15 de fevereiro deste ano, o grupo privado passou a administrar sozinho o terminal.

Ontem (20), até 20h, ocorreram em Guarulhos 339 decolagens, com 150 atrasos, o que representa 44,24% do total, e 13 cancelamentos (3,83%).

Em 23 de dezembro de 2011, sexta-feira que antecedeu o Natal daquele ano, quando o aeroporto de Guarulhos ainda era administrado exclusivamente pela Infraero, houve 298 decolagens no terminal até 20h, com 45 voos atrasados (15,1% do total) e dez cancelados (3,33%).

Em 2012, a sexta-feira pré-natal caiu no dia 21 de dezembro. Naquela data, houve 279 voos, com 76 atrasos (27,24% do total) e 21 cancelamentos (7,53%). Na ocasião, o terminal já estava sob controle do consórcio, mas ainda havia o acompanhamento da Infraero.

Na comparação da sexta pré-natal de 2011, quando o aeroporto estava sob responsabilidade exclusiva da Infraero, com ontem, houve um aumento de 233,3% de atrasos em Guarulhos. Já na comparação com o ano passado, o volume de atrasos dobrou.

Com relação aos cancelamentos, o percentual neste ano (3,83%) foi maior do que em 2011 (3,33%), mas menor na comparação com 2012 (7,53%).

A assessoria de imprensa do aeroporto de Guarulhos afirmou que não houve registro de problemas operacionais nessa sexta e que as companhias aéreas podem ter sido responsáveis pelo grande volume de atrasos. Procurada, a Abear informou que as empresas aéreas não comunicaram a ocorrência de problemas nesta sexta.

SEXTA PRÉ-NATAL*

Guarulhos 2011 2012 2013
Voos** 298 279 339
Atrasos 45 (15,1%) 76 (27,24%) 150 (44,24%)
Cancelamentos 10 (3,33%) 21 (7,53%) 13 (3,83%)
Brasília      
Voos** 178 169 163
Atrasos 33 (18,54%) 35 (20,71%) 63 (38,7%)
Cancelamentos 1 (0,56%) 10 (5,92%) 0
  • *Em 2011, a sexta-feira pré-Natal caiu no dia 23/12. Em 2012, no dia 21. Neste ano, no dia 20.
  • **Decolagens entre 0h e 20h

Brasília

O aeroporto de Brasília foi arrematado por R$ 4,5 bilhões pelo consórcio Inframerica Aeroportos, composto pelas empresas Infravix Participações SA e pela argentina Corporación América SA. Em setembro de 2012, o grupo começou acompanhar a administração da Infraero. Em dezembro, passou a controlar o terminal, sob supervisão da Infraero. Em março de 2013, o consórcio começou a administrar o aeroporto sozinho.

Ontem, de 0h às 20h, houve 163 decolagens, 63 delas com atraso (38,7%) e nenhum cancelamento. Em 21 de dezembro de 2012, foram 169 partidas, com 35 atrasos (20,71%) e dez cancelamentos (5,92%). Já em 23 de dezembro de 2011, com administração só da Infraero, foram 178 voos, 33 atrasos (18,54%) e um cancelamento (0,56%).

Na comparação entre 2011 e 2013, houve um aumento de 91% nos atrasos. Com relação ao ano passado, o crescimento dos atrasos foi de 80%.

De acordo com a assessoria do consórcio que administra o aeroporto, na maior parte dos voos que atrasaram, as aeronaves aterrissaram no terminal após o horário previsto. A assessoria informou que também não houve problemas operacionais.

Além de terem superado os percentuais de 2011 e 2013, os aeroportos de Guarulhos e Brasília foram os que registraram o maior volume de atrasos nessa sexta entre os principais terminais do país. 

Viracopos

Também sob concessão, o aeroporto de Viracopos, em Campinas (94 km de São Paulo), não contabiliza o volume de atrasos e cancelamentos, razão pela qual não é possível mensurar se o desempenho do terminal melhorou ou piorou na comparação com outros anos.

De acordo com a assessoria do aeroporto, o consórcio Aeroportos Brasil, composto pela Triunfo Participações e Investimentos, pela UTC Participações e pela francesa Egis Airport Operation, pretende começar a contabilizar os problemas em breve.

Secretaria de Aviação Civil

Ao longo da tarde e noite de ontem, reportagem procurou a Secretaria da Aviação Civil, órgão do governo federal com status de ministério, responsável por supervisionar os aeroportos, mas não conseguiu localizar nenhum representante para comentar sobre os atrasos nos terminais sob concessão.

Uma recepcionista informou que, após 12h, todos profissionais da secretaria foram a uma confraternização de final de ano.

O volume de passageiros na véspera do último Natal antes da Copa do Mundo e a ameaça de paralisação preocupa o governo federal. Segundo a coluna Painel da Folha de S.Paulo, a presidente Dilma Rousseff montou uma força-tarefa para monitorar os aeroportos e obrigou o ministro Moreira Franco (Aviação Civil) a cancelar uma viagem aos Estados Unidos.

A movimentação nos aeroportos será monitorada pela Conaero (Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias), formada pela Secretaria da Aviação Civil, pelos ministérios da Agricultura, Defesa, Fazenda, Justiça, Planejamento e Saúde e pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Nos últimos dias, Moreira Franco conversou com Dilma e fez encontros com representantes dos aeronautas e das empresas aéreas na tentativa de impedir uma paralisação no final do ano.

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