Nos 17 anos do Plano Real, inflação acumulada no período fica em 286%
Por InfoMoney
SÃO PAULO – A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) está acumulada em 286,63%, entre julho de 1994 e maio de 2011, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Há 17 anos, no dia 1º de julho de 1994, ocorria a implantação do Plano Real para estabilizar a economia brasileira. Mas, diante de um número tão alto, há motivos para comemorar? De acordo com o coordenador dos cursos de Gestão Financeira e Ciências Contábeis da Veris Faculdades, Fabrício Pessato Ferreira, “o brasileiro tem muito o que comemorar, sim, nesta data”.
Ele fez o cálculo da inflação acumulada entre 1986 (ano do Plano Cruzado) até junho de 1994 (antes do real entrar em circulação), e verificou que ela era de 322.829.174.615%, medida pelo IPCA.
“Quem não viveu esses períodos da alta inflação, não sabe o que é você chegar de manhã para comprar o pão com um valor e, à tarde, o mesmo tipo de pão estar custando muito mais”, conta Ferreira. “São coisas que a gente tem dificuldades para explicar para pessoas de outros países e mesmo para os jovens de hoje”.
Aumento no poder de compra
Ainda de acordo com a medição do IPCA, os cinco itens que mais pressionaram a inflação geral dos preços nos últimos 17 anos foram: Combustíveis (790,36%), Comunicação (700,7%), Aluguel e Taxas (634,17%), Transporte Público (586,78%) e Pescados (469,5%).
Em compensação, os únicos itens que apresentaram deflação no período foram Frutas e TV, Som e Informática, com quedas acumuladas de 8,49% e 32,31%, respectivamente.
“No final das contas, o poder de compra dos brasileiros aumentou”, salienta Ferreira. “A indústria se fortaleceu nesse período, incorporando alguns dos avanços tecnológicos que a indústria mundial tinha, e os preços reduziram”.
Ele cita os exemplos do aparelho de DVD, que já custou R$ 1 mil e, hoje, custa R$ 150, e os aparelhos celulares, que, hoje, você consegue comprar por R$ 80. “Seja por esses bens de consumo duráveis ou pelos bens de consumo semiduráveis, que também tiveram uma redução importante, o brasileiro acabou tendo um ganho no seu poder de compra”, reitera.
“Resquício de indexação”
Ferreira ainda lembra outro ponto a levar em conta ao pensar o aumento no poder de compra do consumidor. “Nós temos, até hoje, a 'chaminha' ainda acesa daquela alta da inflação das décadas de 1980 e 1990, que é a correção automática dos preços contratuais”, explica.
Ele se refere aos preços administrados das tarifas públicas – como ônibus urbano, IPTU, IPVA e licenciamento –, e outros preços administrados privados – como energia elétrica, água, telefonia fixa e móvel, pedágios e aluguéis.
“Isso gera um problema para controle dos preços que é o seguinte: a gente acaba pagando no presente por uma inflação que aconteceu no passado”, alerta Ferreira. “Por exemplo, se você teve um aumento da energia elétrica no início de 2011, que foi causado pelo aumento do IPCA medido em 2010, você carregou a inflação de 2010 para os preços de 2011”.
O problema, de acordo com o economista, é que o empresário percebe suas contas aumentarem por causa dos custos indiretos (energia, telefonia, aluguel, etc) e repassa esse aumento para os preços. “Ocorre uma contaminação da economia como um todo, causada pelo aumento desses preços administrados, que são repassados para os preços privados livres”, completa.
“Eu costumo falar o seguinte: o Brasil começa todo ano perdendo de 2 a 0 para a inflação. Isso porque são no mínimo 2 pontos percentuais da inflação que é causada pela correção automática dos preços dos anos anteriores”.
O Plano
A data de 1º de julho refere-se ao momento em que foi implantada a reforma monetária que extinguiu o cruzeiro real, moeda vigente até então, e instituiu a URV (Unidade Real de Valor), depois transformada no real.
O Plano Real nasceu no governo Itamar Franco, enquanto Fernando Henrique Cardoso ocupava o Ministério da Fazenda. Em sua primeira fase, de dezembro de 1993 a março de 1994, a equipe econômica decidiu promover um ajuste fiscal.
A segunda fase deu-se com a introdução da URV, momento em que todos os preços foram convertidos a unidades reais de valor, que teriam como referência US$ 1. O plano foi consolidado com a criação da nova moeda, desvinculada da inércia inflacionária que marcou o período anterior da economia brasileira.
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