O Boletim Informativo Interface selecionou duas notícias publicadas neste início de 2017 evidenciando dificuldades causadas pela queda da produção e do consumo de produtos têxteis no Brasil.
Reflexos da crise: 10% da indústria têxtil de Salvador encerrou as atividades
No segmento industrial, o setor responsável pela fabricação de roupas e tecidos na Bahia foi o que mais sentiu os efeitos da crise. Segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Vestuário de Salvador e Região, Waldomiro Araújo Filho, das 70 empresas filiadas, cerca de 10% encerraram suas atividades no último ano.
“Acredito que esse tenha sido o ano em que o setor fechou mais indústrias. O cenário é crítico, porque demitimos para cortar gastos. Só que, quando se demite essas pessoas, elas são excluídas do consumo e o varejo também reduz a demanda de produtos. Com isso, a indústria sequer acaba tendo recursos para indenizar o trabalhador”, afirma.
De acordo com dados da entidade, em todo o país, cerca de 100 mil trabalhadores foram demitidos. “Em média, as indústrias que fecharam as portas foram principalmente aquelas que tinham lojas no varejo. Isso aliado a guerra fiscal, custos com matéria-prima, perda de competitividade com produtos importados e falta de vendas fica complicado sustentar isso”, pontua Filho.
FONTE: CORREIO 24 HORAS - BAHIA
Queda no consumo no Brasil afeta produção paraguaia
A fábrica da Matrixx, confecção montada pelo brasileiro André Nastas nos arredores da capital paraguaia, chegou a ter 180 funcionários - uma época de bons lucros para o empresário, que foi um dos pioneiros a apostar nas vantagens de se produzir no Paraguai. Nastas, que também trabalha com o setor têxtil no Brasil, produz no país sobretudo marcas de surfwear, como Oakley, Quicksilver e Redley.
No entanto, com o agravamento da crise no Brasil e a queda nas vendas de confecções, o cenário da Matrixx, em Assunção, também começou a mudar. Hoje, a maior parte das máquinas de costura está sem uso. As encomendas rarearam e somente cerca de 40 funcionários ainda atuam na empresa. À reportagem, Nastas afirmou que está buscando formas de diversificar suas atividades no Paraguai.
Como já tem uma companhia constituída, o empresário quer usar a Matrixx para ajudar empreendedores brasileiros de diversos ramos a montar negócios no Paraguai. A ideia, segundo ele, é criar parcerias com os novos sócios. Nastas diz que os novos entrantes teriam a vantagem de atuar ao lado de alguém que já conhece todos os meandros da burocracia do país.
Exportação Embora até agora a Matrixx tenha trabalhado exclusivamente com fornecimento de mercadorias para o Brasil, a ideia do empresário é aproveitar as vantagens que o Paraguai recebe por ser uma nação de renda per capita mais baixa - cerca de US$ 4 mil, contra US$ 8,5 mil do Brasil, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Produtos feitos no Paraguai têm entrada facilitada na União Europeia, por exemplo.
A crise no Brasil ajudou o sistema de maquilas a se desenvolver até aqui, mas será insuficiente para fazer o projeto crescer muito mais. A fábrica de sapatos Marseg, que já tem um projeto de expansão para outros países da América Latina, acabou de contratar um novo executivo brasileiro com o objetivo de ganhar novos mercados.
Ainda que tenha o desafio de ampliar as exportações, Nastas, da Matrixx, elogia as regras do Paraguai. Segundo ele, o investidor não é punido nem ao crescer nem quando necessita reduzir sua produção - já que, ao dispensar trabalhadores, não precisa pagar indenizações. Desta forma, diz ele, fica mais fácil uma empresa se adaptar às flutuações de demanda e conseguir permanecer no mercado.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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