A América Latina ficou praticamente de fora da pauta dos debates políticos entre os candidatos a presidente dos Estados Unidos. Eles estão preocupados com assuntos “mais importantes”. O desemprego no país, a crise internacional, a guerra cambial com a China e o Oriente Médio, para citar alguns.
Mesmo que não sejamos o centro das atenções, para qual candidato o brasileiro deveria torcer, Barack Obama ou Mitt Romney? Segundo especialistas consultados por NEGÓCIOS, nenhum dos dois pode trazer grandes benefícios para o país.
“A relação do Brasil com os Estados Unidos é basicamente econômica e comercial. Nessas questões, a visão dos americanos em relação ao Brasil é a mesma”, afirmou Rubens Antonio Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e consultor de negócios. Segundo ele, seja com Obama ou Romney, o governo não vai mudar suas políticas restritivas já há muito tempo em vigor.
“O que poderia ser bom economicamente para o Brasil, os americanos nunca vão concordar, porque toca em grupos de interesse muito fortes da economia americana”, afirmou Sérgio Praça, doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (USP) e professor de políticas públicas da UFABC. Um exemplo do que seria bom economicamente para o Brasil é exportar a tecnologia de produção do etanol. No entanto, o programa de Obama não trata dessa questão, nem o de Romney.
Alguns ainda poderiam pensar que Obama seria a melhor opção quando falamos dos vistos para os Estados Unidos. Neste ano, ele agilizou em 40% a emissão de vistos em seus consulados no Brasil. Mas na visão de Barbosa, esse foi um compromisso do governo, que continuará com qualquer um dos candidatos que ocupar a cadeira da presidência.
Já nos investimentos das empresas, por exemplo, eles não influenciam. “O governo não influi nos negócios das empresas. Elas fazem o que bem entendem nos Estados Unidos, não é como no Brasil”, disse Barbosa.
Mas no que tange a relação da América Latina e dos EUA, “Obama não propôs nada, enquanto Romney propôs um acordo comercial com a América Latina, coisa que o Brasil não quer fazer”, afirmou Barbosa.
O Brasil não era a bola da vez? Apesar de acreditarmos que o Brasil é a bola da vez, o país não tem grande representatividade no momento para a economia norte-americana. “Dentro da América Latina, o Brasil tomou uma posição muito secundária”, afirmou Praça. Segundo ele, antes de nós em nível de “importância” vem China, Cuba, México... e por aí vai. “Muito abaixo da lista vem o Brasil”.
Ao mesmo tempo, os acordos multilaterais que os EUA propuseram nos últimos anos para o Brasil não foram interessantes. Conclusão? “Nenhum dos dois candidatos vai ser bom para o Brasil do jeito que a gente quer. Para isso teria que implodir os EUA e começar de novo”, afirma Praça.
É esperar e conferir.
Fonte: Época Negócios
por AMANDA CAMASMIE
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