A lei nº 11.769, sancionada em 18 de agosto de 2008, veio para determinar que o ensino musical nas escolas deverá ser incluído nas grades horárias dos estudantes de ensino básico e fundamental, tendo o ano corrente– 2012 - como limite a essa obrigatoriedade.
No entanto, como a intenção não é a de formar músicos, mas desenvolver a criatividade por intermédio de uma possível integração entre disciplinas, essa ideia dependerá de projetos político-pedagógicos individualizados por parte das instituições de ensino que deveriam levar em consideração a necessidade da multidisciplinaridade, vez que não será ela uma disciplina exclusiva, como explica Clélia Craveiro: "Antigamente, música era uma disciplina. Hoje não. Ela é apenas uma das linguagens da disciplina chamada artes, que pode englobar ainda artes plásticas e cênicas. A ideia é trabalhar com uma equipe multidisciplinar e, nela, ter entre os profissionais o professor de música.”
Trabalhar projetos individualizados, ao mesmo tempo em que se pretende trabalhar integração sobre formas de multidisciplinaridade e interdisciplinaridade, já é um demonstrativo de que a ideia possa não atingir o objetivo desejado, apresentando resistências como única resposta.
Indícios de resistências já se apresentam como poderemos perceber pela declaração feita por Sonia Albano, diretora regional da Associação Brasileira de Ensino Musical (ABEM): "Se um professor de língua estrangeira não pode lecionar matemática, um ensino musical de qualidade não pode ser ministrado por um professor que não tenha conhecimento na área musical. Trabalhar com um profissional não habilitado propicia um ensino superficial e perigoso, pois o professor não terá condições de avaliar os prejuízos que poderá provocar ao indivíduo e nem terá capacidade para aplicar esse conhecimento de maneira eficaz.”
Determinar que a música, enquanto objeto de integração, deverá ser adaptada dentro do universo de uma só disciplina - como a arte, por exemplo– é diminuir-lhe o potencial sob aspectos da integração no processo de ensino/aprendizagem.
A relação entre a música e a matemática, por exemplo, é estreita. Estala-se os dedos e conta-se os tempos. A fração que aparece no início de uma partitura é o indicativo do valor que cada grupo de notas apresentadas deverá somar.
Em física, notamos que a existência de mais de uma nota “dó” é separada pelo dobro da frequência – em Hertz – da outra nota “dó”. Dessa forma, os “dós” formam uma progressão geométrica.
Em ciências, o uso de músicas no ensino leva a uma maior absorção das informações por intermédio da reflexão. Dentro da biologia, é bastante divulgada a música de Caetano Veloso “Luz do Sol” para introdução de estudos sobre o processo de fotossíntese. A música “Aquarela Brasileira” é uma viagem pela nossa geografia, com estudos sobre a distribuição da nossa vegetação.
A riqueza das informações nos sambas-enredos do nosso carnaval nos leva a interessantes aulas das mais diversas matérias.
Fácil perceber que a música também integra o estudo de línguas que, se bem elaborado por intermédio da inserção de novas metodologias, proporcionará igualmente o despertar para o universo do conhecimento, levando os alunos ao mundo dos livros. Como apoio a esta ideia, encontramos: "Cabe a nós fazermos mudanças reais em nosso ensino se quisermos conduzi-los à alegria da leitura. E se eles não encontrarem a alegria da leitura, nunca se tornarão bons leitores"(SCHULTZ apud CRAMER e CASTLE, 2001, p. 245).
Para um desenvolvimento criativo por parte dos educandos, faz-se igualmente necessário a inclusão de novas metodologias capazes de envolver o ensino musical nos planejamentos de aulas de todas as disciplinas, como forma de obtenção de resultados mais interativos.
Autores:
Rosangela Maria Enéas
Publicitária, Professora, Diretora da RME Metodologias
IvanPostigo
Diretor de Gestão Empresarial da Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
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