Bruno Colella é alfaiate. Isso não despertaria nenhum espanto não fosse por um detalhe: ele tem 33 anos e há oito meses abriu a BRNC Alfaiataria, na Vila Nova Conceição. Misto de oficina, ateliê e escritório, o espaço é todo dedicado a fazer roupas masculinas como se fazia antigamente, nos tempos do avô Nicola, um alfaiate de 92 que é a inspiração de Bruno. Enquanto boa parte dos homens na faixa dos 30 compra somente roupas prontas - muitas vezes pela net, sem sair de casa - Colella acredita na elegância construída à mão e sob medida. "Quem sai aos seus, não degenera", é o ditado que se aplica aqui.
Graças ao avô de Bruno, o sobrenome Colella ficou associado à alfaiataria masculina. A tradição, portanto, já estava consolidada. Com o fechamento da fábrica de Nicola, o neto aproveitou o maquinário e até alguns funcionários. Levou de brinde os preciosos conselhos do avô. "Ele vem bastante ao ateliê, dá ótimas sugestões e até resolve um eventual problema na confecção dos ternos", conta Bruno Colella. "Meu avô foi um grande empreendedor. Transformou a sua alfaiataria em indústria", diz o jovem alfaiate. A companhia, que segundo Colella permaneceu por mais de 50 anos no mercado, chegou a ter 600 funcionários. "Mais da metade deles foi treinada por meu avô, que ensinou, um por um, como se montava um paletó".
Ante de se tornar um aprendiz de alfaiate - atualmente faz cursos de costura e de modelagem - Bruno dedicou-se ao comércio exterior. "Larguei para trabalhar com algo que faz muito sentido na minha vida e que resgata as raízes da família", diz Colella, que nesse novo negócio se divide nas funções de atender os clientes e cuidar dos departamentos comercial e financeiro. A empresa faz cerca de 20 costumes e 50 camisas por mês, mas com capacidade para dobrar a produção. As peças, feitas inteiramente sob medida, levam entre 20 e 30 dias para ficarem prontas e exigem algumas provas, que podem ser feitas na casa ou no trabalho do cliente. O atendimento é sempre com hora marcada. Para os mais apressadinhos, há opções de paletós semiprontos, que são ajustados ao corpo.
Pelo ateliê, conta Colella, passam advogados, profissionais do mercado financeiro, noivos e até homens que se vestem de forma mais casual, como publicitários. A maioria está na faixa dos 30 a 40 anos. Muitos fogem do estilo conservador, querem peças com corte contemporâneo. Todos vêm em busca da qualidade, de um corte que traga conforto (leia-se que vista bem) e, claro, de exclusividade. "A cabeça do brasileiro está mudando e ele percebe que a roupa demonstra a personalidade", diz Colella. Um bom terno, portanto, só tem coisas boas a "falar" de seu dono. "Ele transmite credibilidade".
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