Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Páscoa 2025: estratégias das marcas para enfrentar a crise contínua do cacau

Nestlé, Cacau Show, Kopenhagen, Dengo, Mondelēz e Ferrero compartilharam suas expectativas para a data, marcada pelo aumento nos custos dos insumos e redução na produção de ovos de chocolate.

Páscoa 2025: o que as marcas fizeram para se destacar na data

Páscoa 2025: o que as marcas fizeram para se destacar na data (Créditos: Avocado Studio Shutterstock)

A Páscoa continua sendo a terceira data sazonal mais importante para os consumidores brasileiros, ficando atrás apenas do Dia das Mães e do Natal.

Para este ano, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas d... O valor representa um crescimento de 26,8% em relação ao ano passado.

Do lado da indústria, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) alertam para um aumento significativo nos preços dos ovos de Páscoa em 2025.

A Abicab prevê um encarecimento médio de 9,5% nos preços dos ovos d.... Além disso, estima-se uma redução na oferta, com cerca de 45 milhões de unidades disponíveis, representando uma queda de 22,4% em comparação ao ano anterior, que foi de 58 milhões.

Em entrevista, a Kopenhagen informou que já registrou um crescimento de 38% nas vendas em comparação ao ano passado, enquanto a Dengo e a Cacau Show projetam aumentos de 35% e 30%, respectivamente.

O levantamento da Abecs também revela que 7 em cada 10 brasileiros (67%) pretendem comprar chocolates ou outros produtos relacionados à data, com um ticket médio de R$ 146 por pessoa. Em 2024, o valor previsto era de R$ 156.

Além disso, quem for às compras, poderá escolher entre 803 tipos de produtos de chocolate, incluindo 94 lançamentos.

“O objetivo é que o consumidor continue tendo acesso ao chocolate, mesmo diante de desafios como esse. A indústria tem diversificado suas receitas para oferecer produtos com preços acessíveis, além de opções mais elaboradas e de maior custo”, disse Jaime Recena, presidente da Abicab. 

Crise mundial do cacau

Para este ano, as principais marcas enfrentam os impactos diretos da alta histórica no preço do cacau, que atingiu níveis recordes no mercado internacional.

O fruto passa por uma crise produtiva na África, causada por problemas climáticos e pelo avanço de pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda, que acabam afetando a oferta no mercado global.

Devido a esse cenário, o valor da matéria-prima então alcançou níveis recordes de preços, com alta de 189% no preço e picos de até 300% nos últimos 12 meses, segundo estimativa da Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia).

Também no ano passado, de acordo com o Comex Stat, do governo federal, foram importados US$ 125 milhões em cacau da Costa do Marfim e de Gana – que são os principais responsáveis pela produção, seguidos pelo Equador e Brasil, destaque sul-americanos.

“A alta do cacau nos últimos meses foi, sem dúvida, um dos maiores desafios enfrentados pela nossa marca e pelo mercado como um todo. Isso impactou diretamente nossos custos de produção, mas conseguimos mitigar esse impacto com ajustes estratégicos”, destaca Lilian Rodrigues, diretora de marketing da Cacau Show. 

“Para mitigar os impactos, a Ferrero adota estratégias de longo prazo que equilibram os custos, preservam a qualidade dos produtos e atendem às expectativas do mercado, buscando minimizar o repasse desses aumentos ao preço final”, explica Fabio Pessoa, diretor de marketing.

Já a Dengo e Nestlé seguem apostado em uma produção mais local, pautada por discursos sustentáveis e pelo fortalecimento da cadeia produtiva nacional, firmando parcerias com produtores.

A produção da Dengo é 100% com cacau brasileiro, proveniente principalmente de agroflorestas do Sul da Bahia e da região Amazônica, em parceria com mais de 190 pequenos produtores.

Além disso, a marca investe em um prêmio como incentivo adicional, estimulando as famílias a investirem na produção de cacau com mais atributos de qualidade.

No caso da Nestlé, que em 2023 anunciou um investimento de R$ 2,7 bilhões até ... para a modernização das linhas de produção, desenvolvimento de novos produtos e fortalecimento de iniciativas de ESG em toda a sua operação de chocolates e biscoitos no País, informou que, atualmente, cerca de 75% da matéria-prima utilizada pela empresa é de origem nacional, enquanto o restante é adquirido de mercados internacionais.

Em 2025, assim como em 2024, 100% dos ovos de Páscoa das marcas Nestlé e Garoto são produzidos com cacau adquirido por meio do Nestlé Cocoa Plan — programa de sustentabilidade da cacauicultura brasileira que conta com a participação de 6,5 mil fazendas.

Entre 2021 e 2024, a produtividade média dessas propriedades aumentou em 59%.

Ferrero e Kinder informam que a matéria-prima utilizada nas suas produções são originários da Costa do Marfim, Gana e Equador. Já a Mondelēz trabalha diretamente com produtores do programa global Cocoa Life.

A Cacau Show possui plantações próprias de cacau na Fazenda Dedo de Deus, localizada em Linhares, no Espírito Santo, mas não informou se sua produção foi suficiente para atender à demanda.

Já a Kopenhagen e a Brasil Cacau (ambas recentemente adquiridas pela Nestlé) não divulgaram a origem do cacau utilizado em seus produtos.

Como atrair os consumidores

Indulgência, experiências multissensoriais, ingredientes brasileiros, produtos licenciados e ampliação de portfólio são algumas das principais apostas citadas pelas marcas para se conectar com os consumidores e gerar valor agregado aos seus produtos.

“A experiência que queremos levar ao consumidor é oferecer um produto de alta qualidade, garantindo uma experiência que combina sabor e responsabilidade ética e ambiental com um portfólio de 28 produtos, sendo dez lançamentos”, comenta Renata Lamarco, diretora de marketing da Dengo.

Já a Cacau Show ressalta que, para se diferenciar dos concorrentes, investe em inovação, experiência personalizada e atendimento qualificado em seus múltiplos canais.

“Nossa marca continua investindo em produtos de alta qualidade, no desenvolvimento de novos sabores e na experiência digital, criando um vínculo emocional com nossos consumidores”, afirma a porta-voz da marca.

No estudo da Abecs, o ovo de Páscoa é o produto pretendido mais citado (64%) pelos entrevistados, seguido por bombons, caixa de bombons, trufas (36%) e barra de chocolate (34%).

Para a Mondelēz, com destaque para a marca Lacta, o portfólio inclui também barras de chocolate e wafers cobertos.

A estratégia da empresa aposta em um mix de produtos presenteáveis e personalizados, voltados para diferentes perfis de consumidores.

“Com essa abordagem, atendemos a um comportamento já consolidado, ao mesmo tempo em que oferecemos opções acessíveis e versáteis para aproveitar a data de forma especial. Acreditamos que essa estratégia não só protege os preços, mas também proporciona aos nossos consumidores mais liberdade na hora de escolher os presentes para a ocasião”, pontua Renata Vieira, vice-presidente de marketing. 

A Nestlé também adota essa estratégia, ampliando a linha regular de tabletes e caixas de bombons das marcas Nestlé e Garoto.

“Por exemplo, a nossa icônica caixa amarela de bombons da Garoto ganhou uma versão com mensagens especiais, se tornando uma ótima opção de presente”, explica Camila Hadaya, gerente de marketing de chocolates na Nestlé Brasil. 

“Dessa forma, garantimos uma experiência de Páscoa completa e diversificada para encantar os consumidores, sem abrir mão da qualidade e inovação que são características da companhia”, finaliza. 

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