Abastecer o automóvel com gasolina em Nova York é mais barato do que em São Paulo. Apesar do Brasil ser autosuficiente na produção de petróleo e do preço não ser reajustado, oficialmente, pela Petrobras desde junho de 2009. A carga tributária representa 57% valor do litro do combustível.
O litro da gasolina na Capital paulista, de US$ 1,73, é o mais caro do continente americano, aponta pesquisa realizada em março pela Airinc, consultoria norte-americana especializada em preços globais. Os novaiorquinos desembolsam em média US$ 1,01 a cada litro nas bombas dos postos.
Santiago, capital chilena, registra o segundo maior preço das Américas, valor médio de US$ 1,57 (veja arte acima). No ranking das localidades mais cara para abastecer Cuba figura no terceiro lugar (US$ 1,35), Canadá em quarto (US$ 1,31).
Os venezuelanos que moram em Caracas são os que pagam mais barato pela gasolina no mundo. O diretor de marketing da Airinc, Scott Sutton, diz que "o governo dá forte subsídio à gasolina, fazendo com que o preço caia e seja praticamente um benefício social para a população". O país também é um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
IMPOSTOS - Segundo o sócio da BB Consult, José Eduardo Amato Balian, o imposto é o componente de maior peso no valor do combustível por aqui. Outro fator é que no País o preço não segue o mercado internacional, é fixado pelo governo federal. Seu aumento impacta direto a inflação.
O lado positivo é que, teoricamente, o valor não sobe quando a cotação do barril de petróleo está alta e também não cai quando ocorre o contrário. No entanto, na prática não é isso que o consumidor brasileiro sente: quando há alta na cotação internacional, a gasolina por aqui também sobe e não há redução quando o barril fica mais barato.
"A Petrobras é quem controla o preço da gasolina fornecida para as distribuidoras. Nos Estados Unidos, o consumidor paga conforme a cotação do barril", explica.
A pesquisa feita considera cotação da moeda norte-americana em R$ 1,67. Sendo assim, o preço médio do litro do combustível derivado do petróleo na Capital paulista foi de R$ 2,89.
Entre integrantes do Brics diferença no valor chega a 105%
O preço do litro do combustível derivado do petróleo comercializado no País é 105% mais caro que o praticado na Rússia, um dos grandes países emergentes que integram o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e, pela primeira, vez África do Sul).
Enquanto os brasileiros pagam US$ 1,73 pela gasolina, os russos - que também estão entre os maiores produtores de petróleo - desembolsam em média US$ 0,84 por litro.
O segundo maior preço do combustível no grupo econômico formado pelas nações em desenvolvimento é o da África do Sul, com US$ 1,27. O país é recém-chegado ao grupo econômico e participará da primeira reunião hoje.
A Índia tem o terceiro maior valor, US$ 1,26. Para abastecer o carro nos postos localizados em território chinês gasta-se em média US$ 1,11. O país é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Petrobras poderia segurar preço, diz analista
A queda de braço entre o governo federal e a Petrobras a respeito do aumento do valor da gasolina ganhou novo capítulo nesta semana com o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmando que, se a cotação petróleo não se estabilizar, haverá alta nos preços.
A estatal fez a programação para 2011 considerando o barril de petróleo entre US$ 65 e US$ 85, mas a cotação bateu US$ 126 nos últimos dias. "Se continuar no patamar atual, vamos ter de ajustar a gasolina."
Para o sócio da BB Consult, José Eduardo Amato Balian, a elevação do barril não justificará a atitude da estatal. "Com o lucro líquido recorde de R$ 35 bilhões no ano passado, sendo R$ 10,6 bilhões apenas no último trimestre, a empresa tem como abater a alta em seus ganhos."
O especialista acrescenta que durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sequer foi cogitada esta hipótese. "Se alguém falasse em alta do combustível com o Lula perderia o emprego. Antes da crise internacional a cotação do barril bateu marca de US$ 150, mas logo depois quando houve queda não foi cogitada redução dos preços.
Em nota, a Petrobras afirma que a última alteração na gasolina em suas refinarias foi redução de 4,5%, em junho de 2009. Desde aquela data o preço da gasolina "A", vendida para as distribuidoras, sem adição de etanol, não foi alterado.
Os recentes aumentos nos postos de abastecimento se referem à alta do preço do etanol anidro, que é adquirido e adicionado à gasolina pelas distribuidoras, no percentual de 25%.
De acordo com o analista da RC Consultores, Fabio Silveira, o preço da gasolina "A" - sem adição do etanol - no País está 15% abaixo do praticado no mundo. O economista e deputado federal Arnaldo Jardim (PPS), pontua que o problema da gasolina no País é sério.
"Temos um preço artificial, que não segue o mercado internacional, e isso prejudica a economia. O ideal seria que os reajustes acompanhassem o mercado."
Jardim considera que a demora para reajustar o valor represa a inflação, prejudicando os consumidores mais para frente. "Até agora a Petrobras não ganhou nada a mais. Existe especulação no preço por parte das distribuidoras, que adicionam o etanol", observa.
Demanda por petróleo no Brasil vai cair neste ano
A AIE (Agência Internacional de Energia) reduziu a projeção para a demanda brasileira por petróleo neste ano. A entidade avalia que o consumo nacional pode estar desacelerando e considera o efeito da alta dos preços dos combustíveis e do aperto monetário e fiscal em curso no País para rebaixar suas estimativas.
A projeção de demanda foi cortada em 30 mil barris de petróleo por dia, para 2,8 milhões de barris de petróleo por dia em 2011. Ainda assim, o novo número indica aumento de 2,8% em relação ao ano passado.
O consumo de gasolina em janeiro, com alta de 4,9%, foi considerado robusto pela agência de energia. Entretanto, a entidade nota que a procura enfraqueceu na comparação com o segundo semestre do ano passado, “sugerindo que o crescimento total da demanda pode estar desacelerando”.
A agência comenta que o Brasil terá de importar gasolina em abril, além de comprar etanol dos Estados Unidos. Com a alta dos preços do biocombustível, resultado da entressafra da cana-de-açúcar, os consumidores migraram do álcool para o derivado de petróleo. Conforme a Petrobras, a importação neste mês somará 1,5 milhão de barris de gasolina, volume equivalente à metade do total comprado do exterior em todo o ano passado.
Segundo a agência de energia, as compras efetuadas pelos vizinhos Brasil, México e Canadá, estão dando suporte ao mercado de gasolina dos Estados Unidos, estimulado também pela aproximação do verão – época em que os norte-americanos mais viajam pelas estradas do país.
A redução da projeção para o Brasil contribuiu para a queda da perspectiva de consumo de petróleo do grupo de países que não fazem parte da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
por Alexandre Melo
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Fala se muito em aumentar a gasolina. Me desculpem todos os economistas e instituições de analises inflacionarias, mais os dados que tenho registrados são os seguintes:
Gasolina Posto Petrobras em 23/07/2010 = R$ 2,50
Gasolina Posto Petrobras em 12/04/2011 = R$ 2,90
Aumento de 16 pontos percentuais.
Isso não é aumento em 8 meses e dias ? É o que então ? Será que está tudo mundo cego ou não interessa falar a realidade do dia a dia do consumidor.
Fernando Cuenca da Câmara
Stacatto Representações Ltda.
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