RIO - A expansão do ensino técnico e da formação profissional é vista por especialistas como uma maneira de fazer avançar a educação no país e facilitar a inserção do jovem no mercado de trabalho. A cerca de um ano e meio para se chegar à data limite para o cumprimento da meta do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico(Pronatec), que prevê a abertura de 2,5 milhões de vagas em cursos técnicos, metade já saiu do papel, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Enquanto a qualificação técnica não avança, o setor de serviços vem ganhando espaço da indústria na contratação de jovens. Levantamento do IBGE mostra que, na última década, a parcela dos brasileiros de 16 a 24 anos que trabalhava na indústria caiu de 18,5% para 16% nas seis maiores regiões metropolitanas do país. A participação deles no comércio, que emprega a maior parte da população, permaneceu estável em 25,4%. Nos serviços prestados a empresas, houve aumento significativo de ocupação, que passou de 14,1% para 20,1%. E, nos outros serviços, de 16,6% para 18,2%
- O jovem acaba sendo alocado, sobretudo, em postos mais ligados à tecnologia da informação e aos serviços do comércio, onde são importantes o conhecimento de computação e a boa aparência - afirma Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O gerente do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) Felipe Morgado considera natural que, com o mercado de trabalho aquecido, o jovem prefira uma oportunidade de trabalho mais perto da sua realidade e busque ocupação nos serviços.
- A demanda da indústria é por uma mão de obra mais qualificada. A indústria, apesar de remunerar mais, precisa de mais esforço, de cursos de mais longa duração - afirma.
Curso técnico sem 'status'
Segundo o Senai, de 2013 até 2015, o Brasil terá de formar 5,5 milhões de trabalhadores em nível técnico e em áreas de média qualificação para atuarem em profissões industriais. Serão oportunidades em 177 ocupações, que vão desde trabalhadores da indústria de alimentos (cozinheiros industriais) e padeiros até supervisores de produção de indústrias químicas e petroquímicas.
Para especialistas, assim como o ensino médio precisa ser reformulado, o mesmo ocorre com o ensino técnico. Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), relativos a 2010, apenas 6,6% dos estudantes brasileiros até 25 anos estavam matriculados em cursos técnicos. Em países como Áustria, Finlândia, Holanda, Eslovênia, Suíça, essa taxa supera os 70%.
- É preciso reformular o currículo do ensino médio, adequando-o ao Enem, e precisamos inserir cursos profissionalizantes no ensino médio regular. Hoje ele é muito difícil e está direcionado para a universidade - avalia a professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Tatiane Menezes.
A professora Hildete Pereira, da UFF, considera que as dificuldades de expansão do ensino técnico no país esbarram nas raízes ibéricas da formação cultural do país.
- Nunca demos importância social a cursos ligados a ofícios e damos muita atenção ao diploma. Temos uma cultura bacharelesca - afirma.
MEC: oferta de 240 mil vagas
Para Diana Grosner, diretora de projetos da educação da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), o ensino médio e técnico têm estado desinteressante.
- O Pronatec está com dificuldade de preenchimento de vagas. Alguma coisa diz que não é o assunto, mas o formato. É preciso adequar o formato que valoriza a autonomia, o jovem tem direto a escolhas. O mundo é digital e o sistema de educação é analógico.
O MEC nega que o Pronatec tenha dificuldades de preenchimento de vagas. O ministério informa que, desde 2011, o governo federal investe em diversas frentes para ampliar a rede de ensino técnico. Segundo o MEC, o governo prepara pela primeira vez uma seleção unificada para escolas técnicas públicas e privadas em todo o país, em que 239.792 vagas são ofertadas.
Publicado em 11/08/2013 no O Globo.
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2025 Criado por Textile Industry. Ativado por
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI