Nos últimos meses temos falado bastante sobre inovação no setor público por meio de textos publicados aqui, no site do Instituto Tellus. Já falamos sobre o caso de governo 4.0 da Estônia, sobre o que o investimento social privado (ISP) pode fazer por cidades sustentáveis e como o 5G pode ser um desafio para o setor público. Mas, afinal, por que a inovação no setor público se tornou algo tão importante? Nos últimos anos, o governo teve (e continua tendo) que se adaptar às mudanças, que vão do campo tecnológico até as necessidades da população – que também mudaram. Muito mais do que atualizar ferramentas, a inovação no setor público está ligada a processos. A burocracia tradicional e os processos de décadas precisam ser revisto por um simples motivo: o mundo mudou (e segue mudando) muito mais rápido do que períodos anteriores.
Não que a necessidade de inovação não fosse necessária anteriormente. Ela também era, só que mais lenta (tanto inovação, quanto a necessidade). Além disso, nunca foi fácil para os governos inovarem. Estamos falando em inovação com escala. Um governo não precisa acompanhar as mudanças externas como a iniciativa privada. O governo precisa ter cuidado para não mudar as coisas muito rápido, pois o papel do Estado é manter a estabilidade e proteger os vulneráveis, e isso – muitas vezes – vai de encontro com inovações disruptivas.
A inovação como competência do governo
No Brasil, os processos tradicionais de seleção para servidores públicos se pautavam em habilidades técnicas, as conhecidas “hard skills”. São habilidades que podem ser apreendidas – principalmente por meio de uma graduação ou certificado – e facilmente quantificadas. Mas isso é passado. Para inovar, precisamos também observar as soft skills, habilidades comportamentais muito mais difíceis de serem avaliadas, mas ligadas ao relacionamento e interação interpessoal. Quem afirma isso é o OPSI (Observatório de Inovação no Setor Público), que, em 2018, fez uma avaliação do sistema de inovação do serviço público brasileiro e a liderança do setor no país. Como resultado preliminar, o OPSI identificou a necessidade de 4 tópicos essenciais para ser adotado como conjunto de competências de lideranças no setor:
- Mindset: Relacionado a forma como os gestores públicos lideram e afetam os outros. Os líderes devem ter empatia pelos funcionários públicos, o povo de seu país e sua liderança. Por exemplo: empatia, consciência interpessoal e empoderamento;
- Habilidades em inovação: Os líderes devem ter uma compreensão dos métodos de inovação, mentalidades e estratégias para liderar, apoiar e abraçar soluções novas e diferentes. Por exemplo: Storytelling, Design Thinking e curiosidade;
- Visão de negócios: As habilidades de visão de negócios são aquelas que relacionadas a liderança organizacional tradicional, como gerenciamento financeiro, gerenciamento de capital humano e prestação de contas;
- Ética e valor: De acordo com o OPSI, “a liderança do setor público é construída sobre uma base de valor de serviço público e comportamento ético.”
No estudo (disponível aqui, em inglês), o OPSI levanta outras análises sobre a liderança no setor público e usa como exemplo a estrutura de competências adotada pelo governo da Estônia. Separada em 6 tópicos, o modelo estoniano data de 2017 e é adotado como base para o quadro de competências do Serviço Público Superior Estoniano (TCS).
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