Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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“É possível fazer uma grande virada na moda”, diz André Carvalhal

Seu novo livro "Moda com Propósito" trata de uma possível reviravolta política, ecológica e social na moda.

O currículo de André Carvalhal fala por si só. Graduado em comunicação social, pós-graduado em marketing digital e especialista em design sustentável, ele já passou pela FARM, foi consultor da Grendene, da Do Bem e da The School of Life. Hoje, divide com seus alunos o conhecimento que adquiriu com sua vivência no mercado como coordenador e professor do Istituto Europeo di Design do Rio de Janeiro e dos cursos que leciona na Fundação Getúlio Vargas e na ESPM (Escola Superior de Propaganda Marketing). Além disso, continua na ativa como diretor criativo da AHLMA e cofundador da Malha – maior espaço colaborativo de moda no Brasil.

Como se não bastasse, o multitalentoso se dá bem com as palavras e, em 2014, escreveu seu primeiro livro, o A moda imita a vida: Como construir uma marca de moda (Estação das Letras e Cores). Dois anos depois, Carvalhal está viajando por todo o Brasil para lançar a sua segunda aventura no mundo das letras. Moda com propósito chega em São Paulo no dia 8.12, com lançamento marcado na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi.

André Carvalhal

No meio desse furacão que é o dia a dia do autor, conseguimos bater um papo divertido sobre seu novo livro que fala sobre uma possível reviravolta política, ecológica e social, que está para acontecer no mercado fashion.

Queria que você me contasse um pouco mais sobre a maneira como você estruturou o texto no livro. Ele começa no “fim” e termina em um novo “começo”.

O livro foi organizado dessa forma por dois motivos. Primeiro, porque acredito que o mais importante da experiência dessa leitura seja fazer com que as pessoas se conscientizem sobre o momento em que a gente está vivendo. Acho que este é o fim de um grande ciclo: o fim da moda como a gente conhece, o fim da gente como a gente conhece… Eu precisei começar por esse “fim”. E finalizei com um novo começo porque sempre fiquei muito triste ao terminar de ler um livro ou de assistir a um filme e imaginar que elas se limitavam só àquilo. Sempre que somos tocados por alguma coisa, a transformação só começa de fato quando elas acabam e a gente tem a possibilidade de praticar o que aprendemos na vida.

Seu último livro saiu em 2014, se pararmos para pensar, faz pouco tempo. O que mudou na moda de lá para cá? No fim das contas, dois anos – no mundo da moda – é muito ou pouco tempo?

Em dois anos, muita coisa muda. A gente, a moda… Tanto que, à princípio, este livro seria apenas uma reedição do primeiro. Em dado momento, percebi que ele estava se transformando em outra coisa. Ele acabou ficando cem páginas maior do que o anterior. Isso devido a essas transformações todas pelas quais estamos passando, ainda mais com a tecnologia da informação que afetou muito o mundo da moda. Acho que nessa história de tentar acelerar cada vez mais, a gente acabou andando um pouco para trás.

Como você se organiza entre todas as suas tarefas? Malha, AHLMA, aulas, cursos, escrever… Parece uma rotina intelectual agitada. Você está cansado?

Sim, de fato, é uma rotina bem exaustiva. Eu acordo muito cedo, antes do sol nascer, e durmo cedo também. E nesse momento que eu consigo escrever, preparar aula, essas coisas. Depois que o mundo acorda, aí é correria o dia todo. Claro que me sinto bem cansado, mas quando percebo que estou exagerando, começo a me policiar.

A moda cansa?

A moda que a gente tem feito atualmente cansa, sim. Acho que a gente aumentou o volume, a quantidade de tudo. Então, não é difícil ver não só profissionais que fazem a moda, mas também as pessoas que compram a moda um pouco saturados dela. Acho que esse é um dos pontos que precisa ser revisto com urgência.

Como foi o processo para escrever o livro? Você escreveu tudo de uma vez?

O processo foi muito louco! Demorei quatro anos para escrever o primeiro livro, mas para terminar este daqui foram só quatro meses. E ele é bem maior do que o outro, muito mais cheio de informações. Tenho a sensação de que ele saiu mais rápido por causa da urgência dos assuntos abordados. Além disso, eu viajei muito nesse período. Fui para a Amazônia, Índia, Dubai, Japão, Vale do Silício… Esses lugares serviram não só de inspiração para o livro como também acabei aproveitando os longos voos para escrever ou revisar o que já tinha produzido. Na real, eu queria fazer um livro sobre criação. E assim foi até o momento em que eu percebi que estava procurando descobrir o meu propósito no mundo e só então comecei a trilhar o caminho do Moda com propósito.

É possível, sim, fazer uma grande virada. Inclusive, ela já está acontecendo em vários lugares, mas ainda tem muito trabalho pela frente.

André Carvalhal

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