Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Preço da roupa vai subir 30% Os consumidores vão ter de pagar o aumento histórico de 120% no algodão No espaço de dois anos, o preço da roupa vai subir 30% para refletir o aumento custo do algodão. A estimativa dos industriais têxteis mostra como o aumento do consumo na China e a crise no Egito, um dos principais fornecedores mundiais desta matéria-prima, vai ter reflexos diretos no consumo dos portugueses, mas o fim anunciado da roupa barata é acompanhado de previsões otimistas sobre o futuro das empresas do sector. Depois de fechar 2010 com um crescimento de 6,4% nas exportações e interromper um ciclo negativo de quase uma década, a indústria têxtil e do vestuário nacional prevê um novo aumento nas vendas em 2011, suportado pelo regresso de encomendas e clientes e por ganhos de valor acrescentado. Os empresários acreditam que a instabilidade no Norte de África e Médio Oriente vai trazer novos negócios a Portugal e há quem se prepare para investir. Textos MARGARIDA CARDOSO O algodão não engana, dizia um velho anúncio televisivo e dizem, agora, os industriais têxteis portugueses quando antecipam um aumento de 30% no preço da roupa, a refletir o impacto da subida de 120% no custo desta matéria-prima desde janeiro de 2010. O consumidor começará a pagar a fatura quando comprar roupa para a primavera-verão, mas a subida dos preços no retalho vai acentuar-se nas coleções do próximo outono-inverno e sofrer novo agravamento em 2012. Empresários e gestores acreditam que a tendência inflacionista no mundo do algodão, do campo à loja de rua, "é inevitável" e "está para durar", sob pressão de fatores como o aumento da procura por parte da China e a instabilidade no Egito, um dos principais fornecedores mundiais. "A subida do preço da fibra, em quilos, é diferente da que vai ser paga numa peça de roupa de 200 gramas, mas há um reflexo de 20% a 30% no custo final do artigo", explica Pedro Faria, diretor da Tearfil, uma das 29 têxteis portuguesas que na semana passada participaram na feira Première Vision Pluriel, em Paris. "Na nossa coleção de tecidos para a primavera-verão já temos uma subida de 10% nos preços, mas o peso da matéria-prima algodão nos custos de produção é de 30%", referiu, também Alfredo Rezende, presidente da Arco Têxteis. A esta tendência é preciso somar "o impacto da subida de 60% na lã, desde setembro, com as inundações na Austrália e os chineses a comprarem toda a oferta disponível nos leilões", acrescenta José Luís Nascimento, diretor da Tessimax. Apesar da dificuldade em fixar preços nas encomendas, a indústria têxtil portuguesa desdramatiza, para já, os efeitos nas suas vendas. "A subida é para todos e quem trabalha num patamar superior de qualidade e preço pode, numa primeira fase, absorver o impacto direto da subida do algodão. Quem não tem margens e vive apenas do preço baixo é que tem de aumentar rapidamente as tabelas", afirma Manuel Gonçalves, administrador da Têxtil Manuel Gonçalves. José Oliveira, presidente da Riopele, acrescenta: "Ainda bem que o preço do algodão subiu. Sempre me dei bem com matérias-primas mais caras. Isso regula o mercado por cima. Quando estão em baixo não há preços para competir", diz. A avaliar pelas previsões dos empresários presentes em Paris, 2011 poderá ser um bom ano para a indústria têxtil nacional, que em 2010 conseguiu inverter o ciclo de quebras nas exportações para crescer 6,4%, puxada pelo segmento têxtil, que viu as vendas subirem 12,1%, enquanto o vestuário, mais dependente de mão de obra intensiva e com menos incorporação tecnológica, cresceu 4,1%. Malkovich com os têxteis lusos A fileira ainda está longe do recorde de €5 mil milhões registado em 2001, mas há empresas à espera de crescimentos de dois dígitos nas vendas em 2011 e, apesar de muitas unidades do sector continuarem a sentir problemas financeiros, há quem se prepare para investir (ver destaques em baixo). É verdade que o preço do algodão pesa nestas percentagens de crescimento, mas apenas parcialmente. Mais de metade da subida deve-se ao mercado e a ganhos no valor acrescentado, diz a indústria. A acentuar o tom otimista para 2011, os empresários são unânimes em referir o regresso de encomendas e clientes, num quadro em que Portugal parece "beneficiar do clima de incerteza no Norte de África e Médio Oriente". "Portugal sempre soube exportar têxteis e o trabalho para marcas de clientes está a aumentar", garante José Oliveira. "Os têxteis na Europa vão voltar a crescer e Portugal é dos países mais fortes", diz Pedro Faria, enquanto Alfredo Rezende afirma que "a indústria têxtil resiste e continua bem viva" e Mário Jorge Machado, administrador da Adalberto Estampados, sublinha que "o sector têxtil nacional não é o mesmo de há 20 anos, mas quem ficou faz do melhor que há no mundo". E nem o apoio do ator americano John Malkovich faltou no meio do movimento constante de clientes junto das empresas lusas que participaram no certame parisiense com a Selectiva Moda — organização que está a promover a internacionalização da fileira através de apoios à participação em feiras e missões de prospeção de mercados. Na quinta-feira da semana passada, o ator visitou o espaço de exposição da Teviz e escolheu três amostras da têxtil de Vizela para a sua coleção de roupa. A jornalista viajou a convite da Selectiva Moda

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Comentário de António Manuel Miranda em 26 fevereiro 2011 às 11:30

Com a crise do algodão está se estabelecendo a ordem natural no mundo têxtil, onde a qualidade e a excelência reassume a dianteira que era de produtos de preço baixo.

E como se diz, quem só vê preço baixo será a primeira vítima dele.

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