Levantamento mostra que ritmo nas fábricas acelerou de 45,3 em abril para 51,6 em maio. Expectativa de recuperação está nas medidas do governo para estimular o mercado interno.
Estocada e com ociosidade acima da usual, a indústria continua preocupando. Segundo sondagem do setor realizada em maio e divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a dificuldade das empresas em ajustar os estoques já dura 14 meses com índice que chega a 53,1 pontos - acima da linha divisória de 50 pontos que indica normalidade. Somado a isso, já são 18 meses de operações com ociosidade acima da usual.
Além de entrave ao crescimento da indústria, o cenário retarda novos investimentos, alternativa que está entre as apostas do governo para retomar a expansão da economia para este ano. As esperanças do empresariado agora recaem sobre os efeitos que as medidas de estímulo ao consumo injetadas pelo governo trarão para o mercado interno. "A indústria vai depender da capacidade de reativação da demanda doméstica voltada para produtos nacionais, já que parte está sendo direcionada para os importados", avalia o gerente executivo de pesquisa e competitividade da CNI, Renato da Fonseca. O otimismo existe, já que o índice de expectativa quanto às exportações para os próximos seis meses subiu de 53,2 para 55,3 pontos.
Mesmo que os brasileiros retomem as compras, a economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) Annelise Fonseca alerta que haverá um período de regulação dos estoques antes que a produção volte a crescer com mais força. O índice passou de 45,3 pontos em abril para 51,6 pontos em maio. Para a CNI, ainda assim a perspectiva para o setor "continua ruim e com tendência de queda".
O presidente do conselho de administração da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) Aguinaldo Diniz Filho reconhece que os primeiros quatro meses do ano não foram bons. "As medidas positivas do governo ainda não tiveram impacto. Com isso, estamos trabalhando com níveis de estoque acima do normal", pondera. A indústria têxtil está entre as que detêm os maiores índices de estocagem, chegando a 57,5 pontos. "Além dos efeitos não terem chegado, ainda sofremos de forma predatória com a importação de produtos confeccionados da China que somente de janeiro a maio registrou alta de 46% no volume de importação", afirma.
Mais ajuda O Ministério da Fazenda autorizou ontem o repasse de R$ 10 bilhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como forma de possibilitar empréstimos da instituição financeira para o setor produtivo. Para Renato da Fonseca, os recursos ajudam, mas não surtirão efeito imediato. "Não vai ajudar se houver perda de confiança muito forte", pondera. Annelise estima que nos próximos seis meses talvez não seja possível ver os efeitos do barateamento e injeção de crédito no setor. "Com certeza terá resultados, mas de médio prazo", avalia.
Para Aguinaldo, é preciso ter crescimento da economia e consequentemente da demanda para motivar investimentos. "Atualmente as empresas estão com capacidade instalada ociosa e portanto, conseguem aumentar produção sem investir", pondera. Os recursos liberados pelo governo já estavam programados e fazem parte da programação do programa Brasil Maior. Em abril, já havia sido anunciado que o Tesouro Nacional emprestaria mais R$ 45 bilhões para o BNDES. Com a liberação de ontem, ainda faltam ingressar outros R$ 35 bilhões.
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