Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Produtividade Industrial Perde para Salários

No primeiro semestre, os gastos com a mão de obra na indústria superaram a evolução da produtividade de modo generalizado, tendência que fica ainda pior quando se analisa as despesas salariais em dólares, devido à valorização de quase 10% do câmbio no período. De janeiro a junho, 15 dos 17 setores industriais que aparecem na Pesquisa Industrial de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, viram a folha de pagamento real em dólares ter variação superior ao da produtividade, de acordo com estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). É um sinal ruim para o emprego na indústria, que já começou a encolher em alguns setores, segundo o IBGE.

Nos primeiros semestre, a produtividade do trabalho da indústria geral ficou estável em relação ao mesmo período de 2010, com alta de 0,1%, resultado da comparação do aumento de 1,7% da produção com a alta de 1,6% do número de horas pagas aos trabalhadores. Nesse período, os gastos com a folha de pagamento por trabalhador, já descontada a inflação, ficaram em 3,5%, deixando claro que os gastos salariais superaram com folga os ganhos de eficiência da indústria. É um quadro bem diferente do registrado em 2010, quando a produtividade aumentou 6,1%, alta bem maior que a elevação de 3,3% com custos da mão de obra.
O diretor do departamento de pesquisas e estudos econômicos da Fiesp, Paulo Francini, lembra que a produtividade do trabalho depende mais da evolução da produção industrial, uma vez que as horas pagas são mais estáveis. "O fraco desempenho da produtividade tem relação mais forte com baixo dinamismo que a produção vem exibindo", diz ele, observando que a indústria está "estagnada há pelo menos 14 meses". Isso ajuda a explicar por que 9 dos 17 setores tiveram perda de produtividade no primeiro semestre.

O tombo mais forte se observa no setor têxtil, com recuo de 13,2%, fruto da combinação de queda de 14,4% na produção e de alta de 0,83% do número de horas pagas. Também há perda de produtividade relevante no setor de metalurgia básica, com variação negativa de 5,1%, calçados e couro (-4,1%) e alimentos e bebidas (-4%). "Os setores têxtil e de calçados e couro vêm sofrendo bastante com a perda de competitividade e com a concorrência dos produtos importados, em virtude da taxa de câmbio sobrevalorizada", aponta o estudo da Fiesp.

O segmento de fumo teve aumento forte de produtividade, de 21%, mas obtido por uma combinação não exatamente virtuosa - a produção subiu quase 9%, mas o número de horas teve queda de 13,2%. O pessoal ocupado no setor encolheu 8,5% no período.

O mau desempenho da produtividade do trabalho ocorre ao mesmo tempo em que aumentam os gastos com a mão de obra, num cenário de mercado de trabalho aquecido, com falta de pessoal qualificado. O resultado é que, em 13 dos 17 setores da Pimes, os gastos com a folha de pagamento por trabalhador, já descontada a inflação, avançaram acima da produtividade. "É um fenômeno generalizado na indústria", diz Francini.

Não é algo que se limita a segmentos como têxtil e calçados, alcançando outros setores importantes, como máquinas e equipamentos, no qual a produtividade caiu 3,1%, enquanto os gastos com mão de obra avançaram 4,6%. No setor de meios de transporte (onde está a indústria automobilística), a produtividade subiu 0,1%, mas a folha de pagamento real por trabalhador teve alta de 3,9%.

O quadro fica ainda mais complicado quando se converte o custo da mão de obra em dólares. No primeiro semestre, o câmbio se valorizou 9,2%. "O diferencial entre a variação da produtividade e a do custo da mão de obra é ampliado pela trajetória de apreciação do real no período", diz Francini. Quando a folha de pagamento real por trabalhador é medida em dólares, apenas os setores de papel e gráfica e fumo tiveram ganhos de eficiência do trabalho acima da variação dos gastos com salários.

Na indústria geral, os custos com a mão de obra em dólares aumentaram 12,8% no primeiro semestre, período em que a produtividade teve alta de apenas 0,1%. No setor têxtil, a distância entre a queda de 13,2% da produtividade e o aumento de 12,1% dos gastos com salários em dólares chega a 25,3 pontos percentuais. No setor de máquinas e equipamentos, que amarga perda de eficiência de 3,1%, as despesas com mão de obra crescem 13,8% de janeiro a junho.

Para Francini, os números evidenciam a perda de competitividade. O câmbio valorizado, segundo ele, "é a estrela de maior grandeza na constelação perversa que dificulta a vida do setor". Os juros elevados, que ajudam a valorizar o câmbio, e a alta carga tributária também atrapalham bastante. "E, para piorar, alguns Estados incentivam a produção importada, o que é uma insanidade."

Francini acredita que, nesse cenário, as perspectivas para o emprego na indústria são negativas no segundo semestre. De janeiro a junho, o pessoal ocupado na indústria cresceu 1,9% sobre igual período de 2010, mas seis setores já registram demissões no período (como vestuário, calçados e couro, fumo e papel e gráfica), de acordo com a Pimes.

Fonte:|http://www.valor.com.br/brasil/999224/produtividade-industrial-perd...

Exibições: 284

Comentar

Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!

Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço