A safra mineira de algodão 2010/2011 começa a ser plantada agora, porém muitos agricultores já estão com a produção vendida meses antes do
início da colheita. Os baixos estoques mundiais levaram à valorização do
produto que atingiu preços históricos. Empresas exportadoras e
indústrias têxteis nacionais estão fechando contratos antecipados com
produtores para garantir a oferta de matéria-prima para o ano que vem.
“São os melhores preços de todos os tempos. Com este sistema, o
produtor já garante o preço e a entrega do produto após a colheita”,
comenta o diretor executivo da Associação Mineira de Produtores de
Algodão (Amipa), Lício Pena.
Ele explica que nos contratos futuros, a arroba (15 quilos) do algodão
em pluma está sendo negociada por aproximadamente R$ 78,00. Em safras
passadas, o valor da arroba não passava de R$ 55,00. Entre as razões
para a redução da oferta mundial de algodão estão as enchentes no
Paquistão. Importante produtor e exportador de algodão, o país foi
obrigado a importar a mercadoria. Na China, outro tradicional produtor e
consumidor da pluma, há uma tendência em priorizar o cultivo de
alimentos. Já o governo da Índia, país que também exporta algodão,
restringiu as vendas externas do produto para garantir a oferta no
mercado interno.
Segundo a Amipa, vários dos produtores de algodão em Minas Gerais já
comercializaram um parte da safra que será colhida entre março e agosto
do próximo ano. A previsão é de que o algodão se mantenha valorizado,
pelo menos, até 2012, quando os estoques devem começar a se
regularizar.
O superintendente de Política e Economia Agrícola de Secretaria de
Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, explica que os bons
preços do algodão também refletiram no grande aumento da área plantada
da cultura neste ano. “A associação dos produtores estima que a área
cultivada com algodão irá passar de 14 mil hectares no ano passado para
27 mil hectares neste ano”, informa.
A maior parte da produção de Minas Gerais está concentrada nas regiões
Noroeste, Alto Paranaíba e Triângulo Mineiro. “Nessas regiões o plantio é
feito em grandes áreas e a mecanização predomina. Já no Norte do Estado
a atividade é basicamente de pequenos produtores”, diz o
superintendente.
Indústria
O assessor de Suprimentos de Algodão da Cedro Têxtil, Breno Mattos
Mascarenhas, afirma que a negociação antecipada é uma tendência. A Cedro
já tem costume de fazer contratos antecipados e, neste ano, um dos
contratos foi com um produtor de Minas Gerais. “A comercialização
antecipada envolvendo produtores e indústrias de Minas ainda não é tão
comum como em outros estados. Mas é uma tendência, pois o Brasil é um
grande fornecedor mundial e tem um mercado interno forte”, explica.
A Cedro é uma as principais indústrias têxteis do país. A empresa
produz 168 milhões de metros quadrados de tecidos por ano e possui
quatro fábricas em Minas Gerais.
Inventivo à cultura
Em 2003, o Governo de Minas criou o Programa Mineiro de Incentivo à
Cultura do Algodão (Proalminas) com o objetivo de fortalecer toda a
cadeia produtiva, em parceria com produtores e indústrias têxteis.
No momento da venda, os produtores recebem da indústria o valor cotado
pela Bolsa (Cepea/Esalq) com um acréscimo de 9%. Já as indústrias que
compram o algodão produzido em Minas recebem uma desoneração de 41,66%
do ICMS para a venda dos produtos acabados. “Para receber o benefício,
os empresários do setor têxtil têm que adquirir uma cota do algodão
mineiro calculada de acordo com a estimativa de produção do algodão em
pluma e de consumo das indústrias”, explica João Ricardo Albanez.
Cerca de 200 produtores e 52 indústrias participam do Proalminas. O
estado tem o terceiro maior parque têxtil do país, com um consumo de 150
mil toneladas de pluma de algodão por ano.
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2024 Criado por Textile Industry. Ativado por
Você precisa ser um membro de Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI para adicionar comentários!
Entrar em Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI