BRASÍLIA - Preocupados com a continuidade da baixa do dólar em relação ao real, a cadeia do algodão, incluindo de produtores à indústria têxtil, quer que o ministro da Agricultura, Wagner Rossi,
seja o porta-voz do setor para os ministérios ligados à área econômica.
Hoje o grupo decidiu formalizar o manifesto por meio de uma carta, que
solicitará intervenção maior do governo nessa questão. "Precisamos fazer
um alerta sobre o dólar ao governo federal", disse o presidente da
Câmara Setorial do Algodão e Derivados, Sérgio De Marco.
A verdade é que a commodity nunca teve um preço tão atrativo no mercado externo. Apenas este ano, o preço do algodão disparou 68%, para 129,59 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York. Só em
outubro, a alta foi de 25% e, hoje, de 3,91%. "Sou produtor há 12 anos e
nunca vi a cotação do algodão tão elevada. Esta era a hora de ganhar
dinheiro", disse De Marco.
Apesar dessa escalada, os cotonicultores reclamam que o dólar "come" grande parte dos ganhos. O ideal para quem está no campo e, principalmente para os que desejam exportar, seria ver a moeda americana
valendo mais do que R$ 2,00. O temor, no entanto, é de que o dólar caia
ainda mais no próximo ano, para R$ 1,50. "O setor produtivo não
sobreviveria", previu.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Haroldo Cunha, admitiu que esse não é um problema exclusivo do Brasil. "Estados Unidos e China estão em uma guerra de gigantes e a
Europa fica assistindo de camarote", comentou. O problema, segundo ele, é
que, assim como o Brasil, China e Estados Unidos também são grandes
exportadores e, consequentemente, concorrentes diretos do País.
"É preciso que haja um freio para essa desvalorização. A China é um player mundial hoje e precisa agir como tal", observou. Para Cunha, o grupo das 20 maiores economias do mundo, o G-20, precisa adotar uma ação
coordenada sobre o tema. Ontem, o ministro da Fazenda, Guido Mantega,
disse que isso será decidido na reunião de cúpula, dias 11 e 12, em
Seul, na Coreia do Sul.
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