Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Protagonismo da tecnologia impulsiona CIOs a cargos de CEOs

A tecnologia tem transformado os cargos de liderança das empresas que buscam por visões mais conectadas à inovação.

Da esquerda para a direita: Riemann Cesar, CEO da Algar Tech; Tasso Lugon, CEO do Banco Banestes; Charles Schweitzer, CEO da Tanto. Imagem: divulgação

O espaço que a tecnologia conquistou nos últimos anos tem mudado a forma como o corpo diretivo é escolhido nas organizações. Se antes os CEOs eram selecionados por terem uma bagagem de experiências no setor financeiro — os CFOs —, hoje as organizações têm preferido executivos que também possuem conhecimento técnico sobre as tecnologias a serem implantadas e as inovações necessárias para otimizar os negócios.

Em entrevista ao IT Forum, Charles Schweitzer, CEO da Tanto, contou como foi acompanhar essa mudança. “Esse cenário era impensável há alguns anos, porque a área de tecnologia era um braço do setor financeiro. Mas, em 2008, quando a Apple lançou a App Store, ela criou todo um ecossistema que habilita uma empresa digital. Hoje, a vida corporativa é muito mais do que um DRE.”

Charles foi um dos casos de CIOs que se tornaram CEOs. Com diversas experiências em cargos técnicos de tecnologia e ligados ao desenvolvimento de produto, há 11 meses ele está à frente da Tanto, startup de reembolso imediato. Assim como ele, Riemann Cesar e Tasso Lugon também fizeram a transição de cargo, assumindo a cadeira principal das empresas onde atuam.

Em entrevista ao IT Forum, os três compartilharam suas visões sobre essa mudança no mercado e os desafios presentes na nova etapa.

Uma escolha natural

Para Riemann, a escolha de CIOs para cargos de CEOs é uma tendência natural do mercado e tende a crescer. O executivo assumiu a liderança da Algar Tech há 9 meses, mas não sentiu tanta dificuldade, pois conhecia muito bem seu produto.

“O CIO tem uma visão não só da tecnologia, mas também do impacto do seu trabalho no negócio. Quando falam no impacto do seu trabalho no negócio, isso vai desde uma eficiência operacional, uma estabilidade sistêmica ou, literalmente, a performance do trabalho dele, que impacta diretamente a entrega dos resultados da empresa. Então, acho que esse é o principal motivo de os CIOs estarem se destacando e se tornando CEOs. Eles conseguem entender, de ponta a ponta, como a empresa funciona”, explicou.

Para o executivo, a visão que o CIO desenvolve durante sua gestão abrange os três pilares principais de uma empresa: as pessoas, a infraestrutura e a tecnologia, o que facilita sua escolha pelo corpo diretivo. A ideia é compartilhada por Schweitzer, que destaca o peso da transformação digital nas decisões. “A tecnologia não é só mais um computador ou uma infraestrutura no escritório; é o produto também. Então, se o CIO está olhando para o desenvolvimento do produto digital, ele acaba sendo alguém que conhece muito do negócio”, concluiu.

No caso de Lugon, não só observar o movimento do mercado foi algo natural, como também decidir fazer parte dele. O atual CEO do Banco Banestes teve uma carreira bastante diversa: já foi empresário de dois negócios, assessor jurídico e CIO, mas sempre soube que gostava dos cargos de gestão.

“Eu nunca pensei em me especializar muito em desenvolvimento de sistemas e etc. A minha veia é mais voltada para a parte de gestão mesmo, tanto que fiz mestrado na área de Gestão de Tecnologia da Informação. Eu prefiro gerir para ajudar as pessoas a realizarem grandes projetos, porque o papel do gestor é auxiliar no desenvolvimento intelectual do funcionário também”, relata.

O mesmo aconteceu com Riemann. O executivo conta que a decisão entre seguir o lado técnico ou assumir a gestão é necessária para todos que decidem trabalhar no setor. “Quando você vem para uma linha de tecnologia, chega um momento da vida em que você tem que tomar uma decisão: se quer ser técnico ou se vai querer trabalhar com gestão e liderança de equipe. Esse foi o meu caminho, né?”.

Uma questão humana

Para Charles, foi um pouco diferente: as decisões foram surgindo junto com as oportunidades, mas a admiração por chefes ao longo do caminho fez a diferença. “Foi uma soma de coisas para chegar até aqui. Mas acho que um fator decisivo é você olhar para alguém e dizer: ‘Essa pessoa é incrível, eu queria ser como ela, fazer uma gestão assim'”. Tanto nas decisões pessoais quanto na gestão, o executivo conta que levar em consideração o fator humano fez muita diferença.

“Eu tenho uma perspectiva de que, de fato, várias dessas pessoas que estão seguindo uma carreira mais ligada à computação e programação não conseguem perceber que precisam levar em conta o fator humano. E eu já carrego isso comigo há bastante tempo, então isso talvez tenha acelerado minha transição”, afirma Charles.

O olhar para o outro é algo que ele e Riemann têm em comum. Desde sua época como CIO, o gestor buscava entender se as tecnologias implantadas realmente auxiliavam as equipes. “Eu sou uma pessoa que vai até a operação, que pergunta para nosso pessoal o que eles acham do sistema, porque não adianta eu ter uma excelente tecnologia se as pessoas não gostarem de usar. É sobre juntar a tecnologia com o que as pessoas realmente precisam.”

Para Tasso, estar conectado com esse fator humano também faz parte de assumir as responsabilidades como CEO. “Você tem que entender que ali você é responsável por várias famílias que fazem parte do conglomerado da organização que você está representando. Então, você precisa fazer de tudo para que a empresa dê certo e para que seus funcionários estejam felizes no trabalho, para, cada vez mais, gerar melhores resultados.”

Mas, e os desafios?

A responsabilidade maior citada por Lugon faz parte de compreender o novo cargo. Segundo o executivo, um dos desafios como CEO é ampliar o olhar para o todo da companhia. “A partir do momento em que você passa a ser CEO, você não só tem a responsabilidade de conduzir uma grande empresa, mas também de garantir que ela gere resultados. Começa a ser mais importante do que os projetos; é fundamental saber se, no final do ano, a empresa realmente deu lucro e atingiu as metas.”

No caso do CEO do Banestes, as experiências anteriores como empresário auxiliaram na transição para a presidência do banco. “Vindo do setor privado como empresário, foi possível fazer essa mescla entre o que podemos ajudar a crescer, com tecnologia e gestão.”

Já para Riemann, ampliar a visão para outras partes da empresa foi um desafio novo. “Antes, na cadeira de CIO, você tinha uma defesa técnica das coisas. E, quando assumi como CEO, precisei pensar na produtividade e nas estratégias da empresa; as decisões técnicas passaram a ser um segundo momento.”

O CEO também ressalta que um de seus trabalhos tem sido usar sua bagagem para direcionar internamente o uso da inteligência artificial, algo que, até pouco tempo atrás, não gerava dilemas éticos. “Para mim, é uma evolução natural do compliance. Antigamente, compliance era: você não pode contratar tal coisa, é preciso cumprir determinada legislação. Depois veio a questão da LGPD, e agora estamos falando de IA. Temos que ter muita maturidade e responsabilidade para entender esses processos, porque novos dilemas éticos surgirão no futuro.”

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