Brasil tem possibilidade de ocupar maior espaço no comércio com a China, mas precisa ficar atento com escassez interna de alimentos.
A gerra comercial encampada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode ter desdobramentos importantes para o Brasil. Isso acontece porque, apesar de ser generalizado, o embate tem a China como grande alvo dos estadunidenses.
Considerando esse aspecto, a guerra comercial pode nos favorecer, ao ampliar o mercado chinês. Dessa forma, estaríamos ocupando espaços de fornecimento de commodities disputados com os Estados Unidos. Grosso modo, o agronegócio brasileiro sairia ganhando, caso dos produtores de soja.
Por outro lado, o aumento de exportação pode envolver produtos que fazem parte da cesta da inflação. Ou seja, em um contexto em que o custo dos alimentos pesa no bolso dos brasileiros, o maior direcionamento para o mercado externo – com menor escassez de oferta interna – seria um problema.
Uma visão dos principais produtos exportados pelo Brasil para a China indica onde isso pesaria mais. Além da soja, que somou US$ 31,4 bilhões exportados em 2024, o óleo de petróleo (US$ 19,9 bilhões) e o minério de ferro (US$ 19,8 bilhões) são destaques.
Mais complexo são outros itens: dos dez produtos mais enviados para o país asiático, constam ainda carne de boi (US$ 5,97 bilhões), açúcar (US$ 1,39 bilhões) e cortes de aves (US$ 1,28 bilhões).
Outro ponto de reflexão é que a movimentação brasileira pode ser encarada, pelos Estados Unidos, como um alinhamento do país com os chineses, como defende a reportagem do Estadão, fonte dos dados citados acima.
Paulo Vicente dos Santos Alves, professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC), concorda que o aumento de tarifas contra a China pode aumentar a exportação de produtos brasileiros, mas há outros desdobramentos. Entre eles, ele cita a busca do Brasil como plataforma de exportação para os Estados Unidos.
“Isso já tinha ocorrido no México, mas agora os mexicanos também têm sido tarifados. A indústria brasileira pode ser beneficiar desse movimento, que se chama de near-shore”, explica.
Brasil pode se beneficiar dos movimentos de Near-Shore
O conceito pode ser melhor entendido a partir dos objetivos que pautam a guerra comercial de Trump. Em primeiro lugar, o método de criar tarifas foi escolhido como instrumento para forçar uma renegociação das tarifas, percebidas como muito desfavoráveis para os Estados Unidos, por excesso de assimetria.
Segundo, porque – ao aumentar as receitas do governo – a iniciativa estaria melhorando a balança comercial. E, terceiro: as restrições impostas seriam um indutor da volta de certas indústrias para dentro do território estadunidense.
“Esse movimento é chamado de Re-shore, que é o oposto de Off-shore”, complementa Paulo Vicente. O near-shore, citado acima e que beneficiaria o Brasil, nada mais é do que um off shore “mais próximo”, na avaliação do professor da FDC.
A guerra comercial também pode ser interpretada pela chamada ‘Teoria do Jogos’. Na definição do think tank americano Rand, trata-se do estudo de modelos matemáticos de conflito e cooperação entre tomadores de decisão inteligentes e racionais.
Tendo isso em mente, os especialistas destacam que os Estados Unidos estariam adotando o domínio de escalada. Explicando: isso acontece quando um combatente tem condições de escalar um conflito, de forma que o processo será desvantajoso ou custoso para o adversário.
A questão é que esse domínio pode estar do lado da China, segundo artigo da revista Foreign Affairs. Isso aconteceria porque o país asiático é fornecedor de produtos vitais para os Estados Unidos.
É o caso de estoques farmacêuticos, chips eletrônicos baratos e minerais essenciais como Terras Raras, que não podem ser substituídos ou produzidos tão cedo internamente.
Da Redação
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