Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Após períodos de instabilidade econômica e ajustes, o cenário das startups para 2024 é de retomada gradual dos investimentos.

(Crédito: Shuttestock)

Após 2021 ter sido o ano recorde de investimentos de venture capital (capital de risco) no Brasil – com pico de mais de US$ 10 bilhões investidos em startups, segundo dados da Distrito –, 2022 foi um ano de ajuste da liquidez do mercado, que culminou numa redução drástica no volume de investimentos em startups devido à instabilidade econômica. “Em 2022, tivemos por volta de US$ 4,4 bilhões e, este ano, devemos encerrar quase em US$ 2 bilhões de investimentos só no Brasil”, revela Gustavo Gierun, CEO da Distrito.

Nesse contexto de baixa liquidez no mercado, as startups tiveram que ajustar o tamanho de seus times e investimentos buscando a sustentação em longo prazo. Esse movimento acabou resultando em uma série de demissões no setor.

“Muitos fundadores viram a necessidade de reavaliar seus planos de captação de recursos, concentrando-se no core de seus negócios e adotando uma abordagem mais criteriosa em relação aos ‘financials'”, enfatiza o sócio-diretor líder do Programa Emerging Giants da KPMG no Brasil, Diogo Garcia.

Por outro lado, quem não conseguiu se ajustar nesse contexto, teve que encontrar outra alternativa mais drástica, como fechar ou vender a empresa. “Vimos algum movimento de M&A dentro desse mercado para empresas que precisavam buscar algum tipo de solução”, complementa Gierun.

Além da baixa liquidez, outro desafio enfrentado pelas startups no que tange aos investimentos é que o aumento da taxa de juros. “Num ambiente de maior aversão ao risco, os investidores podem ser mais cautelosos ao alocar recursos, o que pode impactar o financiamento disponível para startups”, explica Garcia, pontuando, no entanto, que como o ambiente econômico é complexo, o impacto específico em startups pode variar dependendo do setor, do modelo de negócios e de outros fatores.

Retomada gradual

Essa dinâmica desafiadora não é de todo ruim, na visão de Garcia. Isso porque, segundo ele, ela gerou uma demanda por startups com melhor governança e eficiência.
“O cenário de investimentos em startups no Brasil em 2023 foi desafiador, provocando uma ‘correção nos valuations’’. No entanto, essa correção não apenas refletiu uma maior maturidade no ecossistema, mas também incentivou investidores a buscar múltiplos mais realistas e empreendedores a consolidar negócios mais sólidos e sustentáveis, adotando melhores práticas de governança e maior transparência com seus stakeholders”, afirma o sócio-diretor.

Apesar desses tempos difíceis para as startups, o CEO da Distrito observa que, a partir do terceiro trimestre de 2023, houve uma melhora gradual do interesse de investidores de venture capital em realizar novas rodadas de investimento. “Percebemos, principalmente o mercado de startups um pouco mais maduras, o que chamamos de late stage, começando a ver uma nova atividade”. Mesmo não sendo nos níveis de 2021, Gierun destaca que essa retomada é sempre gradual.

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“Acredito que em 2024 veremos uma retomada nos investimentos, ainda em ritmo lento, mas já sinalizando um retorno à normalidade do mercado”, prevê Felipe Matos, vice-presidente da Abstartups.

Garcia, da KPMG, afirma que um dos sinais de que os investimentos em startups em estágios mais avançados podem aumentar em 2024 é que grandes fundos de Growth, como o Riverwood Capital e Bicycle Capital, conseguiram fechar suas captações. “Investidores internacionais, que por ora estavam fora do Brasil e América Latina já sinalizam interesse em voltar a investir na região”, reforça.

Apesar de entender que ainda é muito cedo para arriscar falar em números, Gierun, CEO da Distrito, enfatiza que o mercado deve ser melhor em 2024, devido à queda na taxa de juros e a um ajuste na qualidade das startups.

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