O desequilíbrio da balança comercial que caracterizou as relações econômicas da China com o resto do mundo durante boa parte da última década praticamente desapareceu.
O superávit em conta corrente da China caiu para US$ 201,1 bilhões em 2011, ante US$ 305,4 bilhões em 2010. Mais importante ainda é que esse superávit caiu 2,7% como proporção do PIB. É quase a menor proporção em uma década e abaixo do limite de 4% que sugere um câmbio desequilibrado.
O argumento nos últimos anos tem sido de que a queda do superávit da China é cíclica, resultado do investimento vultoso em estímulo econômico, que gerou uma alta nas importações de commodities, e da recessão em seus maiores parceiros comerciais, que coibiu as exportações.
Mas o Fundo Monetário Internacional aparentemente enxerga algo mais por trás disso. O FMI prevê agora que o superávit em conta corrente da China será de 3,8% do PIB em 2013, bem menos que a previsão de 6,2% divulgada em setembro. Somado à queda inusitada no montante das reservas internacionais da China no último trimestre de 2011, isso se torna um desafio sério ao argumento de que o yuan está desvalorizado.
As previsões de valorização do yuan em relação do dólar este ano já caíram para 2% a 3%, ante 5,1% em 2011. Para os investidores, as consequências dessa desaceleração são amplas. Outras moedas da região, como o dólar de Cingapura ou o ringgit da Malásia, que acompanham a oscilação do vizinho poderoso, também podem sofrer com uma menor valorização do yuan.
Hong Kong também sentirá os efeitos. Os investidores em empresas chinesas listadas na bolsa local estão acostumados a turbinar seus ganhos com o câmbio favorável. Esse benefício pode ser reduzido. Os investidores em títulos de dívida em yuan no exterior — também conhecidos como títulos "dim sum" — aceitaram um rendimento menor durante a maior parte do ano passado porque eram compensados com a valorização do yuan. Essa opção já não parece tão atraente. A emissão de títulos de dívida dim sum caiu 26% no quarto trimestre de 2011, em comparação ao terceiro trimestre, segundo a firma Dealogic.
Num ano eleitoral e com o desemprego a 8,3%, pode ser que os Estados Unidos ainda mantenham a sua retórica sobre a cotação do yuan. Mas os investidores devem se preparar para o início de uma freada chinesa na valorização.
FONTE: The Wall Street Journal
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