Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Rumos da importação de veículos podem reservar vastas e fortes emoções

  • Volks Jetta é um dos carros trazidos do México ao Brasil sem custos extras de importação

    Volks Jetta é um dos carros trazidos do México ao Brasil sem custos extras de importação

Mais coisas vão mudar nos próximos meses em termos de importação e de produção interna de veículos. Apesar do intervencionismo meio atabalhoado do governo federal, um caminho parece aberto para incentivar mais fabricantes no Brasil. A renegociação do acordo automobilístico com o México aponta nessa direção. Aliás, este possui cláusula de saída de qualquer das partes: se decidida, haveria um período de 14 meses durante o qual tudo permaneceria como antes.

O Brasil exportou, de 2000 a 2011, ao mercado mexicano cerca de 1,5 milhão de veículos e importou 500 mil. O balanço nos é favorável em US$ 13 bilhões. No entanto, ocorreram mudanças importantes no período. O México possuía uma moeda forte e a nossa havia passado por desvalorização severa. Hoje, o real está valorizado e o peso, enfraquecido.

O fator cambial fica esquecido muitas vezes. Para efeito prático, o imposto de importação, para quem paga, de 35% foi zerado (em termos reais) há muito tempo e se pode considerá-lo até um imposto negativo. Mas as tolices continuam sendo repetidas, quando se comparam preços.

Na realidade, o Brasil deseja equilibrar o comércio com o México. O intercâmbio livre atual só inclui automóveis e comerciais leves e com dólar a R$ 1,70 as exportações só não pararam porque ficaria muito caro voltar depois. Caminhões e ônibus brasileiros têm de pagar imposto de importação lá e como seu preço é dez vezes superior a um automóvel pequeno, uma alíquota zerada melhoraria a relação de troca.

Outro equívoco é comparar o índice mínimo de nacionalização, de 30% no México e 65% no Brasil. As fórmulas de cálculo diferem, porém ao final se equivalem. Ocorre que o conteúdo local das marcas há mais tempo produzindo aqui supera os 85% e, novamente, o fator cambial distorce comparações. Carro argentino, por exemplo, importado para o Brasil tem, em média, maior conteúdo de peças brasileiras do que a montagem do Hyundai Tucson, em Anápolis (GO). Tudo dentro da lei, porém os custos de produção são bem diferentes e, por consequência, as condições de venda, incluindo aí investimentos em marketing.

A negociação Brasil-México valerá também para o Mercosul e pode se arrastar por semanas. Acordo deve sair, nem que se retorne ao regime de cotas, válido entre 2000 e 2006. Inequivocamente, fabricantes como Mazda e Mercedes-Benz querem se instalar no México, com sua moeda enfraquecida, para exportar ao Brasil. Nissan fará investimento pesado lá, mas preferiu não arriscar e também terá fábrica aqui, em Resende (RJ).

Para o consumidor interessa mais automóveis produzidos no Brasil e que a concorrência baixe os preços. Ninguém vai se instalar para fabricar velharias. Com a decisão da BMW (ainda não pormenorizada) da fábrica brasileira, a Mercedes-Benz já acenou, à luz da discussão do acordo, voltar a produzir aqui. Quem sabe, a Audi também.

Por fim, importar é atividade complicada em qualquer mercado. Há riscos cambial, legislativo e de logística, entre outros. Em 1999, o real se desvalorizou frente ao dólar, de R$ 1,10 para R$ 2. Quatro anos depois, beirou os R$ 4. Marcas e redes de assistência foram a nocaute, sem mudança de alíquota de nenhum imposto. Todos precisam estar preparados para fortes emoções.

FONTE: UOL

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Comentário de Fabrício Leite em 15 fevereiro 2012 às 5:49

Para mim muito da explicação dos sérios problemas que enfrentamos no nosso setor têxtil está ligado as frases em negrito que destaquei no texto acima!!

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