Especialistas acreditam que layoffs não são influenciados apenas por momento econômico.
A semana começou com bolsas de valores do mundo inteiro, inclusive a brasileira, em queda, principalmente pelo medo global de uma possível recessão nos Estados Unidos. O medo do mercado internacional acontece, principalmente, pela expectativa de o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) diminuir os juros, que deveria ter acontecido em março e foi adiado para junho e agora para setembro.
“Há tempos o mercado espera uma mudança de rota da economia americana, desde o ano passado existem projeções de que esse momento de pleno emprego vivido atualmente pela economia americana teria um término e com isso o Banco Central Americano começaria uma sequência de cortes de juros, que atualmente estão em um patamar bastante elevados pela história americana. Mas o mercado de trabalho americano tem se mostrado mais resiliente e com um desempenho mais positivo do que se esperava anteriormente”, explica Renan Pieri, professor de economia da FGV AESP.
Eduardo Grübler, gestor de multimercados da AMW, complementa dizendo que se a recessão nos Estados Unidos se confirmar, o que se espera são os sinais clássicos da recessão. Ou seja, aumento do desemprego, queda na confiança do consumidor e volatilidade nos mercados de risco.
“Isso a gente já está vendo um pouco e, por isso, há o questionamento se o Fed não perdeu o timing de baixar os juros. Baixando juros, historicamente, é algo que ajuda a economia, o que tende a compensar uma parte disso”, pondera ele.
Para Pieri, a recessão nos Estados Unidos deve afetar o mercado como um todo e, em particular, as empresas de tecnologia. Isso não ajuda as companhias a manterem seus trabalhadores e ampliarem os seus projetos.
“Mas tem um ponto mais interno da indústria que talvez explique melhor essas demissões recentes. Primeiro você tem uma redução na demanda de computadores pessoais, com o uso cada vez mais intensivo dos celulares. Além disso, a indústria passa por uma mudança tecnológica por conta de projetos ligados à inteligência artificial. Então é natural que não só as equipes trabalhem de maneira mais enxuta, como você tem uma mudança dos profissionais que essa indústria vai demandar”, explica ele.
Grübler concorda e diz que há uma pressão nessas grandes empresas sobre o uso de ferramentas de IA, uma vez que os resultados ainda não são tangíveis. “Apesar das lideranças das grandes empresas de tecnologia falarem sobre o quanto isso demora para ficar claro nos resultados, o mercado já está batendo bastante em empresas que não mostram nenhum tipo de melhora. Como isso influencia o mercado de tecnologia como um todo? A gente vê uma redução no número de postos de trabalho em tecnologia, mas que esses postos de trabalho em tecnologia sejam cada vez mais técnicos.”
Ou seja, é preciso que sejam profissionais que entendam de um ferramental cada vez maior. Por outro lado, essas novas ferramentas de IA permitem que o profissional que consiga aprender muito mais rápido.
“A gente vê um grande diferencial para aqueles profissionais que conseguirem de fato aprender sobre essas novas ferramentas disponíveis. E o quanto que isso pode não só aumentar a precisão do trabalho, porque é mais rápido de aprender coisas novas, mas também o volume de entrega que cada uma dessas pessoas tem a adicionar para seus empregos”, afirma ele.
O economista da FGV acredita que esse é o caso tanto da Dell quanto da Intel. A Dell, inclusive, já demitiu um grande número de funcionários no ano passado, momento em que a economia estadunidense estava em um patamar melhor.
“Se a recessão não ajuda as empresas a aumentarem suas vendas, por outro lado, a gente deve começar a ter agora o corte de juros que já se anunciava antes. E isso, por outro lado, deve baratear o custo de capital para as empresas, o que talvez gere alguns estímulos”, frisa Pieri.
Segundo o especialista, no começo da pandemia, os juros no mundo como tudo estavam muito baixos, isso potencializou bastante o crescimento do setor de tecnologia. Com a pandemia, esses investimentos aumentaram ainda mais, com o aumento da demanda por serviços online e do mundo digital de uma forma geral. “Foi só com o arrefecimento da pandemia que a gente começou a ver cortes nesses empregos, muito por conta da mudança de demanda com o fim da pandemia, mas também com o aumento dos juros. Então, a redução dos juros pode ser um alívio que em meio a um cenário de recessão técnica.”
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