Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Reynaldo-BH: “A condenação dos quadrilheiros corruptos é o ponto de partida”.

Como fazer de uma exceção a regra?

Qual luta devemos lutar para que as decisões do STF no mensalão não sejam somente – e sei que já é muito – a condenação de uma canalha que zombou de nossa cidadania?

A condenação dos quadrilheiros corruptos não é linha de chegada. Só valerá a pena se for ponto de partida.

A faxina, para usar a imagem de uma figura pública que se reduz a cada dia, tem que chegar para além do banheiro. E das privadas.

Junto com as teses enterradas como fezes de gato pelos ministros (os honestos) do STF, algumas outras também estão sob a terra ou areia. Entre elas, a da vingança contra um líder popular.

Nunca foi. Justiça não é vingança. Ao contrário, é a retribuição social – do corpo social – ao dano causado por marginais. E o líder popular tinha pés de barro.

José Dirceu disse que foi condenado por ser ministro. Deve ser verdade. Se fosse presidente sequer teria sido denunciado.

A desonra que cobre José Dirceu et caterva é mais incômoda – para a gangue – quando observam a liberdade e a continuidade dos delírios de Lula, sem maiores consequências. Penais.

Que existam consequências históricas.

Nossa luta, que nunca foi abandonada, não precisa de novos desafios.

Acima das penas impostas aos ladrões, estava – e está – o resgate da cidadania, a plenitude democrática e o afastamento do aparelhamento do estado em todos os níveis.

Ninguém ignora que o PT tentará domar o rebelde Poder Judiciário. Pensou, antes do julgamento, já tê-lo sob controle, na ponta da coleira. Sentiu na pele (ou couro) o erro de avaliação.

Mas aprendeu que alguns juízes são dóceis. E obedientes.

Este deverá ser o padrão dos novos “ministreiros” (ministros companheiros).

Não fomos movidos por desejo de impor uma derrota ao PT. Eles jamais entenderão isto, mas vale a pena explicitar mais uma vez: movia-nos a defesa das conquistas de todo um povo, que lutou contra uma ditadura e não aceita ver estas conquistas instrumentalizadas em tenebrosas transações (apud Chico e Gurgel).

E estas serão repaginadas por quem se recusa a aprender com a história. Preferem tentar reescrevê-la. Não aprendem com fatos. Preferem criar versões. Não aceitam a verdade. Buscam a mentira como desculpa.

Sim, eles agora têm medo. Não imaginavam que haveria uma ponta solta (a do Judiciário) na arquitetura da montagem do esgoto. E que haveria, ainda, uma liberdade de imprensa (sem nenhum “controle social”) que pudesse exercer com dignidade o que é somente obrigação de quem se diz jornalista. E que alguns tentam esconder: ou a dignidade ou o título. Ou ambos.

Estes são os novos alvos da camarilha que prefere continuar delinquindo a fazer uma honesta autocrítica. Seria esperar o impensável.

Como ratos acuados, não sabem para onde correr. Como ratos – os verdadeiros, os animais roedores – pulam sobre o “inimigo” seja este qual for. Ratos não sabem distinguir situações. Nem possuem inteligência para buscar alternativas. Insistem na mesma ação, pois não sabem – é da natureza – agir de outra forma. Aqui já falo de ambas as espécies animais…

Não minimizo a vitória da cidadania que o Brasil obteve. Antes, louvo-a. É a garantia que a cidadania precisa e deseja.

Mas não reduzo ao término de uma jornada. Não é, infelizmente.

Não tenho a menor esperança de ver o PT reposicionar-se frente aos crimes cometidos pela sigla, pelos dirigentes e pelos maiores líderes do partido. Uma associação baseada no fanatismo cego não pode sob pena de deixar de existir, passar a enxergar de uma hora para outra. Serão todos cegos felizes, que referem criar cores e luzes a ver a realidade. Mesmo a cruel realidade que ajudam a construir. Ou especialmente esta.

O que não podemos é aceitar o resultado do julgamento com uma vitória em si mesmo.

É um início. Quanto mais tenhamos esta consciência, maior será o medo incutido nos ladrões e protoditadores ainda soltos.

Contamos só conosco. Recuso-me a esperar que a oposição consentida saia da inércia e covardia que, junto com o final deste julgamento, demonstra nosso isolamento. E nossa independência. Talvez seja melhor assim.

Que não venham, agora, os covardes da oposição oficial tentar roubar a vitória que não acompanharam sequer de camarote. Estavam nos banheiros, escondidos, deixando que a luta se desse através da internet, da indignação popular, das passeatas (mesmo sem multidões imensas de  participantes), dos espaços de discussão como este aqui.

Não aceitaremos a selvageria dos quadrilheiros enjaulados. E nem a participação tardia dos covardes escondidos.

Que transformemos o alento em sólida posição de cidadania. Cabe a nós.

Assim como não sabíamos de antemão o fim da estrada, mas sabíamos a certeza do caminhar, também não sabemos o como fazer. Ainda. Mas já sabemos contra quem lutar e com quem não contar.

Já é um avanço.

Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/

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