A pandemia de covid-19 acelerou a digitalização da rotina, tornando o uso de telas indispensável para trabalho, estudo e lazer. No entanto, a hiperconectividade trouxe desafios para a saúde mental, o sono e a socialização.
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1. O uso de telas pode causar prejuízos à saúde?
Certamente, sim! O uso excessivo de telas pode desencadear problemas físicos e mentais. Alguns dos prejuízos mais comuns são insônia, estresse, ansiedade e sedentarismo, que pode facilitar o surgimento de doenças como obesidade e hipertensão.
Em crianças, há evidências de impactos na linguagem, na regulação emocional e na atenção. Os prejuízos podem ser tamanhos, a ponto de se confundirem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
2. Quando devemos nos preocupar com o excesso de exposição às telas?
A preocupação deve surgir quando o tempo de tela interfere em atividades essenciais, como trabalho, estudos, sono, interações sociais e saúde física.
Devemos estar atentos aos sinais, como queda no desempenho profissional ou acadêmico, quando passamos a sentir dificuldade para dormir e cansaço frequente ou quando, devido ao tempo prolongado frente às telas, tornamo-nos mais sedentários, irritáveis, com oscilações de humor e tendemos ao isolamento.
Devemos nos preocupar quando, em um encontro social, com amigos ou família, predomine o silêncio e as atenções se voltem para o aparelho eletrônico, ao invés de prestarmos atenção nas pessoas com quem nos importamos.
Em crianças e adolescentes, o risco aumenta se as brincadeiras e o convívio social pela interação são substituídos pelas telas, por jogos eletrônicos, ou conversas infindáveis via redes sociais, mas poucos diálogos sociais. Devemos nos preocupar com os impactos na autoestima, comparando a vida real com a vida 'instagramável'.
3. Por que esse tema tem sido mais estudado?
Intensificado pela pandemia, houve um crescimento exponencial do uso de dispositivos e da digitalização do cotidiano. Este crescimento, motivou pesquisas sobre os impactos das telas na saúde mental, assim como no desenvolvimento infantil, cognitivo, na produtividade e até mesmo na fadiga visual.
Os efeitos negativos desta hiperconectividade têm se manifestado de forma tão acentuada, que passou a ser amplamente estudado mais recentemente.
4. Por que as telas são tão envolventes?
Plataformas digitais são projetadas para ser altamente atrativas! Redes sociais, jogos e notificações agem no nosso corpo com um gatilho que ativa a liberação de dopamina, criando uma sensação de prazer e reforçando o uso contínuo.
Conceitos como design persuasivo e joy of use tornam a experiência intuitiva, embora esse estímulo possa levar a padrões compulsivos e ao uso problemático da internet (UPI).
Além da liberação de hormônios do prazer, o acesso a qualquer tipo de informação, com máxima velocidade e sem barreiras temporais ou territoriais, fomenta o uso de dispositivos seja para estudo, trabalho, lazer, entretenimento...
5. O impacto das telas no trabalho/estudo é diferente do lazer?
Sim. O efeito depende do conteúdo e do tempo de exposição:
Lazer: Excesso de uso para entretenimento (redes sociais, vídeos, jogos) pode aumentar o risco de sofrimento psicológico, principalmente em adolescentes.
Trabalho/Estudo: Quando o uso é moderado e interativo, pode ser neutro ou até benéfico, desde que não substitua hábitos saudáveis, como sono, exercícios e interações presenciais. Um impacto negativo bastante frequente é roubo da atenção durante reuniões, por exemplo.
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6. O tempo de tela afeta o sono? Como minimizar isso?
Sim. A luz azul emitida por dispositivos reduz a produção de melatonina, dificultando o adormecimento e afetando a qualidade do sono. Para minimizar estes impactos, devemos adotar rotinas regulares para dormir e acordar, mantendo o ambiente de sono escuro, silencioso e confortável. Devemos, ainda, evitar o uso de telas de 1 a 2 horas antes de dormir e utilizar filtros de luz azul nos dispositivos.
7. Qual o tempo recomendado de tela?
As recomendações variam conforme a idade e o uso:
- 0 a 2 anos: Evitar o uso de telas, exceto para chamadas de vídeo supervisionadas.
- 2 a 5 anos: Máximo de 1 hora por dia, com supervisão e preferência por conteúdo educativo.
- 6 a 10 anos: Até 2 horas diárias, priorizando atividades interativas e de qualidade.
- 11 a 18 anos: Até 3 horas diárias, sem comprometer o sono, os exercícios físicos e as interações sociais.
- Adultos: Não há um limite exato, mas é importante equilibrar o tempo de tela com pausas regulares e atividades offline.
8. O uso excessivo de telas prejudica a visão? Como evitar?
Sim. Pode causar fadiga ocular, ressecamento, dores de cabeça e até aumentar o risco de miopia. Dicas para a proteção dos olhos:
- Evite usar telas em ambientes muito escuros, para reduzir o contraste e a tensão ocular.
- Mantenha as telas a uma distância de, pelo menos, 30 cm. De preferência, mantenha ativada a função "Distância da Tela" em seu smartphone, pois, quando próxima demais do rosto, automaticamente haverá um bloqueio de tela com a notificação de proximidade.
- Pisque com mais frequência, pois o uso prolongado reduz esse ato natural.
- Faça pausas regulares durante o dia.
9. Telas afetam concentração e humor?
Sim. O uso contínuo de conteúdos digitais – especialmente aqueles que oferecem recompensas rápidas, como notificações e vídeos curtos – pode diminuir a tolerância ao tédio e dificultar a concentração. Esse padrão pode aumentar irritabilidade, impulsividade e ansiedade, afetando funções executivas como planejamento e memória.
Humor e até mesmo a autoestima podem ser afetadas por meio da comparação com padrões e ideais de beleza frequentemente exibidos em redes sociais.
Outra possível consequência negativa, é conhecida como cybersickness, ou enjoo digital. Esta condição é semelhante à cinetose, que ocorre durante a imersão em ambientes virtuais, especialmente em experiências de realidade virtual. Essa síndrome se manifesta por sintomas como náuseas, tonturas, sudorese, dores de cabeça e desorientação.
10. Como as telas impactam a socialização?
O uso excessivo pode prejudicar o desenvolvimento de habilidades interpessoais, especialmente em crianças e adolescentes. A diminuição de interações presenciais pode afetar a empatia, a comunicação não verbal e a capacidade de resolver conflitos.
As telas podem impactar a socialização até mesmo durante encontros presenciais onde, frequentemente, os participantes deixam de interagir entre eles para a interação online.
11. O consumo de informações digitais distorce a percepção da realidade?
Podem distorcer sim! Os algoritmos são capazes de criar "bolhas de filtros", que tendem a apresentar conteúdos alinhados às preferências do usuário, reforçando crenças pré-existentes e reduzindo a exposição a diferentes pontos de vista. Isso pode distorcer a percepção da realidade e diminuir a capacidade de análise crítica.
12. Como reduzir o tempo de tela e equilibrar o uso?
Para uso saudável e equilibrado das telas, sendo possível vivenciar os inúmeros benefícios que elas proporcionam, é importante estabelecer limites e definir horários específicos sem telas (durante refeições, antes de dormir etc).
Uma boa estratégia é utilizar aplicativos que monitorem ou limitem o tempo de uso. Em casa, crie ambientes livres de dispositivos, como quartos e mesa do jantar e substitua o tempo de tela por atividades alternativas (exercícios, leitura, jogos de tabuleiro e interações presenciais). Lembre-se de dar o exemplo, principalmente para crianças, reduzindo o próprio tempo de tela.
13. O uso de telas pode ser benéfico? Como aproveitar sem prejudicar a saúde?
Sim, pode ser bastante benéfico! Quando usado de forma equilibrada, o uso de telas oferece benefícios como acesso à informação, educação, comunicação e entretenimento.
Dicas:
- Priorize conteúdos produtivos e educativos.
- Defina limites de tempo para atividades de lazer digital.
- Escolha plataformas de qualidade que promovam aprendizado e desenvolvimento pessoal.
- Mantenha um equilíbrio saudável entre atividades digitais e interações presenciais.
Na Firjan SESI, adotamos algumas iniciativas para a conscientização quanto ao uso de telas e informações acerca da hiperconectividade. Além disso, nossa Colônia de Férias deste ano trouxe a startup Uso Saudável de Telas, que trabalhou o tema de forma lúdica e educativa com as crianças.
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