
Pela primeira vez em 18 anos, o número de fumantes brasileiros aumentou 25% no comparativo com 2023. Isso equivale a 11,6% da população atual. A pesquisa do Ministério da Saúde trouxe outro alerta importante: o uso de cigarros eletrônicos entre adultos alcançou a marca 2,6% de brasileiros, o maior patamar desde 2019.
Essa tendência de crescimento no índice de tabagismo reacende o alerta na saúde pública no país, uma vez que mais de 174 mil pessoas morrem a cada ano por doenças causadas pelo tabaco, sendo 55 mil por câncer. Proibidos pela Anvisa desde 2009, os chamados vapes também têm preocupado especialistas. Populares entre jovens e adolescentes, os cigarros eletrônicos podem ser uma porta de entrada para o consumo do cigarro comum. Na indústria, o número é um pouco menor: 8,8% dos trabalhadores fumam.
- Parar de fumar é difícil, mas você não precisa enfrentar isso sozinho! Procure a UBS mais próxima ou ligue 136 e receba apoio gratuito do SUS. Conheça o Programa Nacional de Controle do Tabagismo.

Veja como foi:
1. Afinal, o que é um cigarro eletrônico e qual é a diferença para o cigarro comum?
O dispositivo eletrônico para fumar (DEF), também conhecido como cigarro eletrônico, vape, e-cigarette, pod ou pendrive, é um dispositivo eletrônico portátil que aquece um líquido contendo solventes, nicotina em diversas concentrações, aromatizantes e inúmeros outros aditivos. As principais diferenças para o cigarro comum residem no método de produção de vapor e nas substâncias que são inaladas.
2. É verdade que os vapes são mais prejudiciais à saúde? Por quê?
Não necessariamente. Embora os cigarros eletrônicos apresentem diversos riscos comprovados à saúde, ainda não há evidências claras com relação à segurança, qualidade e efeitos de seu uso. A maioria dos países não regulou os cigarros eletrônicos, o que explica a ausência de padronização da composição e da formulação, levando à ampla variedade atualmente disponível desse produto.
Essas variações tornam difíceis as pesquisas e, principalmente, a generalização dos resultados de qualquer estudo. Portanto, no momento, não há como prever quais as consequências à saúde em longo prazo e qual será o cenário na saúde pública decorrente do uso e/ou da exposição a esse novo produto.
3. Podemos dizer que esses dispositivos eletrônicos são uma porta de entrada para o tabagismo?
Sim. O cigarro eletrônico pode ser a porta de entrada para o cigarro comum, principalmente entre os jovens. Aditivos de aroma e sabor e uso prático, fácil e menos perceptível pelos outros tornam os vapes mais atrativos e diminuem percepções desconfortáveis das primeiras experiências de consumo. Além disso, as altas concentrações de nicotina podem levar à dependência, ao uso do cigarro convencional e até mesmo à dupla utilização.
4. Quais são os principais riscos do cigarro eletrônico?
Já há evidências de que o uso do cigarro eletrônico causa danos à saúde, principalmente lesões pulmonares e cardiovasculares, além de efeitos hemodinâmicos, imunológicos, neoplásicos e toxicológicos. Estudos recentes evidenciaram uma relação do uso do vape com uma nova doença chamada Lesão Pulmonar Aguda E-Vaping (EVALI), que mistura sintomas respiratórios, febre, mal-estar e sintomas gastrointestinais, podendo levar à morte.
5. Mesmo proibidos no Brasil, os dispositivos seguem uma febre entre adolescentes e jovens adultos. Esse consumo excessivo pode levar à alguma doença mais grave?
Além de poder causar a Lesão Pulmonar Aguda E-Vaping (EVALI), os cigarros eletrônicos estão associados à exacerbação da asma, bronquite, pneumonias e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC); aumento do risco de infarto agudo do miocárdio e insuficiência cardíaca; aumento do colesterol, da pressão arterial e de doenças metabólicas; exposição a diversos agentes cancerígenos; e risco de ingestão acidental do líquido e explosões.
6. Quais são as dicas para quem decide parar de fumar? Existe algum tipo de ajuda profissional?
O tabagismo é uma dependência química e considerado uma doença, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). Portanto, parar de fumar pode ser desafiador e levar tempo. É importante ser paciente e persistente, buscando apoio e recursos para lidar com a dependência e mudança de hábitos.
Algumas dicas importantes para parar de fumar: escolha uma data específica para ser o primeiro dia sem cigarro, cessando o uso na data marcada; repense sua rotina e busque atividades para quebrar a associação com o cigarro, evitando lugares ou situações que lembrem ou estimulem a vontade de fumar; preencha seu tempo com coisas que você goste de fazer, como caminhadas, esportes e atividades que cuidem do corpo e da mente; controle a alimentação e evite café ou bebidas alcoólicas; se sentir vontade de fumar, desvie o pensamento para situações boas vividas e lembre de coisas que te acalmem.
Caso necessite de ajuda, procure o apoio de uma equipe especializada, que geralmente conta com pneumologistas, psicólogos(as) e enfermeiros(as).
7. Quais são os benefícios para o corpo, assim que a pessoa para de fumar?
Ao parar de fumar, pouco tempo depois o corpo já percebe inúmeros benefícios, como normalização da pressão arterial e da frequência cardíaca, aumento do nível de oxigênio no sangue, melhora da respiração e do funcionamento dos pulmões e melhora do olfato e do paladar. A longo prazo, há diminuição do risco de morte por doenças causadas pelo cigarro, como infarto e derrame cerebral.
8. É possível compensar os danos causados pelo fumo?
Quanto maior o tempo de uso e a quantidade de cigarros, maiores e mais irreversíveis são as consequências. Portanto, a melhor forma de compensar os danos é parar de fumar. Mudanças de hábitos, atividades físicas e alimentação mais saudável são aliadas no processo de reparo. Por fim, o monitoramento da saúde, com exames regulares e preventivos, ajuda a detectar precocemente possíveis alterações causadas pelo cigarro.
Precisa de apoio para largar o cigarro?
Você não está sozinha (o). O Ministério da Saúde oferece o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, que disponibiliza atendimento gratuito em unidades do SUS de todo o país. Lá, você encontra acompanhamento com médicos, psicólogos e grupos de apoio. Para saber onde buscar ajuda, procure a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima ou ligue para o Disque Saúde 136.

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